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Já aconteceu de você estar ocupado com alguma coisa e, quando se dá conta, já se passou uma hora inteira, mas você continua com a sensação de que foram apenas alguns minutinhos? Na verdade, são essas pequenas distorções na forma como percebemos o tempo que nos fazem estar sempre atrasados ou correndo.
De acordo com Annalee Newitz, do site io9, isso ocorre porque o nosso cérebro é a pior ferramenta com a qual podemos contar na hora de medir o tempo. Newitz, que vive atrasada, resolveu pesquisar e conversar com alguns neurocientistas para entender a razão disso.
Tempo objetivo x tempo relativo
Quando observamos os minutos passando em um relógio, estamos percebendo o tempo de forma objetiva, com segundos que somam minutos, minutos que somam horas, e assim por diante. Entretanto, o nosso cérebro percebe o tempo de forma relativa, medindo a sua passagem com base em nossos relógios biológicos.
Assim, andamos por aí com uma percepção de tempo subjetiva, quando, em termos reais, o tempo passa de forma objetiva. Segundo Newitz, os cientistas acreditam que o cérebro mede o tempo na forma de pulsos, espécies de pontinhos que vão se acumulando e sendo armazenados em nossa memória na forma de intervalos de tempo.
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Acontece que muitos fatores — como o uso de drogas, nosso “chutômetro” ou até mesmo a atenção que dedicamos a alguma coisa — podem influenciar a nossa percepção do tempo, acelerando ou diminuindo a sua passagem.
Dessa forma, quando o nosso cérebro precisa fazer uma estimativa de quanto tempo vamos gastar na realização determinada tarefa, ele escolhe, de forma aleatória, uma das muitas memórias relacionadas à ação. Geralmente, essa escolha é relativamente precisa. Entretanto, quando não é, acabamos perdendo a noção do tempo.
Mais de uma coisa ao mesmo tempo
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De acordo com os neurocientistas, todos nós contamos com pelo menos dois relógios biológicos, um baseado em nossas experiências — conforme explicado acima — e outro baseado no ritmo circadiano, ou seja, aquele reloginho que nos diz a que horas devemos dormir, comer ou acordar. Aliás, este é o mais importante de todos os nossos relógios biológicos e está presente na grande maioria dos seres vivos.
Portanto, somos capazes de controlar vários relógios internos ao mesmo tempo — você, leitor, agora mesmo está controlando pelo menos três deles: o circadiano, um que está calculando quanto tempo você levará para ler este artigo e um terceiro, estimando quanto tempo falta para a sua próxima refeição, por exemplo — um para cada ação que estejamos realizando.
E mais: esses muitos reloginhos fazem parte das mesmas redes neurais que nos ajudam a coordenar e planejar os nossos movimentos físicos, ou seja, nossas habilidades de perceber o tempo e reagir às diferentes atividades estão intimamente relacionadas.
Tome um café e veja o tempo voar
Como mencionado anteriormente, algumas substâncias também podem influenciar a forma como percebemos a passagem do tempo, interferindo na maneira como o cérebro acessa as memórias na hora de estimar o tempo. Assim, quando tomamos muito café, por exemplo, que é um estimulante, percebemos a passagem do tempo como sendo mais rápida.
Isso nos leva a armazenar memórias mais rapidamente, além de fazer com que tenhamos mais facilidade para lembrar coisas. Ao contrário, substâncias calmantes fazem com que o nosso cérebro diminua o ritmo, fazendo com que percebamos a passagem do tempo de maneira mais lenta, além de armazenar menos memórias.
Por que perdemos a noção do tempo dependendo do que estamos fazendo?
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De acordo com os neurocientistas, quando estamos envolvidos em algo que requer nossa total atenção — um filme emocionante, um encontro romântico ou um artigo interessante, por exemplo —, temos a sensação de que o tempo voa, precisamente porque não estamos atentos a ele.
Contudo, se você nunca mais quiser perder a noção do tempo, a solução é bem simples: basta adicionar à sua coleção de reloginhos internos um que foi projetado especialmente para este fim, ou seja, o bom e velho relógio objetivo.
Seja ele de pulso, parede ou até um programinha de computador, ele poderá dizer a você as horas de forma precisa, além de ajudar o seu cérebro a corrigir as pequenas distorções que criamos na hora de estimar quanto tempo vamos gastar fazendo o quê.
Fontes: PLoS One, io9 e Universidade de Münster
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