Review: Vi PhoneStation Meizu MX4

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Prós
  • Muitos acessórios incomuns
  • Tenta ser mais que um smartphone
  • Qualidade de construção
  • Tela muito bonita com bordas finíssimas
  • Câmeras de boa qualidade
Contras
  • Design muito similar ao dos iPhones
  • Desempenho aquém do esperado para a faixa de preço
  • Flyme OS muito inferior ao Android tradicional
  • Bateria com baixa autonomia
  • Acessórios com funcionamento ruim

Os smartphones da chinesa Meizu têm chamado atenção dos brasileiros há um bom tempo. A marca sempre passou a impressão de fabricar aparelhos potentes, de boa qualidade e ainda muito bonitos. Agora, o primeiro deles chegou ao Brasil, mas com um preço bem acima do esperado.

Isso aconteceu porque a responsável pela vinda do produto ao Brasil embarcou uma série de acessórios que pretendem tornar o smartphone uma verdadeira estação de trabalho. Há um teclado a laser que também serve como power bank, um adaptador Miracast para replicar a tela do celular em uma TV ou monitor e um “pendrive sem fio” para aumentar a capacidade de armazenamento do dispositivo.

Todos esses itens, combinados às taxas de importação, tornaram o “Vi PhoneStation Meizu MX4” um conjunto que custa R$ 2,9 mil. Será que a vale a pena pagar toda essa grana para ter esse dispositivo?

Design

O Meizu MX4 não é um aparelho exatamente novo, e, por isso, você já deve ter visto ele por aqui no TecMundo em alguma notícia. Trata-se de um smartphone que tem uma aparência bastante similar à dos iPhones, da Apple.

A parte frontal é a que mais evidencia essa semelhança, com seu formato e recortes. Vale notar a presença de um solitário botão home no fundo, que também remete ao botão central dos iPhones, mas que é um tanto diferente, sendo iluminado e capacitivo.

As laterais são feitas de um metal bem rígido, e a textura da pintura passa uma sensação de alta qualidade quando você segura o aparelho. Essa característica, entretanto, contrasta muito com a tampa traseira, que é feita em plástico e pode ser removida para realizar a troca de chip SIM. Note que não há espaço para cartões de memória no MX4.

No que diz respeito à construção geral do aparelho, podemos afirmar que ela é de muito boa qualidade. A única ressalva que temos é em relação ao encaixe da tampa traseira.

Ela deixa pequenas bordas bem afiadas para fora do corpo do dispositivo, o que pode ser incômodo para as mãos. Isso também nos preocupa quanto à durabilidade, já que essas saliências podem ficar marcadas com o tempo, deixando o smartphone feio. Por isso, o uso de uma capa protetora é praticamente obrigatório.

Desempenho

O Meizu MX4 tem hardware para bater de frente com praticamente qualquer top de linha de 2014 ou do início de 2015. Contudo, como ele está chegando por aqui somente agora, seus concorrentes estão começando a deixá-lo para trás. Isso se reflete nos testes de benchmarks, mas não compromete o uso cotidiano, uma vez que os games mais pesados da Google Play conseguem rodar com tranquilidade nesse smartphone.

Fizemos testes com Need For Speed: Most Wanted e Modern Combat 4 e não experimentamos qualquer momento de lentidão ou travamentos. Contudo, notamos também que o dispositivo esquenta significativamente. Apesar disso, tudo roda de maneira “lisa” o tempo todo.

O que pode incomodar um pouco são as falhas de continuidade nas transições ou no carregamento de apps com muito conteúdo. Enfrentamos essas dificuldades no carregamento das telas iniciais do Netflix, do YouTube e até do TecMundo.

O primeiro inclusive não conseguia executar determinado filme depois que você dava uma pausa e tentava retomar. Não ficou claro em nossos testes que problema estava causando essas inconsistências, mas elas não se repetiram muitas vezes.

O MX4 tem um processador octa-core com quatro núcleos ARM de 2,2 GHz e mais quatro de 1,7 GHz. Temos ainda 2 GB de RAM e uma GPU PowerVR G6200. Confira como ele se saiu com isso nos testes de benchmark.

Benchmarks

Para a realização desta análise, submetemos o Meizu MX4 a cinco aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 5, Basemark X, GFX Bench (T-Rex HD Off Screen e T-Rex HD On Screen) e Vellamo Mobile Benchmark (HTML5 e Metal).

O modelo que recebemos para testes foi um single-chip com conectividade 4G e 32 GB de espaço de armazenamento nativo.

3D Mark (Ice Storm Unlimited)

O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

AnTuTu Benchmark 5

Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 4 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Basemark X

O Basemark X tem como foco principal mensurar a qualidade gráfica dos dispositivos. Baseado na engine Unity 4, o app aplica testes de alta densidade, mostrando qual dos aparelhos se sai melhor na execução de jogos. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

GFX Bench (T-Rex HD)

O GFX Bench é voltado para mensurar a qualidade gráfica. Isso inclui itens como estabilidade de desempenho, qualidade de renderização e consumo de energia. Os resultados são revelados em média de frames por segundo (fps). Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Vellamo Mobile Benchmark

O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes no aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do celular no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Tela

O display de 5,36’’ e 417 ppi do MX4 poderia ser considerado o melhor ponto do smartphone se não fosse o formato pouco comum 5/3. O lado bom é que ele ganhou uma resolução de 1920x1152, o que é um pouco superior à Full HD tradicional, mas também existe um problema: bordas pretas aparecem nas laterais sempre que você vai assistir a um vídeo em tela cheia, e até alguns apps de formato não responsivo sofrem com isso. A ergonomia também é comprometida, já que o aparelho fica mais largo.

O ponto positivo é o fato de a moldura da tela ser extremamente fina nas laterais. Você praticamente não vê a presença delas ali no dia a dia, e, se a tela tivesse um formato mais tradicional, assistir a filmes e vídeos seria uma experiência muito imersiva.

Mesmo com essas dificuldades inerentes ao formato, o display em si tem uma ótima qualidade. A reprodução das cores é muito precisa e equilibrada, mostrando tudo com muita naturalidade. A saturação está no ponto certo, o que faz com que você tenha brancos bem brancos e pretos tão pretos quanto é possível para uma tela IPS. Se tivéssemos um AMOLED por aqui, ela seria praticamente perfeita.

Vale destacar também que os níveis de brilho são bastante satisfatórios para a maior parte das situações de uso em ambientes externos.

Interface

Para se destacar no saturado mercado de aparelhos Android da China, a Meizu resolveu criar sua própria concepção do Robô. O resultado foi o Flyme OS, uma versão do SO da Google bastante simplificada e com interface muito similar à do iOS da Apple.

Apesar de similar estruturalmente ao iOS, o Flyme OS tem um design bem próprio, com esquema de cores e apps originais até certo ponto. Os botões de navegação para voltar e para alternar entre apps abertos foram simplesmente eliminados, e só o home foi mantido como um botão capacitivo.

Não podemos dizer que essa foi uma sábia decisão, uma vez que praticamente todos os apps da Google Play são desenvolvidos com esses comandos em mente e suas interfaces dependem deles para funcionar. A Meizu então precisou incluir no software um botão de voltar que só aparece quando você abre um app que precisa dele, mas nem sempre fica acessível quando é necessário.

Se você acessar em tela cheia uma galeria de imagens ou tocar um vídeo em algum app que não tenha o seu próprio botão de voltar em algum lugar, será muito difícil acessar a tela anterior sem sair do app com o botão home e recarregá-lo novamente. Isso aconteceu muito em apps de notícias e de vídeos, mas o YouTube se safa, já que ele sai do modo tela cheia automaticamente quando você vira o aparelho para a vertical.

Fora esse problema estrutural, encontramos ainda um bocado de configurações escondidas que tornaram o uso do MX4 bastante complicado de início. Os gestos na tela bloqueada, por exemplo, estão desativados por padrão, e você tem que apertar o botão power, que fica no topo do aparelho, para usá-lo. Isso está longe de ser o ideal para um smartphone grande.

Quando ativados, esses gestos permitem acordar o smartphone com um toque duplo e ainda é possível abrir apps específicos desenhando determinadas letras na tela apagada. Se você segurar o botão home, o aparelho é bloqueado imediatamente. Com tudo isso, o power nunca precisa ser alcançado.

Por fim, devemos comentar sobre a falta de apps pré-instalados. Você pode achar isso é uma besteira, uma vez sempre criticamos marcas como a Samsung por fazer exatamente o oposto. O problema é que a Meizu manda menos apps que o essencial e você tem que se preocupar em baixar itens que nunca precisou instalar antes no Android, como YouTube, Google Search, leitores de arquivos do Office, de PDF, o Google Play Services, o Google Play Games, etc.

Isso não chega a ser uma dificuldade real, mas você só vai lembrar que precisa desses apps quando realmente quiser usá-los e não encontrá-los em seu aparelho. Se você não tiver com uma conexão WiFi disponível nesse momento, o jeito será deixar para depois ou baixar no 4G mesmo.

Câmeras

Tecnicamente, a câmera de 20,7 MP do MX4 é bem poderosa. Em condições normais de iluminação e movimento, ela consegue fazer ótimas fotos, trazendo cores vivas e muito nítidas. Mas, para conseguir isso, você tem que ter paciência para lidar com o foco lento. O equilíbrio de luz em cenas mais desafiadoras também é bem problemático.

Se você estiver em uma situação controlada, em que é há tempo para brincar com a câmera, há várias opções de personalização, como os modos de captura — que podem ser alternados arrastando o dedo de um lado para o outro na tela — e alguns melhoramentos, como HDR e filtros.

O software da câmera oferece uma experiência geral muito simples e intuitiva. Apesar disso, a velocidade de captura é muito baixa. Se você estiver querendo fazer aquela foto “urgente” de algo que está acontecendo apenas naquele momento, há muitas chances de não obter sucesso.

Em ambientes noturnos, a câmera até consegue funcionar bem, mas a qualidade cai bastante. O sensor de selfies tem apenas 2 MP, e os resultados são normalmente muito ruins. Por outro lado, o dispositivo consegue gravar vídeos com qualidade com a câmera principal e pode capturar até em 4K, mas sem câmera lenta.

Bateria

Este smartphone tem uma autonomia de bateria bem mediana. Não é muito difícil ficar sem carga antes do fim do dia com uso moderado, capturando algumas fotos, usando mensageiros e apps de redes sociais. Se você jogar games mais pesados e ficar com o telefone muito tempo na mão, a bateria não vai durar muitas horas.

O lado bom é que o teclado a laser “Vi Station” funciona como uma bateria extra, e, se você estiver disposto a carregá-lo pra lá e pra cá, pode melhorar sua autonomia em pelo menos 50%.

Nós conseguimos esgotar toda a carga do MX4 com apenas 3 horas e 50 minutos de execução de vídeo com WiFi ligado e brilho da tela no máximo. Essa marca não é péssima, mas o aparelho tem uma bateria de 3.100 mAh que deveria durar muito mais.

Acessórios

Quando você recebe o Vi PhoneStation, o pacote traz o smartphone Meizu MX4 e mais três acessórios importantes: Vi Cast, Vi Drive e Vi Center. Esses são os principais itens do pacote — além do smartphone, claramente — e pretendem criar uma verdadeira estação de trabalho.

O Vi Cast é um dispositivo Miracast para replicar a tela do celular em uma TV ou monitor. Ele vem com um cabo HDMI de uns 10 centímetros e ainda tem uma saída de som exclusiva, caso você não queria enviar o áudio direto no HDMI.

Já o Vi Drive é uma espécie de “pendrive wireless” que se conecta ao smartphone por WiFi. É preciso baixar este aplicativo na Google Play, se certificar de que o cartão micro SD está plugado ao Vi Drive e ligá-lo em alguma fonte de energia USB, que pode ser o próximo acessório.

Por fim, o mais interessante dos três é o Vi Center. Ele pode ser usando como um power bank para carregar a bateria do celular quando não há uma tomada por perto, mas também funciona como um “teclado a laser”.

As teclas são projetadas na sua mesa, e a conexão é feita por Bluetooth. Ele ainda permite arrastar o dedo como se você estivesse usando um touchpad gigante, mas os resultados não são muito satisfatórios. A precisão tanto no modo teclado quanto no modo mouse é bem ruim e só atrapalha a usabilidade em vez de ajudar.

Som

O MX4 tem um alto-falante estéreo único na parte de baixo que consegue reproduzir com qualidade aceitável e um bom nível de volume, mas não espere nada excelente. É fácil também tapar os orifícios com os dedos e deixar o aparelho praticamente mudo.

Os fones de ouvido, por sua vez, são bons e vêm em uma bela embalagem, que pode ser usada para transportá-los e evitar enrolamento. Eles têm boa qualidade de construção e lembram um pouco o visual dos fones que acompanham os produtos da Apple. Por outro lado, possuem um aspecto um pouco frágil, e é melhor cuidar deles com carinho para não estragar.

Vale a pena?

Apesar de oferecer muitas possibilidades, o pacote Vi PhoneStation não consegue entregar uma experiência condizente com o preço. O teclado a laser é muito ruim e não permite a você digitar uma linha sequer sem ficar completamente frustrado. O lado bom é que ele pode ser usado como uma bateria portátil.

O Vi Cast até funciona sem maiores problemas, mas há um atraso significativo na transmissão das imagens. O único que tem um desempenho adequado é o Vi Drive.

O Meizu MX4 em si tinha tudo para ser um ótimo smartphone, mas, como Flyme OS é uma personalização muito inferior ao Android tradicional, o aparelho como um todo acaba ficando aquém das expectativas. O software traz menos funcionalidade, menos intuitividade e ainda vem com vários bugs irritantes. O único ponto positivo do sistema é o visual da interface, que é bem elegante.

No exterior, o smartphone sozinho custa cerca de mil reais, mas, no Brasil, ele só é vendido dentro desse pacote com vários acessórios por R$ 2,9 mil. Em contrapartida, aparelhos mais baratos, como o Moto X Style e Zenfone 2, conseguem entregar uma experiência geral bem melhor. Portanto, não vale a pena fazer a compra do Vi PhoneStation com o Meizu MX4 a não ser que o preço fique muito mais baixo.

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