Você já deve ter ouvido falar de Dungeon & Dragons. Lançado em 1974, ele é considerado o primeiro jogo RPG e por isso um dos mais populares, tanto que até hoje, 36 anos após seu lançamento, ainda é muito jogado em todo o mundo. Além disso, D&D, como ficou chamado, abriu as portas para que mais jogos do gênero fossem lançados e inspirou vários games eletrônicos.
E talvez esse tenha sido seu maior problema. Com o crescimento da indústria de video games, muitas pessoas desistiram ou sequer chegaram a conhecer o RPG tradicional, que utiliza fichas de personagens, dados e faz uma série de cálculos para determinar cada ação de seu personagem, para aventurar-se pelos fantásticos mundos dos jogos eletrônicos.
Porém o Carnegie Mellon, um grupo de jogadores norte-americanos, decidiu utilizar o que há de mais novo em tecnologia para tornar as partidas de RPG ainda mais dinâmicas e, quem sabe, atrair novos jogadores.
Batizado de Projeto SurfaceScape, o grupo desenvolveu um aplicativo exclusivo para o Microsoft Surface que permite a realização de partidas muito mais interativas e rápidas, já que todos os elementos que causavam certa “lentidão” no jogo foram digitalizados.
Deixe os dados na gaveta
Nunca ouviu falar no Microsoft Surface? Desenvolvido pela famosa empresa de Bill Gates, ele é uma espécie de computador cuja forma se assemelha muito a uma mesa e que possui uma superfície multitouch, ou seja, capaz de interagir a vários toques simultaneamente.
Com essa tecnologia em mãos, o grupo desenvolveu um programa que recria o ambiente das partidas na tela do equipamento. Caso você esteja em uma floresta, o cenário é retratado e todas as demais ações podem ser visualizadas, deixando de ser apenas imaginação, como era anteriormente.
Se no RPG tradicional a utilização de miniaturas era opcional, na versão “digital” os pequenos bonecos assumem um papel fundamental. Eles são marcados em sua base e o Surface identifica cada um dos personagens com o uso de pequenas câmeras.
Além disso, diversos elementos que tornavam a jogabilidade do famoso “RPG de mesa” mais lenta foram abolidos. As famosas planilhas com informações dos personagens, os cálculos que envolviam os atributos do jogador e do monstro em questão e até mesmo a rolagem de dados foram digitalizados.
Isso traz um dinamismo gigantesco para as suas tardes de RPG. Esqueça o papel e a caneta para descobrir quanto de dano seu anão vai receber daquele orc. O aplicativo faz todos os cálculos instantaneamente. Além disso, todas as informações da antiga planilha podem ser visualizadas com um simples toque na tela.
Certas coisas não mudam
Apesar de todas as novidades trazidas pelo SurfaceScape, alguns elementos continuam imutáveis. A primeira é a presença do chamado “mestre”, um jogador que conduz toda a narrativa e controla os NPCs (sigla em inglês para personagens não jogáveis).
Ele ainda é necessário para fazer a mediação entre jogadores e ambiente. A única diferença é que, ao invés de utilizar livros e a própria palavra para descrever e inserir novos elementos à cena, ele simplesmente conecta um computador ao Surface e faz as interações diretamente de seu PC.
Outro elemento que permanece é a base do RPG: a interpretação. Como a própria sigla diz, RPG é um jogo em que você deve viver o papel de outro (RPG é uma sigla em inglês para “jogo de faz de conta). Por mais que passe a utilizar um suporte tecnológico para agilizar as partidas, a essência continua a mesma.
Para os mais empolgados
Ficou empolgado com o SurfaceScape e não vê a hora de pôr suas mãos (ou dedos) nessa belezinha? Pois é melhor esperar, já que ele ainda não é comercializado, mas o grupo ainda pretende exibi-lo na Penny Arcade Expo, uma feira de jogos que vai ser realizada em Março nos Estados Unidos.
O que se espera?
Um dos grandes motivos para a popularização dos RPGs eletrônicos em detrimento dos tradicionais é o dinamismo e interação oferecidos pelos jogos eletrônicos, além da possibilidade de o jogador poder visualizar tudo o que está acontecendo.
Boa parte das ações dependia de resultado de cálculos. Em Dungeon & Dragons, por exemplo, cada planilha possuía tantos atributos que essa matemática simplesmente desanimava os jogadores experientes e espantava os novatos.
Com o SurfaceScape, isso torna-se automático. Cada ação é calculada pelo próprio computador e você pode focar-se no que realmente importa: a interpretação e a diversão das partidas.
Isso também serve para que novos jogadores se interessem pelo RPG tradicional. Se a tecnologia é um elemento atrativo, o projeto é o meio termo entre o tradicional e o eletrônico. Pessoas que já conheçam o gênero através dos video games podem sentir-se mais à vontade e até mesmo desenvolver habilidades cênicas antes desconhecidas enquanto atacam um dragão que só viam na tela de suas TVs.