Muito antes de marcas como Apple, Samsung e Xiaomi se tornarem populares entre os usuários de celulares, a BlackBerry era uma das fabricantes queridinhas dos consumidores, junto com Nokia e Motorola. Mas diferente das concorrentes, ela ganhou fama entre o público corporativo, principalmente.
Anteriormente chamada Research in Motion Limited (RIM), a companhia foi fundada em 1984 no Canadá. Ela começou no ramo de software e em 1988 ingressou no setor de telecomunicações, desenvolvendo sistemas para pagers, chegando ao mercado de hardware para usuários finais na década seguinte.
O celular BlackBerry era um dos preferidos dos executivos.Fonte: Getty Images/Reprodução
De olho na comunicação móvel que estava nascendo, a empresa lançou seu primeiro dispositivo em 1999. O BlackBerry 850 era um pager com teclado físico e conexão à internet sem fio capaz de receber e-mails em tempo real, permitindo se manter online durante deslocamentos.
Tal característica foi um sucesso entre executivos e profissionais que precisavam estar conectados o dia inteiro, fazendo a BlackBerry adicionar mais funções ao aparelho. Os novos modelos traziam telas maiores, chips avançados, mensagens de texto mais seguras e faziam ligações.
Pioneirismo entre os smartphones
Celulares BlackBerry fizeram sucesso nos anos 2000. (Imagem: Getty Images)Fonte: Getty Images/Reprodução
Aproveitando a fama, a empresa canadense lançou seu primeiro smartphone em 2002. O BlackBerry 5810 foi um dos pioneiros da categoria, trazendo tela colorida, teclado QWERTY, chamadas telefônicas, e-mail e navegação na internet para a palma da mão.
Baseado em Java, o sistema operacional BlackBerry OS era outro diferencial dos telefones produzidos por ela, ficando conhecido pela confiabilidade e segurança reforçada. Os aparelhos também traziam bateria de longa duração, oferecendo usos mais prolongados.
Outro atrativo estava na plataforma de mensagens seguras integrada aos smartphones. Intitulado BlackBerry Messenger (BBM), o serviço enviava e recebia mensagens criptografadas, se tornando ideal para comunicações empresariais.
Pelo BBM também era possível compartilhar arquivos com maior segurança e criar grupos, personalizando o perfil de cada participante. Essas e outras funcionalidades fizeram a companhia ser utilizada pelo governo dos Estados Unidos e funcionários de grandes corporações.
Famosos que usavam BlackBerry
Uma das primeiras postagens do Facebook teria sido feita no BlackBerry de Mark Zuckerberg. (Imagem: Getty Images)Fonte: Getty Images
Com uma fatia de quase 20% do mercado global de smartphones entre 2009 e 2010 e porcentagem ainda maior no mercado americano, a BlackBerry chegou a vender mais de 50 milhões de telefones por ano. Muitos famosos eram fãs dela.
Um deles era o atual CEO da Meta, Mark Zuckerberg. Há, inclusive, relatos sugerindo que o bilionário teria usado um telefone BlackBerry para enviar a primeira mensagem do Facebook.
Ao longo do mandato como presidente dos EUA, Barack Obama também não tirava seu BlackBerry do bolso, utilizado nas comunicações fora do trabalho, assim como a ex-secretária de Estado, Hillary Clinton. Oprah Winfrey e Kim Kardashian eram outras celebridades que cultuavam a marca.
Por que o celular BlackBerry foi descontinuado?
Os celulares clássicos da marca não resistiram ao iPhone e celulares Android. (Imagem: Getty Images)Fonte: Getty Images/Reprodução
Apesar de revolucionar a comunicação móvel, a BlackBerry não acompanhou os avanços dos concorrentes. Tela sensível ao toque, recursos multimídia e lojas de aplicativos foram algumas das melhorias apresentadas pelos rivais.
Seu primeiro celular touchscreen foi o BlackBerry Storm, de 2010, mas problemas técnicos atrapalharam as vendas. Na sequência, veio o BlackBerry Torch, que sofreu com software desatualizado e desempenho ruim.
Entre 2012 e 2013 surgiu um novo sistema operacional, o BlackBerry 10, e celulares como BlackBerry Z10 e BlackBerry Q10. Mas os lançamentos não conseguiram rivalizar com os aparelhos alimentados pelos sistemas Android e iOS.
Ainda em 2013 surgiram os primeiros rumores de venda da marca, com interessados como Lenovo e Facebook. Já em 2016, a BlackBerry anunciou a retirada do mercado de celulares, quando a sua participação era mínima.
Embora a fabricação tenha sido interrompida, a marca continuou a aparecer em novos smartphones, feitos pela TCL, que adquiriu a licença. Modelos como o BlackBerry KeyOne e Key2 tinham Android e a empresa chinesa manteve a licença até 2020, repassando-a para a startup OnwardMobility.
A nova proprietária tentou reviver o BlackBerry com um celular 5G, mas o projeto não avançou. Os celulares clássicos da companhia tiveram o suporte encerrado no início de 2022, perdendo várias funcionalidades.
Investindo em cibersegurança
Hoje, a BlackBerry fornece soluções para prevenir ataques cibernéticos. (Imagem: Getty Images)Fonte: Getty Images/Reprodução
Quando abandonou a fabricação de celulares, ela decidiu investir no ramo de segurança cibernética. A mudança começou com a compra da britânica Encription, em 2016, que atendia agências governamentais e grandes organizações.
Dois anos depois, a pioneira da indústria de smartphones adquiriu a startup americana Cylance, entrando de vez no segmento de softwares e serviços de segurança. Assim como no passado, o foco continuou sendo o mercado corporativo.
O que faz a BlackBerry hoje?
Site da BlackBerry em 2024. (Imagem: BlackBerry/Reprodução)Fonte: BlackBerry/Reprodução
Ao pesquisar pela BlackBerry em 2024, você encontrará o site da marca funcionando normalmente. Mas nele não haverá informações sobre os celulares clássicos e sim sobre segurança cibernética, área em que ela atua no momento.
Milhares de clientes empresariais são atendidos pela antiga RIM, globalmente, incluindo fabricantes de carros elétricos que oferecem as soluções de segurança em seus modelos. Relatórios sobre ferramentas de cibersegurança e mitigação de ataques hackers também estão disponíveis na página oficial da BlackBerry.
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