O Doodle do Google desta terça-feira (11) homenageia João do Vale, um dos mais destacados artistas maranhenses, responsável por introduzir os ritmos musicais nordestinos no circuito da Música Popular Brasileira, a partir de 1950. Menino preto e pobre vendedor de laranjas, João foi expulso da escola para dar lugar ao filho de um coletor de impostos branco e, ainda jovem, tornou-se ajudante de caminhão para levar sua poesia ao povo do Brasil.
Enquanto trabalhava, visitou outras cidades grandes, onde compartilhou com o povão as suas melodias e poesias. Navegando sempre nas águas da poesia popular, acabou se consolidando como figura expressiva, conquistando na época um sucesso impensável para um negro nordestino semianalfabeto.
Cantando a pobreza e a cultura popular, chegou em 1950 à Rádio Nacional, então um dos maiores centros de divulgação musical da época, onde teve uma dificuldade: relembrar de memória as suas canções e suas peças, pois o artista não sabia escrever. Com sua desenvoltura e boa dicção, João soltou a voz e seus baiões chegaram a muitos lugares. Logo sua carreira musical decolou.
O poeta do povo
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Em 1964, João do Vale estreou oficialmente como cantor no restaurante carioca Zicartola, onde nasceu a ideia do famoso Show Opinião, dirigido por nomes como Oduvaldo Viana Filho. Chamado de show-manifesto, por estrear em dezembro, alguns meses após o golpe militar, o espetáculo reuniu o maranhense com alguns medalhões da MPB, como Zé Kéti e Nara Leão.
Inaugurando o que passaria a ser conhecido como "música de protesto", a música "Carcará" (composta em parceria com José Cândido) passou a ser uma referência nacional e marcou o lançamento de uma nova cantora baiana – Maria Betânia –, que substituiu Nara no espetáculo. Logo vieram outros sucessos, como “A voz do Povo”, “Peba na Pimenta”, “Pisa na Fulô”, “O jangadeiro” e “Minha História”, gravada por Chico Buarque.
Falecido em 1996, o artista completaria hoje 88 anos de idade. Seu nome foi eternizado em um teatro a ele dedicado no Centro Histórico de São Luís (MA). Na sua Pedreiras, foi erguida uma estátua, na qual ele segura no braço o seu inseparável carcará, ambos feitos de bronze.
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