A Meta anunciou nesta quinta-feira (7) ter derrubado uma rede de perfis falsos no Facebook e no Instagram que atuava na disseminação de fake news relacionadas às causas ambientais, principalmente sobre o desmatamento da Amazônia. Segundo a big tech, as contas eram operadas por dois militares do Exército Brasileiro.
Contratada pela dona do Facebook para investigar o caso, a agência Graphika aponta que a operação de desinformação ocorreu em duas fases. A primeira teve início em 2020, com a postagem de memes sobre causas sociais e políticas, incluindo assuntos como a pandemia do novo coronavírus e a reforma agrária.
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Sem alcançar o engajamento desejado, os operadores finalizaram a atividade, mas retomaram o projeto em 2021. Na segunda etapa, foram criadas páginas de ONGs falsas e perfis de ativistas fictícios que supostamente atuavam em questões ambientais no estado do Amazonas.
A rede conseguiu um maior engajamento na segunda fase.Fonte: Shutterstock
Os perfis postavam conteúdos sobre o desmatamento na região, argumentando que o processo nem sempre era prejudicial, e criticavam organizações legítimas contrárias às queimadas. Além de memes, eles também divulgavam materiais da mídia tradicional, de fotógrafos da natureza e do Greenpeace, tentando passar maior credibilidade.
Desmantelando a rede
De acordo com o relatório da Graphika, a rede de desinformação sobre a Amazônia era composta por 14 contas e nove páginas no Facebook, além de 39 contas no Instagram. O grupo gastou cerca de US$ 34 em anúncios nas duas plataformas, buscando aumentar o alcance das publicações.
Em meio às páginas falsas, algumas chamaram a atenção dos investigadores, como os perfis “Amazônia Sustentável”, “NaturAmazon” e “Verde Mais”. Todas elas indicaram endereços errados — o da NaturAmazon, por exemplo, pertence a um petshop em Manaus — e costumavam elogiar a atuação do governo federal no setor ambiental, criticada internacionalmente.
O Instagram também foi utilizado pela dupla na disseminação de fake news.Fonte: Unsplash
Por outro lado, o trabalho de ONGs autênticas na defesa da Amazônia era sempre desaprovado pelos perfis falsos que integravam o grupo, como o denominado “O Fiscal das ONGs”. Ele também acusava os membros das organizações críticas à política ambiental do governo de cometerem crimes como o desvio de verbas.
As contas ligadas à rede ainda atuavam no compartilhamento de estatísticas e notícias sobre desmatamento que de alguma forma favorecessem o governo e os militares convocados para combater o desmatamento na Amazônia, de acordo com o documento. Todas as imagens postadas traziam a logomarca e os links das supostas entidades, tentando passar credibilidade e atrair novos seguidores.
Operadores possuíam ligação com o Exército
A rede de ONGs falsas e perfis fraudulentos foi descoberta a partir de uma investigação sobre suspeita de comportamento inautêntico coordenado, o que viola as políticas de uso das duas plataformas. O grupo também usou fotos geradas por técnicas de inteligência artificial para abastecer as contas.
Durante a apuração, a agência chegou a duas pessoas que serviam ao Exército Brasileiro até dezembro de 2021, pelo menos, cujas identidades não foram reveladas. A dupla é apontada como responsável por operar os perfis falsos, mas não se sabe se eles agiram por conta própria ou a mando de terceiros.
O Exército ainda não se pronunciou sobre o caso.
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