A Rússia está ampliando os testes para a criação de uma rede nacional e independente da internet, permitindo que ela "se desconecte" do atual padrão global de conectividade. Informações ainda são escassas, mas um novo experimento aparentemente bem sucedido pode ser um novo passo para a implementação desse projeto.
De acordo com jornais da região, a agência russa de regulamentação da internet, a Roskomnadzor, restringiu o acesso à internet ao longo de um dia em algumas regiões do país. Áreas como Daguestão, Chechênia e Inguchétia, próximas de fronteiras com outros países, ficaram "no escuro" e não conseguiram acessar certos serviços.
Dados obtidos pelo Netblock mostram o tráfego caindo e sendo restaurado ao longo de um dia na região do Daguestão.
?? Note: Metrics show the disruption and restoration of connectivity in Dagestan, #Russia, following what telecoms regulator Roskomnadzor has described as a trial of its capacity to disable access to the foreign internet in a specific region; incident duration ~24 hours pic.twitter.com/7iYtDcVtSG
— NetBlocks (@netblocks) December 7, 2024
Plataformas como YouTube, WhatsApp, Telegram e outros serviços ou sites estrangeiros teriam sido barradas e nem mesmo o uso de redes virtuais privadas (VPNs) permitiriam o acesso a essas página.
A rede da Rússia
A projeto do presidente da Rússia, Vladimir Putin, é implementar um projeto chamado de RuNet. Esse é um serviço nacional e controlado, separado das conexões globais e sob controle rígido de acesso — algo parecido com o que a China já realiza há alguns anos, barrando plataformas de outras regiões e privilegiando o uso de serviços locais para lazer e comunicação.
A RuNet é debatida ao menos desde 2019 e já foi fruto de investimentos de peso do governo local. Até o momento, não há qualquer comunicado oficial por parte de Putin ou então um prazo para implementação da nova rede.
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As regiões não foram escolhidas por acaso: elas concentram cidades de instabilidade política, com conflitos recentes e alta concentração de população muçulmana. Com a rede própria, o governo conseguiria mais facilmente desabilitar a conexão e, por consequência, a própria comunicação de pessoas consideradas opositoras.
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