Vídeo-anúncios em revistas impressas: a publicidade expande seus horizontes

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No dia 18 de setembro de 2009, a revista Entertainment Weekly inserirá em 18 dos seus 1,8 milhão de exemplares semanais, uma página especial contendo uma tela de LCD, na qual serão exibidas propagandas da emissora de televisão norte-americana CBS e da fabricante de refrigerantes Pepsi.

Tal empreitada pode ser considerada como revolucionária, uma verdadeira evolução da publicidade em relação aos meios de divulgação de produtos e serviços. Mas como você deve saber, não se alcança tamanho avanço, antes somente imaginável em obras de ficção como Harry Potter (lembra-se do “Daily Prophet”?), da noite para o dia.

Um pouco de história

A publicidade é algo inerente à atividade comercial, porém somente deixou de ser exclusivamente oral com o início da Idade Moderna, quando um cartaz foi impresso para anunciar uma manifestação religiosa em Raims, Paris, no ano de 1482.

No século XVII, o primeiro anúncio publicitário apareceu em um livro (“Mercurius Britannicus” de Richard Brathwait) e, então, no século XVIII, a publicidade começou a se voltar para o ponto de vista do consumidor. Este último graças a Benjamin Franklin, considerado o “pai da publicidade”.

Não se deixe enganar pela tela pequena!Ainda no século XVIII, surgiu o primeiro jornal dedicado unicamente à publicação de anúncios e, cem anos depois, a primeira agência publicitária, criada por Volney Palmer, a qual cobrava 25% do custo dos anúncios. Após isso, não foi necessário muito para que outras agências publicitárias fossem criadas e para fazer a concorrência entre elas tornar-se feroz.

Como visto, o surgimento de novas tecnologias abre novos horizontes aos publicitários, dando a eles novas armas na guerra em busca de consumidores em potencial. Nesse sentido, os exemplos mais significativos na história da publicidade são a “prensa de Gutenberg” (jornal), o rádio, a televisão e ela, a nossa querida Internet!

Com comerciais veiculados através de programas de rádio, o consumidor substituiu a visão pela audição, ele não mais exclusivamente olhava para o anúncio. Por sua vez, com os comerciais de televisão a revolução foi muito maior, pois agora além de imagens e falas, tornava-se possível ver movimento nos anúncios.

Já a Internet, foi capaz de adicionar o item “interação” aos anteriores, fato que além de tornar possível a criação de novos tipos de propagandas, fez os custos baixarem significativamente se comparados aos anteriores. Apesar disso, jornais e revistas continuam a ter o seu espaço no mundo da publicidade, sendo inclusive, os meios mais baratos de divulgação dentre os já citados.

“Como”, hão de ter pensado os publicitários da CBS e da Pepsi, “poderemos atingir as pessoas que mais leem revistas do que assistem à televisão ou acessam a internet? Ora, podemos descobrir uma empresa que desenvolva uma tecnologia capaz de exibir nossas propagandas em páginas de revistas!”.

Características técnicas

Desenvolvida pela empresa Americhip, a tecnologia que enfeitará uma das páginas da revista Entertainment Weekly é composta por uma finíssima tela de LCD de 2,7 milímetros de espessura que conta com uma resolução de 320x240. Seu chip de memória é capaz de suportar até 40 minutos de vídeos e sua bateria pode durar entre 60 e 75 minutos, podendo ser recarregada através de um minicabo USB, o qual além de encher a bateria, é capaz de transferir arquivos para o chip. Ou seja, no futuro você adquirirá uma “revista-player”, ao invés de uma revista comum!

Mas como vai funcionar?

Vai ser assim: 18 assinantes sortudos da Entertainment Weekly receberão em suas casas os exemplares especiais da edição de 18 de setembro de 2009. O conteúdo da revista será o mesmo da versão comum, porém, ao virar a página anterior à do vídeo-anúncio (“video-in-print” no original), propagandas de seriados como How I Met Your Mother, The Big Bang Theory, Two and a Half Men e CSI Miami serão exibidas, assim como um comercial da Pepsi divulgando o lançamento de uma versão “dietética para homens”.

Como você poderá notar assistindo aos vídeos estrategicamente posicionados neste artigo, abaixo do vídeo-anúncio existem botões que possibilitam selecionar qual comercial será exibido. Além disso, note que se demora algum tempo para o vídeo ser carregado, e que se faz necessária a interação do usuário para iniciar a exibição dos comerciais. Em outras palavras, ninguém precisará se preocupar em ter de fechar a revista apressadamente após tê-la aberto enquanto na sala de espera do seu dentista.

A duração dos anúncios não foi divulgada, todavia é possível imaginar que comerciais de produtos normais, como os da Pepsi, manterão o padrão da televisão e terão em torno de 30 a 60 segundos. Já propagandas da CBS, provavelmente, tenderão a durar mais tempo, pois a ideia da emissora ao investir nessa tecnologia foi a de dar uma “amostra-grátis” de seus seriados, de maneira parecida com a qual indústrias de perfumaria dão amostras “cheiráveis” de seus produtos em revistas.

Rapaz do céu...

Uma coisa é certa: a publicidade ganhou muito com essa nova aplicação prática do conhecimento tecnológico adquirido nos últimos anos. Contudo, por mais revolucionária que possa ser, há a possibilidade da “video-in-print” não cair nas graças dos empresários. Isso porque, mesmo ainda não tendo o seu preço real divulgado, as chances dessa tecnologia ser bastante cara são altas.

Segundo especulações, o gasto com uma tiragem de cem mil exemplares de uma revista com a “video-in-print” embutida, alcançaria um valor acima de um milhão de dólares! O que poderia tornar inviável a sua utilização por marcas não-famosas, as quais possuiriam uma perspectiva de lucro muito baixa para que usar a “video-in-print” valesse a pena. Para piorar, o preço de uma propaganda que ocupa uma página inteira de uma revista é de nove centavos de dólar, ou seja, em uma tiragem de cem mil exemplares o preço final é inferior a dez mil dólares.

Apesar das dificuldades acima, a intenção da Entertainment Weekly realmente parece ser a de investir nessa ideia, porém ela não dependerá (totalmente) de empresários para isso, muito pelo contrário: a revista pretende deixar seus leitores escolherem entre uma assinatura convencional e outra “Premium”, a qual cobraria uma taxa extra para que as revistas entregues contivessem vídeo-anúncios.

Bom, então só nos resta esperar para ver como os vídeo-anúncios serão aceitos. Mas e você usuário, torcerá para essa tecnologia não demorar a chegar às revistas brasileiras? Acha que tais propagandas serão inconvenientes?

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