(Fonte da imagem: Divulgação/Nintendo)
Você, gamer com seus 20 e poucos anos, se lembra da época de ouro dos 8/16-bits? Se você é um pouco mais velho, deve se recordar da era anterior, com o Atari e os computadores pessoais dominando os games. Caso você esteja nesses grupos, certamente presenciou a crescente evolução de gráficos e estilos nos jogos. Não se preocupe se você é mais jovem e já começou neste mundo com PlayStations e Xboxes da vida, pois ainda será possível ter uma noção do que vamos falar sem ter vivido estas mudanças.
No tempo de Atari, você precisava usar a imaginação para tentar decifrar o que de fato estava vendo na tela. Quando NES e Master System chegaram, seus gráficos eram bonitos e coloridos. Esta evolução continuou no Super Nintendo e Mega Drive. Com a criação de gráficos 3D, o Playstation e Sega Saturn apresentaram um mundo novo aos gamers, dando nova vida a gêneros como FPS e jogos de corrida.
A próxima geração teve um avanço incrível nos gráficos, e PlayStation 2, Xbox e GameCube mostraram ao mundo visuais refinados e cada vez mais próximos daqueles que sempre sonhamos. Isso se tornou uma realidade com o lançamento do Xbox 360 e PS3 e suas imagens em alta definição que estão cada vez mais perfeitas. Só que aí vemos os avanços tecnológicos e lançamentos de games como Diablo III e The Elder Scrolls V: Skyrim, que não apresentam um grande salto gráfico se comparados com o que está disponível no mercado, mas que ainda são impressionantes. Estariam as produtoras se acomodando e encontrando um limite?
Gráficos excelentes não significam jogos excelentes
No início da “batalha” entre Sony e Microsoft, tendo PlayStation 3 e Xbox 360 como suas armas, um dos pontos discutidos era sobre a capacidade gráfica dos consoles. Os gráficos são assim tão importantes para termos começado a ignorar outros fatores responsáveis pela experiência de jogar algum título?
Essa busca pelo gráfico perfeito provavelmente cairia no uncanny valley. Esse termo é usado na teoria de que o cérebro humano rejeita qualquer reprodução, seja ela robótica ou através de animação 3D, que se aproxima demais do comportamento humano. Quanto mais perfeita a representação, mais o cérebro rejeita e classifica como falho e irreal. Um belo exemplo disso é o game L.A. Noire. Sua tecnologia para reproduzir feições reais nos personagens muitas vezes parece estranha e artificial, por mais que, analisando de perto, esteja beirando a perfeição.
O jogo foi vendido como uma revolução gráfica e, de fato é lembrado como tal, mas são poucos os que se recordam dele pela sua história envolvente ou jogabilidade precisa, elementos que parecem ter ficado em segundo plano na sua criação.
Essa busca desenfreada por melhores imagens parece estar afetando todo o resto, e talvez por isso exista essa nova onda de jogos que parecem ter sido feitos uma década atrás.
O domínio dos indies
Depois de avanços absurdos na qualidade gráfica de jogos nos últimos 20 anos, a nova mentalidade gamer é a de que jogos independentes podem ser melhores que os “normais”. São games relativamente simples, muitas vezes com um visual baseado nos moldes usados antigamente e com foco na história ou sua jogabilidade.
Braid, Minecraft, Fez e Super Meat Boy são bons exemplos dessa tendência atual e que mostram o quão estagnada a indústria de video game se encontra. Contando com gráficos simples, mas tendo histórias envolventes e bem trabalhadas e um gameplay direto e eficiente, jogos independentes acabam se destacando perante um mar de títulos com gráficos complexos e bem feitos, mas que não têm tanto cuidado com estes outros elementos importantes.
Quer gráficos perfeitos? Então se prepare para gastar muito
Toda nova tecnologia é cara. Isso é um fato que já deve ser de conhecimento de todos. Como esquecer da época de lançamento do PS3 nos EUA, quando ele custava bem mais caro que seu concorrente, Xbox 360? Ou o lançamento do mesmo console no Brasil, que chegou por “meros” R$ 7,9 mil?
Grande parte desse valor elevado nos lançamentos vem do custo para o desenvolvimento de novas placas gráficas e de processamento, criadas para suportar todos os novos gráficos perfeitos que tanto queremos.
Algo parecido acontecia com os PCs, que teve um período em que placas de vídeo e novos processadores eram lançados e, em três meses, já poderiam ser considerados defasados. Hoje em dia foi encontrado um equilíbrio e apesar de alguns jogos ainda precisarem de computadores potentes o bastante para ser chamados por gamers como “computadores da NASA”, uma máquina mediana consegue rodar a grande maioria dos títulos atuais. Talvez buscar um leve avanço gráfico e focar em outros setores que podem proporcionar uma melhor experiência para os jogadores fosse a saída perfeita para o atual cenário dos consoles.
Novos gráficos ainda trarão imperfeições. Bom, pelo menos para o público
Os grandes culpados pelo atual momento dos games somos nós mesmo, os jogadores. Antigamente, um personagem com poucos pixels pulando em tartarugas, em um cenário que utiliza o mesmo desenho para arbustos e nuvens, era o suficiente para divertir e deixar todos maravilhados. Hoje em dia, você tem um jogo com gráficos cinematográficos e pode ter certeza que eles ainda serão criticados.
É uma característica da natureza humana tentar melhorar aquilo que já tem disponível. Isso acontece muito no mundo dos games, no qual, por mais impressionante que o produto pareça, sempre existirão pessoas que acham que ele poderia ser melhor, buscando novas maneiras de criar algo novo. É a velha história do “Antigo é ruim; novo é bom”. Vejam como eram os jogos antigamente e como eles são agora. Em pouco mais de 20 anos, ocorreu um salto tecnológico absurdo que outras mídias não tiveram. O cinema, que continuou o mesmo durante décadas, só agora encontrou um público sedento por mudanças, querendo tecnologias como o 3D ou filmes apresentados em 48 frames por segundo (o normal são 24).
A verdade é que, não importa o que será criado e melhorado, sempre existirá o grupo que estará aí para reclamar. E isso começou a ser notado pelas empresas de video game.
Os gráficos a favor do jogo, e não dos jogadores
Volta e meia surgem relatos de produtores falando que novos jogos como os que estão sendo criados só serão possíveis com novos consoles e tecnologias. Pode ser verdade, mas nós alcançamos um ponto em que são poucas coisas que não podem ser feitas com a tecnologia atual.
Caso seja um comentário baseado na realidade, talvez evoluir gráficos somente quando for necessário para as novas criações, e não por ser uma onda do mercado, seja o caminho ideal para criar um equilíbrio entre bons títulos e aceitação do público. Aí teremos mais jogos como Zelda, Mario, Final Fantasy e Metal Gear Solid, que evoluíram junto com os gráficos, mas são lembrados como títulos completos, e não como “jogos belos” e nada mais.
Via BJ
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