Um vídeo publicado no TikTok no início do mês de maio, mostrando como supostamente burlar o Face ID em um iPhone 11, viralizou com mais de 2 milhões de visualizações e 170 mil curtidas. O vídeo leva a crer que uma falha no sistema permite que outra pessoa acesse seu celular.
"Entrou no meu iPhone sem senha", diz um lettering nos primeiros segundos do vídeo. A conversa entre o casal dá a entender que um deles sabe uma forma de acessar um iPhone 11, mesmo que não saiba a senha ou tenha os dados faciais cadastrados.
A suposta falha aconteceria da seguinte forma: na tela de bloqueio, o usuário precisa seguir a ordem de abrir a Central de Controle e ligar o flash da câmera, e depois abrir o 'Timer'; em seguida, seria preciso abrir novamente a Central de Controle, abrir a câmera e arrastar para cima. Assim, o celular seria desbloqueado.
"Não é como, mas quando"
Na realidade, assim como outras supostas falhas do tipo publicadas na rede social, esta também é falsa. O iPhone mostrado no vídeo, aparentemente, é novo (a julgar pelo plástico), porém os dados faciais do usuário que quer acessá-lo "sem senha" já teriam sido cadastrados.
Ao mostrar a tela de bloqueio, o ícone de cadeado fechado – que indica que o celular está bloqueado – é exibido porque seu rosto não está centralizado com o celular. Quando a Central de Controle é 'puxada', a animação do cadeado é escondida, mas o Face ID realiza a leitura do rosto do usuário, agora centralizado.
A falsa impressão de que ele burlou o sistema da Apple acontece porque a animação não é exibida novamente após abrir o Timer e a Câmera. Assim, não é possível ver o cadeado sendo aberto, ilustrando o desbloqueio do celular.
Animação de cadeado mostra iPhone bloqueado e desbloqueado.Fonte: Wellington Arruda/TecMundo
Outra possibilidade, também levantada por usuários na publicação, é de que o iPhone não teria nenhum dado de senha ou rosto cadastrado. Quando isso acontece, a animação do cadeado não é exibida – nem fechado, nem aberto.
O TecMundo entrou em contato com a Apple, mas a empresa não quis comentar sobre o caso.
Invasão de privacidade
Apesar de induzir os espectadores a acreditarem que há uma falha no sistema, o vídeo levanta também debates sobre invasão de privacidade e relacionamento abusivo. Segundo o art. 154-A do Código Penal, o crime de invasão ao dispositivo informático alheio prevê detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
Na própria publicação, uma usuária cita que "isso é um sintoma de uma relação abusiva, além de ser invasão de privacidade que é crime". Em resposta, Melillo concorda com ela e diz que "no nosso caso é só brincadeira :) relação saudável por aqui".
No diálogo entre o casal do vídeo, um homem diz: "celular novo, mas não quer me passar a senha. E eu não concordo com esse tipo de namoro. Vou ter que hackear, né?". Ele ainda afirma ter "um jeito", que no caso é o que explicamos acima. Neste momento, o homem diz que "daqui a pouco eu tô usando o seu WhatsApp".
Ainda que a intenção do casal com o vídeo seja de divertir o público, a mensagem também tem impacto negativo. Acessar dispositivos eletrônicos de outra pessoa sem consentimento é crime, seja qual for o laço entre ambas as partes.
A prática também pode induzir ao uso de spywares, que consiste em espionar um dispositivo eletrônico sem que a vítima saiba. Na maioria dos casos, a ferramenta precisa ser instalada manualmente por uma pessoa que tenha acesso ao dispositivo.
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