Neste capítulo da série de história da tecnologia, chegou a hora de desembarcar nos Estados Unidos, em uma época bem antes do Vale do Silício explodir. É nesse contexto que surge a Hewlett-Packard, ou HP, uma das grandes marcas de eletrônicos de todo o mundo em vários segmentos.
A seguir, conheça a trajetória dessa marca e as principais curiosidades em torno da companhia.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
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De onde veio o nome?
A HP começa em 1938 com a amizade entre os engenheiros William Hewlett e David Packard. Encorajados por um professor e com pouco mais de 500 dólares no bolso, eles começam uma pequena empresa em uma garagem minúscula em Palo Alto, na Califórnia, região que é praticamente o coração do Vale do Silício — só que bem antes de ele existir.
Eles estreiam com um oscilador de áudio para testar equipamentos de som que fez sucesso na região e teve até a Disney como cliente. Porém, o nome HP e a formalização da empresa só veio em 1939. Mas como Hewlett e Packard decidiram qual nome viria antes do outro?
Reza a lenda que eles jogaram uma moeda para saber e, no fim das contas, a empresa virou HP em vez de PH. Bem melhor, não é?
A primeira "sede" da HP foi essa garagem, que permanece intacta até hoje
Em 1940, a HP dobra o número de funcionários — ou seja, vai para quatro colaboradores. Eles então se mudam da garagem para um galpão maior. Esse lugar original é considerado o berço do Vale do Silício e está preservado até hoje, inclusive com algumas ferramentas originais. Infelizmente, ela não é aberta ao público.
Em busca de expansão, a empresa encara um obstáculo chamado Segunda Guerra Mundial: Bill vai servir no exército até 1947 e Dave fica sozinho no comando por seis anos. Quando o primeiro retorna, o pequeno negócio vira uma corporação, com Dave na presidência e Bill de vice.
O produto que marca a estreia da HP no mercado
Nesse tempo, a empresa continua no campo de áudio, mas também faz radares e até componentes para armas. Em 1957, vem a oferta pública de ações e uma nova casa no Stanford Research Park. Dois anos depois, começa a expansão internacional, e a HP diversifica ainda mais os produtos. Nessa época, saem equipamentos médicos e até relógios atômicos superprecisos.
Tudo calculado
Tá achando meio estranha a história até agora? É que a HP por trinta anos lançou aparelhos mais técnicos e específicos para engenheiros ou empresas. Na década de 1960, ela entra no mercado consumidor para nunca mais sair.
Em 1968, sai a HP 9100A. Ela é a primeira calculadora científica de mesa programável. A empresa praticamente cria o mercado de fazer contas mais rápido e esse modelo foi chamado de "computador pessoal", mesmo não sendo um. A HP-35, de 1972, foi o primeiro modelo de mão. Já em 81, a HP-12C vira o padrão do mundo financeiro e é vendida até hoje.
O clássico modelo de calculadoras da HP
Dois anos antes, ela cria alguns dos primeiros LEDs do mercado para sinais de trânsito e outros indicadores.
Mudanças e novidades
No fim da década de 1960, Dave é quem se ausenta para virar o Subsecretário de Defesa dos EUA até 1972. Bill fica até 1978 no comando, quando se aposenta e dá lugar a John Young. Ele é o primeiro a comandar a HP sem ser da dupla original.
Nessa época, a HP pesquisa técnicas de fabricação a laser para chips e lança o HP 3000, que lida com distribuição de dados e pesquisas.
E sabe os smartwatches? Em 1977, a empresa lançou um dispositivo chamado HP-01, um relógio de pulso com tecladinho e que tinha calculadora e calendário. Ele não foi um sucesso, mas com certeza estava à frente do seu tempo.
O "smartwatch" da HP, lançado bem antes desses modelos bombarem no mercado
O primeiro computador é de 1980, o HP-85. Ele era poderoso e suportava mais periféricos que os rivais. Já o primeiro de mão foi o HP-75, que tinha até alarme e editor de texto, igual aos palmtops de 10 anos depois.
E as inovações da HP nessa década não param. Ela lançou um desktop para cuidar de servidores, um PC com touchscreen e a arquitetura RISC para processadores.
Impresso na história
A gente entende: se você fala em HP, é bem provável que venha na sua cabeça as impressoras da marca. A HP não inventou a impressora de jato de tinta nem a laser, mas com certeza foi essencial para a popularização dos dois modelos.
O grande trunfo foi a impressora ThinkJet, que era menor, mais silenciosa e mais econômica que as concorrentes em 1984. A DeskJet e a LaserJet também revolucionaram, sendo que essa última talvez seja o produto mais bem-sucedido da história da marca.
Um dos modelos jurássicos da ThinkJet
A HP investiu muito em pesquisa nessa área. Como resultado, em 1991 sai a DeskJet 500C, com custo muito menor para impressões coloridas.
A 500C foi uma revolução no mercado de impressoras e alavancou a HP na área
Em 1994, sai a OfficeJet, a primeira "tudo em um" comercial, que era impressora, máquina de fax e copiadora em uma só máquina.
Expandindo os braços
Nos anos 90, a HP expande a linha de produtos. Claro que ela continua lançando impressoras e calculadoras até hoje, mas adota novos mercados e faz apostas mais ousadas nos negócios.
Em 1993, por exemplo, sai o Omnibook 300, um PC superportátil com bateria de ótimas 5 horas de duração. Já a estreia no mercado de PCs para o consumidor comum foi em 1995, com o início da série Pavilion. Essa linha continua até hoje, com desktops, notebooks e modelos tudo em um.
O Omnibook 300
A partir de 2007, começam a ser lançados os aparelhos TouchSmart de modelos tudo-em-um. Já a família Envy de notebooks e ultrabooks vem em 2009.
Na área de games, ela se destaca atualmente pela linha OMEN de desktops e notebooks de alto desempenho, sem contar aquele PC que vira uma mochila e é destinado para consumo de conteúdos de realidade virtual.
Separações e incorporações
As apostas de mercado começam em 2000, com uma separação. Todos os produtos da HP que não são do mercado de PCs, impressoras ou mobile se transformam em uma empresa chamada Agilent. Isso inclui os serviços médicos, de energia e pesquisa em laboratórios.
A HP faz a sua compra mais relevante em 2002. Ela incorpora a famosa Compaq e alcança 1 bilhão de pessoas com seus produtos. Ela ainda vai adquirir a EDS em 2008, ganhando um catálogo de serviços de TI, e a 3com, fabricante de equipamentos de rede. Também não dá para deixar de fora a aquisição da lendária Palm em 2010 por 1,2 bilhão de dólares.
A partir de 2010, começa uma queda livre, com muitas demissões, trocas de comando e dificuldades de se estabelecer em alguns mercados.
Para reformular e retomar os rumos, a HP anuncia uma divisão em 2014. A Hewlett Packard Enterprise, ou HPE, fica com os negócios de infraestrutura, software e serviços empresariais. Já a HP Inc. tem os produtos de impressão e outros sistemas voltados ao consumidor.
Gerência representada
E vale destacar que a HP teve duas mulheres como CEO, em uma época em que elas não figuravam muito no principal cargo de grandes marcas da tecnologia. Primeiro foi Carly Fiorina, de 1999 até 2005.
Carly Fiorina em palestra na HP
Ela foi bastante elogiada pelas aquisições, mas muito criticada por dezenas de milhares de demissões para salvar mais empregos. Por não atingir as expectativas dos acionistas, ela foi demitida.
Meg Whitman, atual CEO da HP
A outra é Meg Whitman, que ainda está no comando desde que assumiu o cargo em 2011 e pegou a empresa em uma situação mais delicada.
Esse é melhor até esquecer
E a gente tem que falar de um deslize. O principal é o WebOS, sistema operacional que veio com a Palm. A HP anunciou em 2011 o tablet TouchPad com ele e foi um erro atrás do outro. Ele demorou para sair, o desempenho não era tão bom e aí encalhou nas lojas.
O HP TouchPad, hoje uma raridade
A produção do aparelho e o desenvolvimento do próprio WebOS não duraram muito. O segmento foi encerrado em dois meses, com o sistema sendo vendido para a LG em 2013. Ele foi bastante remodelado e otimizado para ser usado em smart TVs.
A HP se aventurou nos smartphones de forma tímida — e não dá para dizer que ela se arrepende, mas isso pode fazer falta para a marca hoje em dia.
O modelo X3 Elite é um dos últimos suspiros da HP na área
Dá para destacar a variada linha iPAQ e também o HP Falcon. Mais recentemente ela apostou na família Slate de tablets e no HP Elite X3, um aparelho de 6 polegadas com Windows 10 Mobile lançado no fim de 2016.
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A empresa hoje atua em diversas áreas, principalmente por causa das compras bastante variadas. E claro que ela ainda vende impressoras, scanners, calculadoras, câmeras digitais e PCs. É muito modelo, então não dá para falar de cada um em específico.
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