Um rumor começou a circular em agosto deste ano e dizia que a Google trabalhava secretamente no desenvolvimento de um buscador para o mercado chinês em conformidade com a censura do governo local. Em outubro, o presidente da empresa Sundar Pichai confirmou a existência do chamado Projeto Dragonfly.
Oficialmente, a iniciativa é apresentada como uma possível oferta de “melhores informações do que as que estão atualmente disponíveis” para os chineses. Contudo, a submissão à censura é vista com maus olhos por organizações de defesa de direitos humanos e funcionários da empresa — o Dragonfly poderia, por exemplo, associar o número de telefone de um usuário às buscas feitas por ele na, possivelmente facilitando a perseguição do governo contra dissidentes.
Hoje (27), um grupo de funcionários da Google publicou um documento no Medium pedindo o fim da iniciativa. Eles se identificam como “Funcionários da Google contra o Dragonfly” e inclui 11 trabalhadores, a maioria deles do setor de engenharia de software da empresa.
O manifesto
“Somos funcionários da Google e nos juntamos à Anistia Internacional no chamado para que ela cancele o projeto Dragonfly, esforço para criar um motor de busca censurado para o mercado chinês e que permite a vigilância estatal”, escrevem os trabalhadores.
O documento cita ações de grupos internacionais e reportagens investigativas que já destacaram os “sérios problemas de direitos humanos” intrínsecos ao projeto. Ele deixa claro, ainda, que a oposição não se dá à China em si, mas “às tecnologias que ajudam os poderosos a oprimir os vulneráveis, onde quer que estejam.”
O grupo finaliza o seu manifesto pedindo que a direção da Google se comprometa com valores como “transparência, comunicação clara e responsabilidade de fato” em suas ações.
“A Google é muito poderosa para não ser responsabilizada”, escrevem os funcionários. “Nós merecemos saber o que estamos criando e merecemos ter uma participação nessas decisões significativas”, finalizam os 11 trabalhadores da Gigante da Web.
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