A briga vai ser feia e promete muita polêmica. De um lado, a poderosa Apple, de Steve Jobs, com seu sistema operacional pioneiro entre os smartphones. De outro, a Google, que conquista cada vez mais espaço, colocando o sistema operacional Android em vários aparelhos.
Os melhores smartphones da atualidade funcionam com um desses dois SOs. Se você ainda está na dúvida entre um deles, acompanhe esta batalha de gigantes. Escolhemos um grande fã de cada SO para mostrar argumentos e defender qual deles é melhor para o seu celular.
Conhecendo os lutadores
Para a briga não começar antes da hora, vamos estabelecer o critério de respeito aos mais velhos e começar com o iPhone OS. Nosso concorrente nasceu em 2007 e, em 29 de junho daquele ano, milhares de pessoas estavam enfileiradas na frente de lojas da Apple nos Estados Unidos, para serem as primeiras a possuir o aparelho.
O sistema operacional da Apple funciona no iPhone, no iPod Touch e agora também no iPad. Desde que foi lançado, o iPhone assumiu o topo das vendas de smartphones e virou um dos gadgets mais desejados por usuários. Para junho de 2010 está previsto o lançamento do iPhone 4G, que promete ser ainda melhor.
O Android foi divulgado ao mundo mais tarde que seu concorrente. Em outubro de 2008, a Google fez o primeiro anúncio de um novo sistema operacional, baseado em Linux. O nome é da empresa Android Inc., comprada pela Google em 2005.
Este sistema operacional já está em sua quarta atualização. Elas recebem nomes de doces, e seguem ordem alfabética – Cupcake (1.5 - Bolinho), Donut (1.6 - Rosquinha), Eclair (2.1 - Bomba) e Froyo (2.2 – Frozen Yogurt). Nem tivemos tempo de ler todas as notícias sobre a versão Froyo e já sabemos que até o final do ano a Google lançará a atualização Gingerbread (Pão de Mel).
Round 1: navegabilidade
Essa discussão está rendendo no mundo da tecnologia. Flash ou HTML 5? Adobe ou Apple? A Google acabou entrando na roda, pois apresentou recentemente o Android 2.2, com suporte total para o Flash 10.1. Dessa forma, é possível ver todos os sites em Flash no navegador do aparelho, acessar jogos e vídeos.
Vale lembrar também que vídeos comprovam que o navegador do Android 2.2 – considerado o mais rápido entre os smartphones – fica consideravelmente lento ao rodar sites com Flash. Por outro lado, também é possível desabilitar seu uso, para que o navegador funcione sem problemas.
Por outro lado, os usuários de iPhone OS afirmam não sentir falta do Flash. É possível rodar vídeos do YouTube, por exemplo, utilizando outros aplicativos, e a quantidade de jogos disponíveis na App Store faz com que eles esqueçam os sites de jogos em Flash.
Outro ponto positivo do IPhone OS é a possibilidade de multitoque na tela, extremamente útil para a navegação na internet, zoom e boa jogabilidade nos aplicativos. No caso do Android, a maioria das versões do SO disponíveis no Brasil não suportam multitoque.
Round 2: Aplicativos
A App Store abriu suas portas em julho de 2008, impulsionando a venda de iPhones ao redor do mundo. Seu sucesso foi imediato e hoje ela conta com cerca de 200 mil aplicativos que fornecem aos usuários os mais variados serviços.
Seu sucesso no Brasil também é grande, e existem milhares de apps em português, direcionados para os usuários brasileiros. O lado negativo fica por conta das restrições impostas pela Apple aos desenvolvedores.
No Brasil, por exemplo, a App Store não tem uma categoria oficial para jogos. A razão é que o governo brasileiro exige que os jogos tenham recomendação de idade. Ao invés de ter o trabalho de classificar os aplicativos, a empresa de Steve Jobs optou por simplesmente não oferecer esta categoria.
Do outro lado do ringue está o Android Market, que está para o Android assim como a App Store está para o iPhone OS. A loja de aplicativos da Google foi anunciada no final de 2008, meses após a loja da Apple.
Mesmo assim, a popularidade dos aparelhos com SO Android não foi imediata, como no caso do iPhone. Dessa forma, o Android Market demorou muito mais tempo para crescer. Atualmente, ele possui cerca de 30 mil aplicativos disponíveis aos usuários.
O lado positivo é que o Android Market não sofre restrições. Por isso, desenvolver um aplicativo para Android e inseri-lo na loja é uma tarefa muito mais fácil. Recentemente, o Opera fez uma verdadeira campanha para que o navegador Opera Mini 5 fosse inserido na App Store, o que demorou semanas.
O pessoal da Google, com sua base em Linux e código aberto, não tem esse problema. Mas ainda são poucos os aplicativos desenvolvidos em português ou direcionados para os brasileiros, pois só agora o Android está ganhando popularidade no país.
Outro grande problema dos fãs do Android é a versão do sistema operacional, pois enquanto a maioria ainda possui as versões 1.5 e 1.6, os novos aplicativos só funcionam nos Androids mais recentes, Eclair e Froyo.
Round 3: Conectividade
Os dois sistemas operacionais têm conexão Wi-Fi e 3G, mas a questão do tethering é essencial. Através do iPhone OS é possível fornecer conexão de internet ao seu computador, por meio da máquina ou de seu celular.
Isso é essencial para quem utiliza gadgets portáteis, pois depender de pontos de conexão Wi-Fi não é confiável – principalmente no Brasil. Além disso, os gadgets da Apple possuem conexão por cabo USB e carregam a bateria no computador, sem precisar de tomada.
Em 2009, a Google anunciou a retirada de todos os aplicativos para tethering do Android Market. Ou seja, nada de conexão com a internet através do seu smartphone. E isso vale para todas as versões do Android... Até agora.
A versão Froyo dá essa liberdade para os usuários. Mas, como no caso do iPhone, nem tudo é perfeito. Por ora, não há nem previsão de quando os brasileiros vão receber suas atualizações para o SO 2.2, e ficamos aqui com nossos Cupcakes, Donuts e Eclairs, sem tethering.
Por outro lado, a liberdade dos usuários de Android é maior, podendo utilizar seu aparelho como um pendrive. Basta conectar e transferir arquivos, sem problemas de compatibilidade. Também não é necessário instalar nenhum programa em seu computador.
Já para os amantes da Apple, nem tudo é perfeito. Não basta conectar o cabo no computador e sair transferindo arquivos. Eles bem conhecem um programa chamado iTunes. Para transferir músicas e arquivos do computador para o gadget você é obrigado a usar tal programa. O único jeito de fugir disso é através do jailbreak, mas, com esta prática, você corre o risco de pôr seu aparelho em risco.
Outro ponto a favor do Android é que o próximo iPhone OS, versão 4 – que será anunciado em junho – não terá compatibilidade de carregamento com PCs. Isso mesmo, se você não possui um Mac, não adianta: carregar o smartphone? Só conectando à tomada.
Round 4: Personalização
Os fãs do Android não podem reclamar: personalização é um item chave neste sistema operacional. Além de alterar temas e cores, também é possível adicionar widgets a tela inicial, tornando o acesso aos seus aplicativos ainda mais rápido.
Algumas versões do Android possuem até sete homescreens alternativas, para você rechear de atalhos, widgets, imagens e fotos. Isso sem contar que o plano de fundo é uma escolha sua, e não uma tela preta.
Mas o Android tem interfaces alternativas para cada marca, como o Motoblur, da Motorola e o Sense, da HTC. Dessa forma, nem todas as versões são tão livres para a personalização. Antes de adquirir o aparelho, mesmo conhecendo seu sistema operacional, mexa um pouco em suas funções e verifique se ele oferece tudo o que você deseja.
Se personalização era um dos quesitos mais pedidos pelos usuários de iPhone OS, Steve Jobs os escutou. A nova versão promete permitir plano de fundo na springboard, pastas e atalhos para seus aplicativos mais utilizados. Mais do que isso, nos aparelhos atuais, só com a alternativa jaibreak, infelizmente.
Round 5: Exclusividade
Mesmo que você não seja louco pelos produtos da Apple, não pode negar a qualidade de seus SOs, muito menos a beleza no design dos aparelhos. O iPhone tem uma tela generosa e um visual muito bonito.
O que é falta de possibilidade para uns, é garantia para outros. Inserindo o iPhone OS somente em aparelhos fabricados pela própria Apple, o Sr. Jobs pode garantir a qualidade de sua marca, sem permitir que um aparelho com pior desempenho rode seu SO e o prejudique.
Para os usuários de iPhone OS, não há alternativas: o aparelho tem o mesmo design desde que foi lançado e mudanças só virão no lançamento de junho – segundo imagens vazadas na internet. Nos Estados Unidos, o iPhone é vendido somente através da operadora AT&T, e isso tem feito muitos usuários migrarem para o Android pela liberdade de escolha do plano de telefone.
O Android figura em aparelhos das mais variadas marcas, tipos, tamanhos e operadoras. O usuário tem a liberdade de escolher o celular que achar melhor e a operadora que achar mais eficiente. Além disso, encontra Androids com preços muito mais acessíveis do que os fãs do iPhone OS.
Essa liberdade é extremamente atraente, mas tem seus problemas. O Android não é igual em todos os aparelhos e a Google – mesmo através do seu próprio modelo, Nexus One, produzido pela HTC – não tem como garantir que os aparelhos vão rodar o sistema com qualidade total.
Além disso, a interface muda de marca para marca, e alguns donos de Android já andaram até reclamando de limitações na interface, como ocorreu com o Dell Mini 3. Outro problema é a demora nas atualizações do sistema operacional.
Enquanto lá fora a Google anuncia o Android Froyo, vários aparelhos continuam chegando ao Brasil com versões atrasadas, como é o caso do Motorola Quench – recém-lançado, mas com Android 1.5.
A atualização do SO depende não só da Google, mas também das fabricantes dos aparelhos em conjunto com as operadoras de telefonia celular. Isso provoca demora e faz com que muitos usuários fiquem presos a SOs ultrapassados.
Round final: a escolha do usuário
Os dois sistemas operacionais têm pontos positivos e negativos. A verdade é que cada um se adapta mais a um tipo de usuário. Mas agora a opinião é sua. Quem ganha esta briga: a Apple com o seu iPhone OS ou o Android, da Google?