A série de história da tecnologia volta para o outro lado do mundo. No mais novo capítulo, vamos conhecer uma marca que fez muito barulho em pouco tempo e ajudou a construir a indústria dos smartphones, mas hoje perdeu força e luta para sobreviver no mercado.
É a HTC, uma marca taiwanesa que inclusive teve representação durante vários anos no Brasil. Ela é mais conhecida pelos celulares modernos, mas já se arriscou em outros mercados e tem grande importância em outra história que já foi contada por aqui, a do Android. Quer saber o que aconteceu? Confira o vídeo e o artigo abaixo produzidos pelo TecMundo.
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Origem tímida
A HTC foi fundada em Taiwan, no ano de 1997, por HT Cho, Peter Chou e a filha de um dos homens mais ricos do país, Cher Mi Wang. Esse já é um diferencial positivo em relação a outras histórias, já que há uma mulher entre as sócias iniciais de uma marca.
A sigla significa High Tech Computer Corporation e começou com algumas ideias que não deram muito certo, além de fabricar aparelhos de forma licenciada para a Palm e a Microsoft. O primeiro produto dela mesma saiu em 97 e foi o HTC Kangaroo.
Ele era um dos poucos assistentes pessoais digitais sem fio da época e estreou o Windows CE, uma versão compacta do sistema da Microsoft.
O HTC Kangaroo
Já em 1998, saiu o primeiro notebook da série Achenza e mais alguns PCs da lendária Palm para o mercado asiático. Ela também começa a fabricar modelos do assistente pessoal iPAQ, da Compaq.
Os produtos tinham qualidade, mas eram sem qualquer destaque. Com a empresa quase falindo ainda no começo, a cofundadora Wang decide recomeçar, focar em um só mercado e aposta só em mobile. Não podia ter sido uma escolha melhor.
Um pequeno grande salto
Nesse começo, a HTC lançava aparelhos que juntavam telefone com funções de assistentes pessoais. Operadoras do mundo inteiro começaram a olhar com carinho para essa marca pequena que fabricava modelos bem interessantes para outras empresas.
Por isso, a gente dá um salto no tempo direto para 2004, quando começaram a aparecer alguns produtos de destaque. Um deles era o HTC Blue Angel, primeiro celular da marca com teclado físico deslizável, rodando Windows Mobile 2003.
Teve ainda o primeiro smartphone Windows com 3G, o HTC Universal.
E, abaixo, você vê um dos primeiros celulares funcionando totalmente via tela sensível ao toque, o HTC Touch.
HTC Touch
A Touch Diamond tinha um visual bem diferentão, mas ficou só nos mercados asiáticos.
O Diamond não fez tanto sucesso, mas tem uma aparência no mínimo peculiar
Ela comprou nesse mesmo ano a Dopod International, uma distribuidora mobile que era um nome forte no Oriente. Agora sim ela entra no jogo dos peixes grandes.
A era do Android
A HTC foi a fabricante do primeiro smartphone com Android do mercado. O nome dele era HTC Dream e ele saiu em setembro de 2008. Ele foi bastante elogiado pelo hardware e pelo design com teclado deslizável na horizontal. Por outro lado, o Android foi bastante criticado pela simplicidade, apesar de mostrar potencial.
Ele foi sucedido pelo HTC Magic, que era totalmente touchscreen, com tela de 3,2 polegadas e lançamento em 2009. Mas o grande nome desse ano foi o HTC Hero, que concorria com o primeiro Samsung Galaxy. Por incrível que pareça, ele foi o primeiro smartphone da empresa que teve uma entrada tradicional de fones de ouvido de 3,5 mm.
HTC Hero
Já em 2010 estreiou o Nexus One, primeiro da família Nexus da Google e com uma trackball de navegação. Mas seus principais destaques eram de interface, como navegação de voz para motoristas e transformar áudios em texto.
Nexus One
A HTC ainda começou a duradoura linha Desire no mesmo ano, aproveitando boa parte das funções e do hardware do Nexus One. Só que ele tinha algumas diferenças, como a interface da marca para Android, rádio FM e um trackpad para navegação. Por fim, saiu ainda o HTC Evo 4G, o primeiro aparelho com 4G dos Estados Unidos.
No auge
Nessa época, a HTC já era uma queridinha dos dois lados do mundo, sempre com smartphones cheios de diferenciais. E ela se tornou por pouco tempo a terceira maior fabricante de smartphones do mundo, passando a Nokia e só perdendo para Apple e Samsung.
A HTC focava muito em parcerias locais com operadoras, mas pouco em marketing, e logo despencou nessa guerra.
Em 2011, ela começou a desenvolver sistemas inteligentes para carros ao lado da taiwanesa Luxgen. Já em 2012, começou a linha HTC One com vários modelos, como o X, XL, XT, S e V. O X foi o primeiro quad-core da marca e deu início à linha mais famosa de toda a empresa. Essa marca foi reaproveitada em 2013, com o HTC One M7, primeiro com corpo metálico e que ganhou vários prêmios de melhor smartphone do ano.
Ele ainda estreou as tecnologia BoomSound com dois alto-falantes frontais e a câmera UltraPixel, além de ganhar versões Max e Mini. Nesse ano, a marca investiu pesado em publicidade e lançou uma campanha com ninguém menos que Robert Downey Jr.
O sucessor foi o HTC One M8. Ele tinha uma tela de 5 polegadas Full HD e uma câmera dupla na traseira, que era uma supernovidade.
Outros mercados
As boas notícias também surgiram fora do mercado. Em 2012, a HTC e a Apple acabaram uma guerra de patente de dois anos. Começou com a Maçã acusando a rival de plágio e depois se inverteu com a HTC a acusando de quebrar patentes. Elas fizeram um acordo de valores não divulgados, com dez anos de duração.
Para mostrar que ela não lança só telefone, saiu ainda em 2014 a câmera HTC RE. Ela parecia aqueles inaladores para quem tem asma, mas foi bastante elogiada na época pela simplicidade e pela leveza. Nesse ano, a HTC ainda fabricou o tablet Nexus 9 para Google.
E o mundo da realidade virtual foi balançado em 2015 pelo HTC Vive. Ele é o mais caro entre os dispositivos desse setor, mas é considerado também o mais completo e poderoso, com sensores precisos e um ótimo controle.
Difícil competição
Mas a linha HTC One continuou. O M9 não foi bem recebido por causa da falta de originalidade, então a empresa tentou ganhar de novo o mercado com o “premium de baixo custo” A9. Já o HTC 10 perdeu a letra “M” e foi o primeiro do mercado com estabilização óptica de imagem nas duas câmeras.
O U11 e o U11 Ultra de 2017 se destacam pela tecnologia edge sense, em que você “espreme” as laterais do celular para ativar certos comandos. A câmera também continua como um dos destaques.
A empresa ainda foi a responsável pela primeira geração de smartphones Pixel, embora essa parceria não seja divulgada pela Google. Fora dos smartphones, a pulseira fitness UA Band foi lançada em parceria com a Under Armour.
Em 2015, o CEO Peter Chou saiu do cargo para chefiar o laboratório da HTC para desenvolvimento de projetos do futuro.
Cher Wang é a atual CEO.
Cher Wang entrou em seu lugar e está no cargo até hoje. Já o outro sócio, o HT Cho, cuida da HTC Foundation, que é o braço filantrópico da empresa. É curioso como os três cofundadores foram os únicos CEOs da empresa até agora.
E por aqui?
E vale lembrar da atuação da empresa no Brasil! A empresa taiwanesa chegou ao país em 2007 e encerrou as atividades por aqui em 2012. Modelos com Android e Windows Phone fizeram um sucesso relativamente alto e criaram uma base fiel de fãs.
A carga tributária – sempre ela – e a baixa margem de lucro no país foram os principais motivos apontados, caso parecido com o da Xiaomi. Atualmente, só existe suporte para os consumidores que compraram aparelhos da marca aqui no Brasil. Eles não são mais tão vantajosos de importar e marcas como a OnePlus acabaram roubando o mercado.
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Se você quiser ver a história de outras empresas contadas aqui no TecMundo, é só deixar a sugestão nos comentários. Confira abaixo as que já apareceram neste quadro:
- A história do iPod
- A história da Nokia
- A história da Motorola
- A história da Samsung
- A história do mouse
- A história da Sony
- A história da BlackBerry
- A história da Yahoo!
- A história da Xiaomi
- A história da LG
- A história da Microsoft
- A história da Dell
- A história da Netflix
- A história do YouTube
- A história da Positivo
- A história da Huawei
- A história da Amazon
- A história da HP
- A história da Lenovo
- A história da ASUS
- A história do Android
- A história do Twitter
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