As redes sociais podem ser consideradas grandes canais de desinformação, já que a disseminação de fake news é comum no Facebook, Instagram e WhatsApp. No entanto, uma carta assinada por mais de 80 grupos de checagem de fatos afirma que o YouTube se destaca quando o assunto é espalhar boatos globalmente na web.
Diversas instituições incluindo o Full Fact, do Reino Unido, e o Fact Checker, do Washington Post, afirmam que a plataforma de streaming é o principal canal de desinformação da internet. Por exemplo, a carta afirma que conteúdos de grupos como o Doctors for the Truth espalham informações falsas sobre o coronavírus sem grandes punições no serviço.
“O YouTube está permitindo que sua plataforma seja armada por atores sem escrúpulos para manipular e explorar outros, e para se organizar e arrecadar fundos. As medidas atuais estão se mostrando insuficientes”, afirma um trecho da carta para a CEO do YouTube, Susan Wojcicki.
Alterações na plataforma
Na carta, os grupos requisitam quatro mudanças na plataforma: uma iniciativa para financiar pesquisas independentes de desinformação; fornecer links dentro de vídeos para refutar informações falsas; impedir que o algorítimo do YouTube promova infratores reincidentes; e fazer outras iniciativas para combater a desinformação em vídeos de diferentes idiomas.
O YouTube é considerada uma das maiores plataformas de streaming do mundoFonte: Unsplash
Inclusive, os grupos de checagem de informações apresentaram exemplos de desinformação, como conteúdos falsos sobre o ex-presidente das Filipinas, Ferdinand Marcos, ou o apoio ao cenário de "fraude" após as eleições dos Estados Unidos — eles também comentam sobre a infeliz ampliação do discurso de ódio contra vulneráveis no Brasil.
Banimento de conteúdos
Em 2020, o YouTube começou a banir informações falsas relacionadas a vacinação contra a covid-19 e, um ano depois, disse que removeria conteúdos falsos sobre qualquer vacina. As diretrizes da plataforma afirmam que "certos tipos de conteúdos enganosos ou com sério risco de danos graves” serão banidos — inclusive, segundo o serviço de streaming, o Brasil está entre os países com mais vídeos removidos por conta de desinformação.
“Ao longo dos anos, investimos fortemente em políticas e produtos em todos os países em que operamos para conectar pessoas a conteúdo autoritário, reduzir a disseminação de desinformação limítrofe e remover vídeos violadores", disse a porta-voz da plataforma, Elena Hernandez. "Vimos um progresso importante, mantendo o consumo de informações incorretas recomendadas significativamente abaixo de 1% de todas as visualizações no YouTube e apenas cerca de 0,21% de todas as visualizações são de conteúdo violador que removemos posteriormente."
A representante do YouTube também ressaltou que a companhia está buscando maneiras de melhorar a plataforma. "Estamos sempre procurando maneiras significativas de melhorar e continuaremos a fortalecer nosso trabalho com a comunidade de verificação de fatos”, disse a porta-voz, em resposta à carta enviada pelos grupos de checagem de fatos.
Fontes