Frequentemente vemos a palavra port como sinônimo para porta, entrada ou conector em equipamentos eletrônicos (tais como USB, MIDI, controller e outras), mas um novo significado emergiu ultimamente entre as desenvolvedoras de jogos e gamemaníacos ao redor do mundo todo.
Port, no que tange os programas e jogos, se trata do processo de adaptar um código criado para uma plataforma computacional de modo que o resultado final seja compatível com outras plataformas. O termo é derivado da palavra portabilidade (portability), significando que o programa pode ser transportado de um ponto a outro.
Não entendeu nada até agora? Então imagine que um jogo foi criado para o Playstation 3, mas seus desenvolvedores querem lançá-lo para computadores para atingirem vendas maiores e, consequentemente, mais lucro. Para fazer isso de modo rentável, não é possível reescrevê-lo por completo, a saída então é recorrer a uma tradução do código de um para o outro, de modo que ele se torne compatível.
Mudanças na fundação
Há algum tempo atrás a diferença entre as linguagens e também equipamentos tornava o processo praticamente impossível, fazendo com que os ports, até então, fossem versões dos aplicativos reescritas quase que por completo. Hoje a história é bem diferente: processadores e APIs são muito mais similares, exigindo em alguns casos apenas uma conversão de biblioteca para a criação de executáveis compatíveis com a plataforma alvo.
A onda ganhou ainda mais força agora com o Xbox 360, haja vista que o console da Microsoft compartilha muitas similaridades com a estrutura de programação dos computadores. Outro fator que está forçando as Softhouses a aderir à prática é o elevado custo de produção para os jogos desta geração.
Já se comparados à implementação de emuladores, por exemplo, ports também são muito mais viáveis para empresas por não exigirem programas intermediários para a comunicação entre o aplicativo, o processador e outros componentes. A ponte é direta, o que acarreta em um desempenho melhor do que o visto com o emulador.
Atalhos são baratos...
Já que para que um port se concretize é necessário apenas converter as bibliotecas, todo o processo fica muito mais barato para a desenvolvedora, que com “poucas” vendas já poderá ressarcir o investimento, além de não precisar deslocar toda a equipe de programação para o projeto, liberando profissionais para novas idéias e otimizando seus próprios recursos.
...Mas nem sempre as melhores soluções
Entretanto, pegar jogos já existentes e desenvolvidos especificamente para outras plataformas e apenas “convertê-los” é um processo que quase inevitavelmente acompanhará problemas, portanto é necessária muita atenção da equipe de desenvolvimento e um processo de testes extensivo para que o resultado seja no mínimo satisfatório.
Não raras são as situações em que vemos controles de Xbox 360 em jogos do computador em telas de configurações (caso de Lost Planet e Pro Evolution Soccer 2009), ou ainda mensagens como “pressione R1 para atirar” durante as sequências de aprendizados (tutoriais). Mas de todos os problemas possíveis, estes são os menores.
Por se tratarem de adaptações, os jogos portados muitas vezes não acompanham otimizações para as peças de computadores e nem tiram proveito das capacidades extras como deveriam. O resultado é uma performance muito inferior à de um jogo desenvolvido nativamente para a plataforma. Podem também ocorrer falhas gráficas, tornando tudo uma verdadeira bagunça.
Um bom exemplo para esta situação é Pro Evolution Soccer 2009 (visto na imagem acima), que traz todo o lote de bugs de uma só vez, com muitas quedas na taxa de frames, comandos mostrados por botões do controle de Xbox, configurações apenas externas para computadores e qualidade gráfica relativamente baixa.
Toda regra tem exceção
Mas não desanime e nem fuja dos ports, pois alguns deles têm apresentado uma qualidade altíssima, muitas vezes até mesmo superior à dos originais (principalmente quando o processo é feito de consoles para PCs, já que existem placas de vídeo e processadores mais fortes disponíveis no mercado, possibilitando mais efeitos e qualidade gráfica com opções como sombras avançadas, texturas de alta qualidade e resoluções que chegam a 2560x1600 pixels).
O principal exemplo recente é Gears of War, construído com a Unreal Engine 3, que trouxe controles impecáveis, o mesmo sistema de mira e cobertura e gráficos embasbacantes, capazes de fazer com que qualquer jogador ficasse horas apenas admirando as explosões e cenários.
Outro bom exemplo é Assassin’s Creed, com ótima jogabilidade, ajustes plenos e até mesmo mais conteúdo de jogo. Já no caminho inverso (de computadores para consoles), mas ainda com sucesso, temos Left 4 Dead e Portal (parte do pacote Orange Box, de Half-Life).
Port ou Remake
Como colocado acima, um port se caracteriza apenas pela adaptação do código original às necessidades da nova plataforma, de modo que seja necessário o mínimo de alteração possível. Desta forma, podemos dizer que jogos como Resident Evil 4 — praticamente idêntico às versões de PS2 e GameCube — e Gitaroo Man (de PS2 para PSP) são ports, pois mantém a fidelidade de conteúdo, imagem e código.
Já versões como Final Fantasy IV para Nintendo DS podem ser consideradas como “Remakes”, isto é, jogos refeitos para outras plataformas, aproveitando as novas capacidades da plataforma de destino para mostrar elementos melhorados, como gráficos tridimensionais, nova trilha sonora, efeitos e muito mais.
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E aí, já jogou algum port no seu PC ou videogame? Curtiu ou ele era cheio de bugs? Não deixem de compartilhar as suas experiências conosco, até a próxima!