No final de fevereiro (durante a MWC 2016), a LG se tornou o centro das atenções dos consumidores de todo o mundo ao mostrar o seu novo smartphone top de linha. Estamos falando do LG G5, que surgiu no mercado com design modular, hardware de ponta e recursos impressionantes, tudo para tentar conquistar o posto de melhor smartphone Android — algo que a empresa conseguiu com o G2, anos atrás.
Logo após essa revelação, começou a ser especulado que o modelo que viria ao Brasil seria um pouco menos poderoso — tendo o hardware mais limitado. Alguns meses depois, a companhia apresentou o LG G5 SE e confirmou as suspeitas. Você sabe quais são as diferenças entre os dois modelos?
É justamente sobre isso que vamos falar hoje. E em vez de apenas falar sobre o que todo mundo já sabe — ou seja, apenas especificações —, vamos tentar mostrar também como isso impacta diretamente no desempenho dos aparelhos. Quer saber mais? Então confira o nosso artigo agora mesmo!
O que eles têm em comum?
Antes de falar sobre as diferenças, vamos ver o que os dois dispositivos trazem em comum. Eles possuem o mesmo design (apesar de leves diferenças nas dimensões), ambos equipados com tela IPS LCD de 5,3 polegadas e resolução de 2560x1440 pixels.
Na parte traseira, eles surgem com sensor de impressão digital para o desbloqueio rápido da tela e ainda contam com câmera dupla — lembrando que elas trazem estabilização óptica, gravação de vídeos em 4K, foco automático por laser e até 16 megapixels de resolução em fotografias.
Outra similaridade está na memória interna, pois as duas versões chegam ao mercado com 32 GB de capacidade para a instalação de apps e armazenamento de arquivos. Por fim, a bateria tem 2.800 mAh nos dois modelos. Quanto ao design modular e às possibilidades de adequação de funcionalidades, também temos os mesmos resultados.
O que muda?
As duas diferenças principais entre os smartphones estão justamente na dupla que mais faz diferença no desempenho dos aparelhos: chipset (com destaque para CPU e GPU) e memória RAM. Pois é, enquanto o modelo internacional conta com processador Snapdragon 820 e 4 GB de RAM; o modelo que veio ao Brasil (SE) aparece com chip Snapdragon 652.
Apesar de os dois chipsets serem multi-core, eles possuem diferenças de clock máximo para o processamento — tanto em funções de alto desempenho quanto em outras mais básicas.
CPU: não é só no clock
É claro que a primeira coisa que analisamos ao ver dois processadores distintos é o clock máximo que eles oferecem. No caso dos chipsets usados nos LG G5 e LG G5 SE, isso é representado pelos 2,2 GHZ do Snapdragon 820 e pelo 1,8 GHz do 652. Mas há muito mais para ser analisado — principalmente pelo fato de o 820 ser o top de linha da Qualcomm. Confira as comparações logo abaixo:
Snapdragon 820
O processador usado no LG G5 internacional conta com apenas quatro núcleos Kryo, sendo dois deles destinados às funcionalidades mais exigentes (com até 2,2 GHz) e outros dois a funcionalidades básicas (com até 1,6 GHZ). Todos os quatro núcleos usam arquitetura Kryo — com 64 bits e sistema de gerenciamento Qualcomm Symphony para controlar recursos e energia de todo o componente.
Além disso, os processos são de apenas 14 nanômetros e o chipset ainda oferece muito mais recursos de memória. Ele traz suporte para módulos LPDDR4 (1.866 MHz) com até 28,8 GB/s de largura de banda.
Snapdragon 652
O processador usado no LG G5 SE tem oito núcleos, sendo quatro deles ARM Cortex A72 com até 1,8 GHz e quatro ARM Cortex A53 com até 1,4 GHz. Eles não trazem os mesmos recursos de economia de energia do 820, por isso podem resultar em menos autonomia de bateria para os aparelhos — algo que ainda não observamos na prática.
Por fim, os processos deste processador são de 28 nanômetros e a largura de banda traz suporte para apenas 14,9 GB/s. Vale dizer ainda que o Snapdragon 652 ainda é limitado aos módulos LPDDR3 e a frequência máxima suportada é de 933 MHz.
No ranking do AnTuTu
Um dos serviços de benchmark mais respeitados do mundo é o AnTuTu e ele mostra grandes diferenças nos resultados dos dois modelos apresentados aqui. O Qualcomm Snapdragon 820 chegou à incrível marca de 136.383 pontos nos testes, ficando no topo do pódio e um pouco acima do Apple A9. Já o Snapdragon 652 conseguiu 79.636 pontos.
Processamento gráfico: grandes diferenças
Além disso, os chips gráficos também apresentam resultados bastante diferentes. Quando analisamos o clock de processamento gráfico de cada um deles, já podemos perceber a superioridade do “irmão maior”. Pois é: o Adreno 530 (Snapdragon 820; LG G5) conta clock máximo de 624 MHz; já o Adreno 510 (Snapdragon 652; LG G5 SE) traz apenas 550 MHz. Parece pouca diferença? Mas veja o que ela faz!
De acordo com a AnTuTu, nenhum modelo disponível atualmente no mercado consegue oferecer desempenho melhor do que o visto na Adreno 530 (que faz parte do Qualcomm Snapdragon 820). Com 55.098 pontos nos testes da AnTuTu, o processador gráfico bate os chips de Apple A9, Samsung Exynos 8890 e Huawei Kirin 950.
Nenhum modelo disponível atualmente no mercado consegue oferecer desempenho melhor do que o visto na Adreno 530
Ao mesmo tempo, a unidade de processamento gráfico do Snapdragon 652 fica bem abaixo nos rankings. O modelo instalado pela Qualcomm no chipset usado no LG G5 SE é o Adreno 510 e os resultados ficam bem longe do esperado. Enquanto a GPU usada no modelo internacional faz 55 mil pontos, a do G5 brasileiro fica apenas com 17.365 pontos.
Isso tudo significa que os LG G5 visto no mercado dos Estados Unidos é muito mais rápido para funções gráficas. Ou seja: os brasileiros terão jogos sendo executados com menos qualidade e suavidade, aplicativos com demanda de GPU podem apresentar mais travamentos e até mesmo os recursos de câmera podem sofrer algumas reduções de qualidade.
E a memória RAM?
A memória RAM é muito importante nos smartphones, pois ela está diretamente ligada ao espaço que os aparelhos têm para trabalhar. Quanto mais memória, mais facilidade o dispositivo tem para manter várias ferramentas em segundo plano, alternar entre aplicativos, carregar novos recursos.
Com isso em mente, fica bem claro por que o LG G5 internacional ganha pontos em cima do modelo SE. São 4 GB, contra apenas 3 GB no modelo brasileiro. Além disso, ainda precisamos levar em consideração a largura de banda máxima do processador e também a frequência de memória com que cada smartphone consegue trabalhar — assim como mostramos anteriormente.
O impacto disso nos módulos
É claro que todos os aplicativos e funcionalidade carregados nos smartphones vão ser afetados pela qualidade do hardware de cada um deles. Mas o que nem todo mundo sabe é que a experiência dos módulos adicionais também é afetada por causa disso. Justamente por ter menos capacidade de processamento, o LG G5 SE não será compatível com o LG 360 VR, o óculos de realidade virtual da fabricante coreana.
O LG G5 SE não é compatível com o headset de realidade virutal LG 360 VR
Somente os módulos de câmera 360 graus LG 360 CAM, som LG Hi-Fi Plus, fone de ouvido H3 by B&O PLAY e LG CAM Plus vão poder ser utilizados. Ainda assim, há a expectativa de que a câmera de 360 graus e o CAM Plus funcionem com um pouco menos de suavidade — quando comparamos ao modelo internacional.
O que a LG diz?
Nós entramos em contato com a LG para perguntar por quais motivos a empresa optou por não trazer o mesmo modelo ao Brasil. A fabricante deixou claro que o Brasil não é o único país a receber a segunda versão, pois em outros 30 países é possível encontrar o mesmo modelo.
De acordo com Marcelo Santos (Gerente de produto mobile da LG Electronics do Brasil): "O LG G5 SE apresenta todas as características premium da Família G, somada ao design inovador e acabamento luxuoso, assim como seu inovador e único conceito modular".
Quando perguntamos se há planos para trazer o LG G5 "Super Premium" para cá, ele disse que o foco da companhia é mesmo no SE: "Nosso foco é no lançando o LG G5 SE, um dos mais modernos smartphones do mundo e o primeiro modular a ser vendido no Brasil. Ele é um celular de categoria Super Premium, com qualidades inexistentes nos seus principais concorrentes de mercado".
Santos ainda deixa claro que a fabricante não considera o G5 SE como um modelo inferior, pois trata-se de um "modelo único que foi selecionado para atender mercados consumidores em diversos países ao redor do mundo".
O executivo lembra que vários recursos do G5 SE não estão disponíveis na concorrência, como "câmera Wide Angle de 135º, a maior câmera wide angle em um celular do mundo e o design modular". Além disso, o material de revestimento é de enorme durabilidade e possui alta resistência a corrosão.
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Será que o LG G5 SE pode ter muito sucesso aqui no Brasil?