* Artigo originalmente publicado em agosto de 2011 e atualizado em 8 de janeiro de 2018.
Quando o assunto é o Brasil, reclamamos da corrupção e da impunidade na política, dos problemas na educação e da sensação de insegurança. Quando se trata dos demais países, achamos que a imagem da nação que é passada a eles é resumida em futebol, samba e favelas.
No mundo da tecnologia, entretanto, isso não é bem assim. O Brasil é bastante respeitado na área e tornou-se com o tempo um grande berço de inovações que alcançaram todo o globo.O TecMundo juntou alguns desses notáveis pesquisadores em uma verdadeira seleção brasileira com o melhor da tecnologia tupiniquim.
1) Radiotransmissão: o padre pioneiro
Quando pensamos em avanços na ciência, logo imaginamos a modernidade, os aparelhos revolucionários e as descobertas recentes. Mas o Brasil já era um expoente na área há muito tempo, como no caso do padre gaúcho Roberto Landell de Moura, que é um dos responsáveis pelo invento do rádio.
É isso mesmo: em 1900, o brasileiro fez a primeira transmissão de voz através de uma máquina sem a ajuda de fios, utilizando ondas eletromagnéticas e modulação do som. A técnica era tentada por cientistas de todo mundo, mas foi Landell o primeiro a ter êxito.
Infelizmente, o governo brasileiro não o ajudou na continuidade do projeto e apenas algumas de suas patentes foram reconhecidas aqui e nos Estados Unidos – ao contrário do italiano Marconi, considerado mundialmente como o inventor do rádio, que foi devidamente financiado e desenvolveu de vez a tecnologia.
2) Kinect: toque tupiniquim no Xbox
Na E3 de 2010, o mundo foi apresentado ao Project Natal (rebatizado de Kinect), uma revolucionária tecnologia para os video games. A proposta todo mundo já conhece: jogar no console da Microsoft sem a ajuda de controles, utilizando apenas comandos feitos pelos movimentos do corpo do jogador, que é rastreado por um sensor especial.
O que pouca gente conhece é que um brasileiro é a cabeça por trás do aparelho: o engenheiro curitibano Alex Kipman, que vivia há mais de dez anos nos Estados Unidos quando teve a ideia para o aparelho.
A ideia veio de uma forma curiosa: durante as férias em sua terra natal, ele se inspirou na vida sem tecnologia, botões e aparelhos em excesso – e utilizou esse pensamento para inovar na área e dar controle total ao corpo do jogador. O “Natal” do nome também não é coincidência: a cidade é uma das favoritas de Kipman.
3) A polêmica urna eletrônica
Ela hoje é rodeada de polêmicas, mas não tem como negar: a urna eletrônica coletora de votos é nossa. Em 1982, o juiz catarinense Carlos Prudêncio resolveu com tecnologia o trabalho e a falta de segurança na hora de contar votos manualmente na cidade de Brusque. Com o tempo, ele começou a sugerir um modelo parecido em todo o país.
O primeiro protótipo da urna que conhecemos hoje só ficou pronto em 88 e ela foi usada oficialmente nas eleições ano seguinte.
4) Virou passeio: o balão de ar quente
O padre Bartolomeu de Gusmão é considerado um dos primeiros e mais importantes cientistas brasileiros. Em 1709, ele fez experimentos de um "instrumento para se andar pelo ar", que ganhou o nome de aeróstato ou simplesmente balão de ar quente. O padre fez demonstrações com modelos pequenos pra corte portuguesa, mas não conseguiu levar o invento adiante. Só que as ideias de Gusmão estavam certas e foram modernizadas nos séculos seguintes, virando um verdadeiro meio de transporte.
5) BINA: quem está me ligando?
Todas as vezes que seu telefone tocar e um pequeno aparelho informar qual é o número de quem está efetuando a ligação, agradeça ao eletrotécnico mineiro Nélio Nicolai, inventor do BINA, o popular identificador de chamadas.
Mundialmente utilizado, o aparelho é capaz de rastrear quem está efetuando a chamada através da identificação de sinais e modulações de frequência. Projetado e patenteado em 1977, mas lançado só cinco anos depois, o BINA significa que “B (o receptor) identifica o número de A (quem está ligando)”.
(Fonte da imagem: Submarino)
Ainda na década de 1980, Nicolai recebeu o reconhecimento internacional pela invenção. Em seguida, entrou em uma polêmica sobre direitos autorais com operadoras brasileiras, que vendiam seu aparelho sem a devida autorização.
6) Walkman: o som portátil é coisa nossa
O aparelho portátil da Sony, que revolucionou a indústria fonográfica ao dar liberdade às pessoas de ouvirem o que quiserem com um aparelho que pode ser carregado no bolso, tem suas origens em terras brasileiras. Nascido na Alemanha e criado no Brasil, Andreas Pavel desenvolveu em 1972 o primeiro reprodutor estéreo de áudio portátil (utilizando as finadas fitas cassete), sob o nome de stereobelt.
Ele até registrou as patentes em vários países, mas a Sony iniciou a produção de seu produto anos depois sem a devida autorização ou realização de pagamentos a Pavel. Foi apenas na década de 2000, após muita pressão sobre a empresa, que os royalties foram finalmente concedidos ao legítimo inventor do aparelho.
7) Máquina de escrever
Com a máquina de escrever, aconteceu mais ou menos a mesma coisa. O padre Francisco João de Azevedo, em 1861, construiu um aparelho com 14 teclas, entre sinais ortográficos e letras. Ele parecia um piano e tinha até um pedal pra trocar a linha do papel. Francisco chegou a ganhar uma medalha de reconhecimento em um evento que teve a presença até do imperador dom Pedro II.
Aí começam as lendas. Parece que o governo não deixou Francisco levar o invento para uma exposição em Londres por falta de espaço. E parece também que o invento ou a ideia dele foi roubada por um investidor estrangeiro, que levou o projeto para os Estados Unidos. Lá, Christopher Sholes lançou a máquina de datilografia patenteada e comercializada em 1867. Vale lembrar que a primeira patente de um dispositivo considerado o pai da máquina de escrever veio bem antes: ele é de Henry Mill, em 1771.
8) Avião de propulsão própria
E claro que tem a confusão mais polêmica entre as invenções brasileiras. Afinal, quem é o inventor do avião? Os irmãos Wright, que são norte-americanos, fizeram em 1903 um voo de um aparelho mais pesado que o ar. Só que o invento deles precisava subir com ajuda de um “disparado” com trilhos e uma catapulta. Já Santos Dumont, em um experimento em Paris três anos, o primeiro voo público de uma máquina com propulsão própria, ou seja, que subiu sozinha.
Os dois lados têm os seus méritos, e você aí escolhe qual considerar o inventor de verdade. O fato que é o nosso Santos Dumont foi revolucionário nisso e em muitas outras coisas, mas é tanta novidade que valeria um vídeo só para falar dele.
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Viu só como o Brasil tem muito do que se orgulhar em termos de tecnologia? E olha que tivemos que deixar muita coisa de fora! O que você acha que ficou faltando? Qual sua tecnologia tupiniquim favorita? Deixe seu comentário!