A Netflix veio para ficar e também para mudar a própria indústria hollywoodiana. Discussões sobre a validação e o sistema de registros no Oscar à parte, o serviço de streaming vem mostrando abertamente há algum tempo suas intenções de acumular indicações e prêmios — não somente da maior festa do cinema como também de outros eventos menores.
Se você se ligou na plataforma durante o final de semana, percebeu ali a presença de “Roma”, produção com jeitão “artsy” em preto-e-branco, sob o comando do oscarizado Alfonso Cuaron (“Gravidade”, “E Sua Mãe Também”). Desde a estreia, o título já se posiciona como forte concorrente na disputa por “Melhor Filme” no Oscar 2019.
O filme original "Roma", de Alfonso Cuaron. Fonte: Netflix
No final de semana, Scott Stubber, executivo responsável pelo investimento nos filmes originais da Netflix, falou mais a respeito do setor, em um perfil do The New York Times. De acordo com a entrevista, a meta é se tornar o mais produtivo estúdio em Hollywood, com nada menos do que 90 lançamentos por temporada — isso apenas com relação aos longa-metragens, incluindo as animações.
Orçamentos vão de US$ 20 milhões a US$ 200 milhões
Segundo os planos de Stubber, a ideia é dividir o investimento em dois grupos de produções. O primeiro prevê ideias originais, em filmes com orçamento de US$ 20 milhões a US$ 200 milhões. Vale destacar que grandes blockbusters, como “Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas” e “Vingadores: Guerra Infinita” custaram US$ 378 milhões e US$ 300 milhões.
Embora os títulos acima sejam favoritos dos fãs e causem muito barulho, a ideia é se concentrar também em investidas que agradem aos críticos — especialmente os do Globo de Ouro e do Oscar. “Roma” consumiu “apenas” US$ 15 milhões, por exemplo. Então, a Netflix também está bastante interessada nesse filão “alternativo”, com estimativa de injeção em 35 longas de até US$ 20 milhões, cada.
A Netflix gastou US$ 5 bilhões em conteúdo somente no primeiro semestre deste ano e já foram mais US$ 30 bilhões em produções originais e licenciamento de séries desde 2014 — sendo que US$ 10 bilhões foram somente de julho de 2017 ao mesmo período de 2018. Resta saber como os executivos responsáveis pela salas de cinemas, que já reclamam de uma certa debandada do público, vão reagir com isso tudo nas próximas temporadas.