PS4: entenda por que o serviço de streaming terá entraves no Brasil

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O PlayStation 4 foi anunciado há poucos dias, prometendo recursos incríveis para os consumidores de todo o mundo. E um dos que mais chamou a atenção de imprensa e também de jogadores foi o streaming de conteúdos digitais — não apenas vídeos, mas também versões demonstrativas e até mesmo jogos completos estão nos planos da Sony.

(Fonte da imagem: Reprodução/NeoGAF)

Parece incrível, não é mesmo? Selecionar um game para baixar e começar a jogá-lo antes mesmo de ele estar completamente armazenado em seu console. Essa e outras possibilidades estão deixando os consumidores norte-americanos “com água na boca”, mas não será nem um pouco surpreendente se os brasileiros não ganharem os mesmos benefícios.

Pois é, infelizmente é bem provável que o mercado do Brasil receba um PlayStation 4 com alguma limitação de recursos. Mas antes que a infraestrutura brasileira comece a ser xingada, é bom saber que existe muito mais por trás desse problema. Confira agora quais são os fatores que podem impedir os serviços de streaming de funcionar em terras tupiniquins.

A banda larga continua estreita?

Aqui no Brasil, por muitos anos discutiu-se a falta de uma infraestrutura capaz de fazer com que os games online rodassem de uma maneira satisfatória. Isso era facilmente visualizado ao analisarmos as velocidades conseguidas nas conexões de banda larga de três ou quatro anos atrás — até existiam alternativas melhores, mas por valores nada acessíveis para os consumidores.

(Fonte da imagem: Divulgação/Sony)

Atualmente, várias empresas prestadoras de serviços relacionados à telefonia e à banda larga estão trabalhando no Brasil, e a competição permitiu duas grandes vantagens aos brasileiros: melhorias nas estruturas de redes — incluindo backbones e outros grandes equipamentos — e quedas nos preços dos pacotes de dados oferecidos.

Mas se estamos evoluindo a grandes passos, por que não teremos uma base estrutural suficiente para que os serviços de streaming do PlayStation 4 possam ser executados no Brasil? Como dissemos anteriormente: os obstáculos vão muito além da largura da banda existente por aqui — que interfere diretamente na velocidade das conexões.

O tal do “ping” ainda interfere em nossas vidas

Como está a latência do seu jogo? A palavra “latência” pode assustar um pouco, mas você deve estar muito mais habituado a ela do que imagina. Em outros termos, estamos falando do “Ping”, que tanto incomoda os jogadores mais assíduos. Se você joga online, deve estar cansado de saber que se o Ping está alto, as chances de você se sair mal são muito grandes. (Fonte da imagem: Reprodução/Teste de Velocidade do Baixaki)

Por que isso acontece? É simples. O Ping (ou latência) representa o tempo que um comando leva para ser interpretado pelos servidores aos quais está conectado. Por exemplo: se o Ping indicar um valor de 10 milissegundos (ms), significa que o comando que você dá para o seu personagem leva 10 ms para ser interpretado e reproduzido para os outros jogadores.

A distância entre computador e servidor faz diferença?

Você pode estar se perguntando se um servidor instalado no seu país pode oferecer resultados melhores do que máquinas que estiverem em outras nações. A verdade é que realmente pode, porque a distância entre os computadores interfere diretamente na latência que será identificada pelos jogos.

Não é difícil entender a razão. Por mais que estejamos falando sobre informações que navegam em velocidades altíssimas, é preciso entender que não se trata de apenas algumas centenas de quilômetros que separam os sistemas. Um computador paulista conectado a um servidor em Los Angeles, por exemplo, envia informações para dezenas de milhares de quilômetros de cabos — e a distância é percorrida duas vezes, pois a informação vai e volta.

Mas como isso tudo vai interferir no PS4?

Faz alguns anos que a Sony trabalha com as contas PlayStation Plus, que dão uma série de vantagens para os usuários cadastrados. Mas até agora o serviço não chegou oficialmente às contas brasileiras. Isso acontece porque manter grandes servidores no Brasil ainda é um trabalho que exige muito investimento — e o retorno ainda não existe de uma forma satisfatória.

(Fonte da imagem: Reprodução/NeoGAF)

E se isso acontece com o PlayStation 3, que já está consolidado no mercado e atingiu preços competitivos, você consegue imaginar uma realidade diferente para o PS4? O console deve chegar ao Brasil por um preço um pouco mais elevado, o que deve dificultar bastante a popularização rápida do video game no território brasileiro. Por isso, é difícil que a Sony invista pesado em servidores para serviços de streaming no Brasil.

Sem conexões próximas, os jogadores brasileiros vão precisar se conectar aos servidores estrangeiros para os serviços por streaming. E então entram os conceitos que nós já discutimos anteriormente: a distância entre console e servidor e também a latência alta que essa distância acaba causando.

Mas por que dá certo com filmes?

Acessamos servidores de streaming para vídeos com muita frequência. Isso vale para o YouTube (que possui vários servidores no Brasil), para o Netflix e para vários outros nomes. Mas qual a grande diferença entre os filmes e os jogos, fazendo com que o carregamento online de um dos dois seja possível e o outro não? A resposta para isso também é muito mais simples do que algumas pessoas imaginam.

Enquanto os filmes são apenas carregados de um servidor para um computador, os jogos precisam ser “calculados em tempo real”. Ou seja, o streaming no primeiro caso é fluido e unilateral, enquanto no segundo ele exige a ordenação dos jogadores para somente então enviar as novas imagens.

Para entender melhor isso, você só precisa pensar no seu próprio computador. Mesmo que sua máquina não seja de última geração, ela consegue reproduzir vídeos em alta resolução com determinada facilidade. E os requisitos para isso são muito mais fáceis de serem alcançados do que os necessários para rodar um jogo pesado com as configurações máximas.

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Por esses motivos é que se acredita que os serviços de streaming para jogos não cheguem ao Brasil tão cedo. Mesmo assim, esperamos que os preços do PlayStation 4 cheguem ao Brasil de uma maneira mais competitiva, possibilitando que os consumidores brasileiros consigam comprá-lo.

Com isso, o número de consoles vendidos pode não demorar tanto até ser suficiente para estimular maiores investimentos da Sony no Brasil. E é somente quando isso acontecer que teremos a chance de ver os serviços de streaming por aqui. Um caminho longo, não é mesmo?

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