Por André Menezes.
Que o Brasil é um país com extrema desigualdade social nós já sabemos. Porém, essa desigualdade também se amplia para o campo digital, onde esses abismos acabam gerando impactos no mundo real.
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Segundo um estudo realizado pelo Instituto Locomotivas e a consultoria PwC em 2022, mais de 33 milhões de brasileiros não têm acesso à internet. Na era da hiperconectividade, a pergunta que fica é: como vencer essa barreira da exclusão digital com o 6G já querendo bater na porta de muitas empresas de telecomunicações?
O estudo ainda revela que os grupos de pessoas "desconectados" representam 20% da população brasileira com mais de 16 anos e são majoritariamente composto por pessoas negras, pertencentes às classes C, D e E; já os "subconectados" e os "parcialmente desconectados", equivalem a 25% e 26% da população. Esses dados proporcionam um verdadeiro “print” do contraste digital no Brasil e os obstáculos que ainda precisam ser superados.
A conectividade é fundamental para que a inclusão digital aconteça, de fato.
Vale lembrar que durante a pandemia essa mesma população foi fortemente impactada pelos efeitos colaterais da crise sanitária mundial ocasionada pela Convid-19. O que acabou afetando não somente a inviabilidade de trabalhos em home office, mas também o ensino, que passou a ser implementado na modalidade EAD.
Em meio a este impasse, o setor de telecomunicações já vem discutindo a próxima geração das redes móveis, o 6G. Contudo, este é um momento muito delicado para se falar em avanço, e dar alguns passos para trás faz jus ao que o rapper e compositor brasileiro Mano Brown sempre diz: precisamos voltar para a base.
A falta de conectividade para pessoas pretas, pobres e periféricas é de fato um desafio significativo e uma questão de justiça social e digital. A conectividade à internet é essencial para o pleno acesso à informação, educação, oportunidades de emprego, serviços de saúde e muitos outros aspectos da vida moderna.
Para abordar esse desafio, é crucial que governos, organizações sem fins lucrativos e empresas privadas trabalhem juntos para criar infraestruturas de internet acessíveis e disponíveis em áreas marginalizadas. Além disso, é importante fornecer treinamento e educação sobre o uso da internet para que as pessoas possam aproveitar ao máximo os recursos disponíveis online.
O acesso equitativo à conectividade é fundamental para promover a igualdade de oportunidades e reduzir as disparidades sociais e econômicas. Enquanto a inclusão tecnológica não estiver no centro dos debates sobre conectividade no Brasil e no mundo, todo avanço vai pedir alguns passos para trás.
A tecnologia pode mudar o mundo em um instante, mas é preciso pensar isso de forma horizontal, onde todos os grupos sociais desfrutem das novas ferramentas e possam navegar de forma democrática neste mar digital.
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*André Menezes é gerente de programas na Netflix. Com título de Master of Liberal Arts (ALM) in Extension Studies, field of Management (Mestre em Artes Liberais com foco em Administração) em Harvard uma das Universidades mais prestigiadas do mundo, desde