Na noite do último sábado (25), a influenciadora fitness Gabriela Pugliesi fez uma festa e recebeu cerca de dez amigos em casa em meio ao período de isolamento social devido à pandemia da covid-19. Após publicar vídeos do encontrinho nas redes sociais, Pugliesi perdeu uma série de contratos e tentou se desculpar no Instagram.
Cobradas pelos internautas, diversas marcas que têm algum tipo de vínculo com a influenciadora se posicionaram dizendo que não corroboram a atitude do fim de semana, afirmando que suspenderiam campanhas com a musa fitness. Além disso, na manhã desta segunda-feira (27), a influencer de 34 anos de idade já tinha perdido cerca de 150 mil dos seus mais de 4 milhões de seguidores.
Imagens da festa de Gabriela Pugliesi. (Fonte: Instagram/Reprodução)
Curiosamente, todos os convidados da festa que foram expostos fazem parte do time de Pugliesi: "famosos" que promovem uma vida saudável, regada a whey protein e muita atividade física. Além disso, todos defendem o distanciamento físico nas redes sociais, reforçando a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para que as pessoas fiquem em casa.
Para piorar a situação, o casamento da irmã de Pugliesi, que aconteceu na Bahia em março, tornou-se um dos grandes focos de disseminação do coronavírus no Brasil. Na ocasião, cerca de 70 convidados foram contaminados, incluindo a própria influenciadora.
A cultura de influenciadores como conhecemos está acabando
Olhando além desse caso, a pandemia de covid-19 está mostrando algo que já estava acontecendo de maneira mais discreta: as pessoas não estão mais engolindo falsos discursos de influencers nas redes sociais.
Durante uma pandemia que envolve distanciamento físico, grande parte dos produtores de conteúdo perdeu seu poder de despertar curiosidade e interesse nas pessoas com publicações de viagens, festas e vida agitada. Dentro de casa, fica mais difícil mascarar a rotina e manter a relevância, o que dá espaço para aqueles que não tentam se esconder por trás de um estilo de vida inventado para vender.
A cultura de influência sempre esteve muito relacionada a uma suposta autenticidade. O problema é que agora vivemos um momento em que a perfeição apresentada na vitrine do Instagram já não é mais importante, afinal as pessoas estão mais preocupadas em manter o emprego ou em aprender a fazer pão.
A reação do público ao "deslize" da turma de Pugliesi é um forte indício de que a venda criada pelos belos feeds e pela vida interessante precisa se reinventar para dar espaço a um discurso mais fiel ao que está sendo promovido pelo influenciador.
Prova disso é que os influencers com públicos menores (1 mil a 10 mil seguidores), mas altamente engajados, foram apontados como tendência do marketing de influência em 2020. Pesquisas apontam que, neste ano, os produtores de conteúdo com menos fãs já estão sendo utilizados 300% mais vezes por grandes empresas do que em 2016.
Especialistas do mercado dizem que as pessoas se conectam com esses microinfluenciadores porque sentem uma identificação. Isso significa que cada vez mais a influência exercida de forma irresponsável pode trazer consequências morais e financeiras imensas para aqueles que expõem a vida na internet.
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