Rodando o feed do YouTube, é possível que você já tenha visto vídeos cuja capa mostra uma garota com traços de anime estudando com fones de ouvido. Essa é uma imagem típica que indica os longos sets de música Lo-fi.
Misturando batidas do jazz e do hip-hop, esse gênero se tornou bem popular durante a pandemia do coronavírus. A seguir, entenda um pouco da origem desse estilo musical e como ele se tornou a trilha sonora oficial do home office.
O que é música Lo-fi?
Lo-fi é o diminutivo de Low Fidelity (baixa qualidade, em inglês). O termo é associado a registros sonoros com imperfeições que seriam consideradas erros no processo de gravação em fitas de rolo, como eram gravados os discos antigamente. Nos anos 1980, a expressão ficou bem popular no meio do hip-hop graças ao DJ William Berger, porque seu programa na rádio WFMU de Nova York tinha como característica apenas tocar músicas gravadas de modo caseiro em fitas k7 Lo-fi.
Mais de 30 anos depois, muitos produtores ainda se inspiram nesse formato peculiar para elaborar trabalhos e criam uma “atmosfera sonora” que lembra as reproduções em antigas vitrolas e toca-fitas, além de acrescentar outros chiados “caseiros”.
O lado nostálgico combinado com a leveza e a simplicidade típicas do jazz ajudam a construir um ambiente tranquilo para diversas pessoas — um fator que contraria os estudos que indicam que ouvir música afeta negativamente a criatividade.
Música feitas em quartos… para tocar em outros quartos
Uma das principais características da música Lo-fi é o conceito de "faça você mesmo". Muitos músicos iniciantes criam os temas em pequenos estúdios no próprio quarto, em registros tão originais que dificilmente seriam detectados por apps como Shazam. O ambiente caseiro também inspira os artistas a trazerem elementos cotidianos para a obra, por isso as faixas costumam ter diálogos de filmes ou animes, ruídos de TVs e outros sons externos que possam se encaixar na trilha que está sendo composta.
Como uma alternativa para relaxar no cotidiano agitado das grandes cidades, a música Lo-fi passou a ser bastante consumida por jovens entre 15 e 25 anos. Sendo assim, ela é comumente apontada como um gênero millennial. Mas durante a pandemia pessoas de diversas idades conseguiram enxergar a real contribuição do estilo musical para o dia a dia — mais que isso, há estudos que mostram como ela atua diminuindo a ansiedade e aumentando o foco nas atividades.
Como os temas Lo-fi ajudam na concentração?
Gerando um efeito relaxante, as composições que seguem o estilo Lo-fi usam batidas e samples em um loop infinito. Especialistas em música e terapeutas explicam que a repetição torna a faixa previsível e, por consequência, acalma os ouvintes.
Isso acontece porque o cérebro prevê em um nível subconsciente como a música vai continuar nos próximos minutos, então faz que a pessoa consiga desviar a atenção do som para focar outras coisas sem ser surpreendida. Especialistas chamam esse fenômeno de “efeito casulo”. No caso, o som suave e previsível da música Lo-fi protege o ouvinte do mundo externo e “hostil”, ajudando-o a relaxar e ter maior concentração nas atividades que está executando, por isso não é uma surpresa que o gênero tenha se tornado um sucesso na pandemia, quando muitas pessoas estão trabalhando ou estudando em casa.
Quem são os principais artistas de música Lo-fi?
No fim dos anos 2000, a música Lo-fi obteve bastante sucesso no YouTube. Produtores como o japonês Nujabes e o norte-americano J Dilla influenciaram muitos artistas, que passaram a produzir o próprio material e divulgar na internet. Hoje, os canais europeus ChilledCow, Chillhop e College Music são os principais representantes do gênero; com milhões de seguidores, eles disponibilizam longos sets que podem ter mais de 2 horas de duração.
No Brasil, Zeca Viana, Felipe Satierf e Lucas Bellator criam músicas e playlists Lo-fi que misturam hip-hop e música nacional. Os resultados são ótimos remixes com faixas de Tim Maia, Tom Jobim, Alceu Valença e Legião Urbana.
Você já conhecia o gênero de música Lo-fi? Quais são seus artistas preferidos? Conte para a gente nos comentários.
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