Apesar da quantidade de pessoas que perdem a vida diariamente no mundo, órgãos aptos para serem usados em transplantes são difíceis de conseguir, porque só podem ser extraídos de pacientes que tenham sofrido morte cerebral. Os órgãos de pessoas que morreram por causa de acidentes ou outras causas normalmente se deterioram muito rapidamente, devido à falta de oxigenação dos tecidos.
Contudo, isso pode mudar em breve, pelo menos quando falamos em corações para transplante. A companhia Transmedics, especializada em tecnologia médica, desenvolveu um sistema que mantém o coração batendo mesmo fora do corpo humano. Chamado apenas de “coração na caixa”, o dispositivo bombeia continuamente sangue e eletrólitos para dentro do órgão, o que mantém os tecidos saudáveis por mais tempo, aumentando sua viabilidade.
Até agora a tecnologia já foi usada na realização de pelo menos 15 transplantes bem sucedidos no Reino Unido e Austrália, segundo o relato do site MIT Technology Review. No entanto, apesar de a empresa ser sediada no estado americano de Massachussets, as entidades regulatórias dos Estados Unidos ainda discutem se o uso do sistema não fere a ética médica daquele país.
"Coração na caixa" em ação - Imagem: Transmedics
Especialistas em ética debatem sobre o quanto os cirurgiões devem esperar antes de remover um coração que tenha parado de bater. Segundo Robert Truog, um eticista da Universidade de Harvard, isso tende a ser ignorado porque o doador já está tecnicamente morto, e a prioridade passa imediatamente a ser o receptor. A decisão final, entretanto, normalmente deve vir da família da pessoa que faleceu.
A preocupação seria saber se, ao apressar a coleta dos órgãos, isso não estaria tirando as chances de o doador poder se recuperar ou se não estaria sendo machucado, mas para o especialista em ética, esse não é o caso. O valor da tecnologia também tem sido debatido, uma vez que cada dispositivo custa US$ 250 mil (cerca de R$ 905 mil) e ainda não é automatizado o suficiente. Se o sistema for regulado, a estimativa é de que o número de doadores aptos aumente entre 15 e 30%.
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