Há pouco tempo, a pequena empresa chamada Quantenna prometeu trazer aos Estados Unidos uma internet de 100 gigas por segundo, o que já parecia um sonho para praticamente qualquer pessoa. Esse número já é praticamente mil vezes mais rápido do que qualquer conexão que temos em casa hoje. Aparentemente, para a NASA e para o Departamento de Energia ele não era veloz o suficiente.
Enquanto nós usamos a internet pública para enviar e receber dados, a agência espacial utiliza uma rede diferenciada chamada de ESnet, Short Energy Science Network, construída dentro de uma série de canos espalhados por todo país que transferem dados em uma velocidade que pode atingir até 91 gigabits por segundo.
Ainda que a NASA não tenha intenção de compartilhar a sua rede privada com o resto do mundo, ela pode usar sua conexão para estudar melhor a aplicação deste tipo tecnologia. Ou seja, os programas e aplicativos desta rede podem funcionar como um trampolim para transformar nossa internet diária.
A ESnet, que é gerenciada pelo governo dos Estados Unidos é uma ferramenta importante de pesquisa para quem lida com quantidades massivas de dados, como aqueles gerados por projetos como acelerador de partículas LHC ou pelo Genoma. No lugar de trocar discos rígidos entre cidades, o mundo científico decidiu conectar os principais laboratórios com esta rede de alta velocidade.
A primeira rede e suas irmãs
A primeira rede de dados do mundo foi criada pelo Departamento de Defesa durante a década de 70 e acabou se tornando a internet dos dias de hoje. No entanto, ele nunca foi a única, em 1976 o Departamento de Energia criou a Magnetic Fusion Energy Network, feita mais uma vez para conectar diferentes laboratórios ao redor do país. Na década de 80, uma terceira rede foi criada chamada High Energy Physics Networks para conectar físicos de partículas que trabalhavam em conjunto.
Para os Estados Unidos não fazia sentido manter duas redes de pesquisa separada, e por esta razão eles optaram por criar a ESnet. Originalmente formada com cabos de telefonia e links com satélites, hoje em dia sua composição é totalmente baseada em cabos de fibra óptica, em colaboração com o instituto batizado de Internet 2, criado em 1995 depois que a rede mundial se tornou popular.
Transferindo dados reais
Em novembro do ano passado a ESnet conseguiu atingir a velocidade de 91 gigabits em uma transferência entre duas instalações da NASA, a primeira em Denver e a segunda in Maryland a centenas de quilômetros de distância. Esta foi considerada a transmissão de dados mais veloz do mundo conduzida com parâmetros “reais”.
Supostamente, a ESnet é capaz de realizar transferências de dados ainda maiores, chegando a 100 gigabits por segundo. O problema se dá com a transição da informação em percursos de longa distância. A Internet não é uma grande auto-estrada onde os dados são transmitidos em linha reta. Muito pelo contrário, ela funciona muito mais como pequenas estradinhas que se cruzam e lentamente vão conduzindo as coisas para o caminho certo. Assim como você não dirige em linha reta do Rio até São Paulo, os dados também passam por muitos desvios e cidades ao longo do seu caminho.
Em 2012, a NASA transferiu 98 gigabits de dados entre Goddard e a Universidade de Utah. Um ano depois esse recorde foi quebrado em uma transferência entre Londres e Ipsich com uma conexão de 1.4 terabits. O feito da ESnet é mais impressionante porque nos dois casos, os lugares possuíam cabos diretos de conexão, o que não pode ser considerado uma situação real, já que isso praticamente nunca acontece em nosso cotidiano.
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