Ao contrário do que aconteceu no polêmico caso envolvendo Martin Shkreli – que aumentou o preço de um remédio usado no combate ao HIV em mais de 5.000% –, muitos figurões do mundo da tecnologia dedicam parte da sua fortuna a fazer o bem. Depois das diversas ações de caridade de Bill Gates e da inclusão digital iniciada por Mark Zuckerberg, agora é a vez de o antigo fundador do Napster se envolver com a temática, financiando novas tecnologias para ajudar no tratamento do câncer.
Sean Parker, criador do serviço de compartilhamento de músicas, primeiro presidente do Facebook e dono de uma fortuna avaliada em US$ 2,4 bilhões (cerca de R$ 8,1 bilhões), resolveu presentar seis fundos de pesquisa com US$ 250 milhões (R$ 849 milhões) cada para ajudar no desenvolvimento de uma série de melhorias no campo da saúde. Um deles, sediado na Universidade da Pensilvânia, aposta em uma técnica bastante interessante para tentar vencer mielomas, melanomas e sarcomas: a edição de genes humanos.
Esses elementos do corpo humano podem ser considerados como computadores em miniatura, prontos para serem reprogramados
A tecnologia, que recebe o nome de CRISPR, anda bastante em alta nesse meio e propõe que os cientistas modifiquem as células T do sistema imunológico dos usuários para que elas ataquem o tecido afetado pela doença. De acordo com Parker, que tem no seu currículo alguns trabalhos como “hacker”, esses elementos do corpo humano podem ser considerados como computadores em miniatura, prontos para serem reprogramados e atenderem às necessidades de pessoas afetadas pela leucemia, por exemplo.
No caso específico do estudo feito pela universidade norte-americana, a ideia é que uma proposta de projeto seja apresentada ainda nesta semana, podendo levar a testes clínicos feitos em 15 pacientes espalhados por três centros de tratamento nos EUA. Como a pesquisa é a primeira do seu tipo e envolve um procedimento bastante complexo, já que trabalha com a eliminação completa das células T antes de substituí-las por suas versões editadas, não há garantias de que a empreitada receberá o sinal verde para seguir em frente.
Compartilhando tudo
O mais interessante é que, mesmo que esse e outros projetos custeados pelo bilionário já estejam patenteados ou a caminho de serem registrados, todo o material deve ser disponibilizado livremente para outros pesquisadores. “E se nós tivéssemos um sistema em que toda essa propriedade intelectual pudesse ser compartilhada entre os cientistas?”, questionou Parker em uma entrevista à NBC em maio deste ano. Resta aguardar pelo sucesso dos testes e torcer para que outros magnatas invistam em iniciativas parecidas.
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