Que fim levou o Fotolog? Rede social de fotos foi o 'avô' do Instagram nos anos 2000

Por André Luiz Dias Gonçalves

10/08/2024 - 10:004 min de leitura

Que fim levou o Fotolog? Rede social de fotos foi o 'avô' do Instagram nos anos 2000

Fonte : Archive Team/Reprodução

Na época em que os celulares faziam "apenas" ligações, enviavam mensagens de texto e a câmera estava restrita aos modelos mais caros, o Fotolog era o site da moda. Precursor das redes sociais, ele surgiu antes do Orkut e do Facebook.

Lançada em maio de 2002, a plataforma se tornou uma febre entre os jovens do início do século XXI. Focada nas fotos, ela era uma espécie de álbum virtual, onde as pessoas postavam ensaios fotográficos, registros de festas, viagens e outras ocasiões especiais.

O Fotolog foi pioneiro no compartilhamento de fotos online. (Imagem: Archive Team/Reprodução)O Fotolog foi pioneiro no compartilhamento de fotos online. (Imagem: Archive Team/Reprodução)

O parente distante do Instagram também permitia postar textos que na maioria das vezes eram apenas legendas para as imagens e as publicações podiam receber comentários. A página chegou a ter 20 milhões de visitantes únicos por mês e mais de 3 bilhões de visualizações, alcançando o top 20 dos sites mais visitados do mundo.

É importante ressaltar que o sucesso aconteceu mesmo com as limitações tecnológicas, principalmente nos primeiros anos do Fotolog, quando as câmeras digitais eram caras e a internet discada predominava.

Como funcionava o Fotolog?

Fazer o upload de fotos no início do Fotolog era uma tarefa demorada. (Imagem: Getty Images)Fazer o upload de fotos no início do Fotolog era uma tarefa demorada. (Imagem: Getty Images)

O site de fotos que era febre nos anos 2000 e antecipou tendências como o compartilhamento de selfies tinha dois tipos de contas. Na versão gratuita, era possível postar uma imagem por dia e receber 20 comentários, além de personalizar a página e adicionar perfis à lista de favoritos.

a conta paga do Fotolog liberava o upload de seis fotos por dia com até 200 comentários em cada uma delas. O modelo premium incluiu outras vantagens, como a possibilidade de comentar nos livros de visitas lotados e o acesso a um suporte melhorado.

Quem não possuía cadastro também conseguia acessar a rede social, mas somente para visualizar as fotos. Bastava clicar em um link recebido, ir ao site do Fotolog e navegar pelas postagens destacadas na página inicial ou pesquisar o perfil desejado.

Os grupos temáticos que reuniam pessoas com interesses comuns eram outro atrativo, permitindo postar 50 fotos a cada dia. Vale destacar que a plataforma ainda funcionava para a paquera online, com muitos casais surgindo a partir da interação nos comentários das fotos.

Celebridades do Fotolog

A hoje influencer MariMoon teve um dos perfis mais populares do Fotolog. (Image: BBC/Reprodução)A hoje influencer MariMoon teve um dos perfis mais populares do Fotolog. (Image: BBC/Reprodução)

A partir do crescimento do avô do Instagram, alguns perfis começaram a se destacar, atraindo a atenção dos usuários no Brasil, que tinha o terceiro maior número de contas cadastradas globalmente, em 2008. Dessa forma, a rede social também trazia seus influenciadores.

Inaugurando o perfil no Fotolog em 2003, MariMoon é considerada uma das primeiras celebridades da internet brasileira. O seu blog se transformou no mais seguido da plataforma em território nacional, sucesso que a levou a ser contratada pela antiga MTV Brasil e virar garota-propaganda de várias marcas.

Outro fotologger famoso foi Sérgio Franceschini, o Serginho que participou do Big Brother Brasil 10. No site descontinuado, ele era conhecido como “Sr. Orgastic” e também chamado de o “rei dos emos”, pois representava os fãs do estilo musical. Com o sucesso do perfil, foi convidado para integrar o elenco do reality show da Globo.

Por que o Fotolog acabou?

A plataforma tentou retorno depois de 2016, mas não obteve sucesso. (Imagem: TecMundo/Reprodução)A plataforma tentou retorno depois de 2016, mas não obteve sucesso. (Imagem: TecMundo/Reprodução)

O fim do Fotolog está associado ao crescimento de outras redes sociais com recursos mais completos, como o Instagram. Também pesou a preferência dos usuários por Facebook e Twitter, que igualmente permitiam postar fotos e textos, além de mais funcionalidades.

Além disso, rivais como Flogão e outros começaram a tirar espaço do serviço pioneiro, adquirido pelo grupo francês HiMedia em 2007 por US$ 90 milhões (aproximadamente R$ 180 milhões na cotação da época). Apesar da compra, o novo proprietário não investiu em melhorias, o que também contribuiu para a derrocada.

Com os usuários migrando para as plataformas acessíveis por meio de apps, o Fotolog chegou ao fim em fevereiro de 2016. Na ocasião, o grupo francês anunciou a descontinuidade do serviço sem fornecer meios para backup ou remoção dos conteúdos postados, o que causou problemas para muitos usuários.

Retorno em 2018

Site que utiliza o nome do Fotolog atualmente. (Imagem: Fotolog.com/Reprodução)Site que utiliza o nome do Fotolog atualmente. (Imagem: Fotolog.com/Reprodução)

Pegando os fãs nostálgicos de surpresa, o Fotolog teve um breve retorno em 2018, inclusive trazendo as contas antigas da plataforma. Era possível acessá-las com o mesmo login desde que os perfis não tivessem sido excluídos antes de 2016.

Na volta, a rede social permitia uma postagem por dia para reduzir o “excesso de publicações que pressionam a busca pela validação de outros”, como dizia o texto na página inicial. A plataforma ganhou um app para Android mas ficou tempo no ar e acabou desativada definitivamente em 2019.

Se você pesquisar pelo Fotolog em 2024 verá uma página bem diferente do clássico serviço de compartilhamento de fotos. O site que usa esse nome compartilha artigos sobre assuntos variados.

E aí, você teve Fotolog? Quais as suas lembranças com a rede social? Esse foi o primeiro texto da nova série "Quem Fim Levou" do TecMundo! Todos os sábados nós vamos lembrar algum serviço/produto muito nostálgico da internet!


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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