O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) lançou ontem (28) o livro “Banda Larga no Brasil: um estudo sobre a evolução do acesso e da qualidade das conexões à Internet”, um conjunto de pesquisas sobre a qualidade de conexão à Internet em diferentes regiões e Estados brasileiros, incluindo a oferta, a demanda e o custo da conectividade no País.
O levantamento conta com duas principais frentes: a do Sistema de Medição de Tráfego Internet (Simet), que pela primeira vez leva informações de Big Data para a série “Cadernos NIC.br — Estudos Setoriais”; e a do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informações (Cetic.br), que coletou material durante quatro anos, entre 2013 e 2016.
"O uso de fontes alternativas de dados, como é o caso dos chamados Big Data, representa uma inovação metodológica de alta relevância e está alinhado com o monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Órgãos de estatística em todo o mundo têm se esforçado para garantir o acesso a essas bases e para avaliar seu uso como fonte de informação relevante para a construção de indicadores sociais e econômicos de interesse público", explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br.
São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná têm conexão de melhor qualidade
Os resultados inéditos do Simet são apresentados a partir da comparação entre regiões do país e também do desempenho de 13 unidades da federação: aquelas que tiveram o maior volume de registros de medição aferidos entre 2013 e 2016, que também são as unidades de maior contingente populacional. Esses testes percorreram um trajeto da rede em questão até um ponto neutro, sem a interferência de terceiros.
Os Estados que tiveram as melhores avaliações foram São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Paraná. Em 2016, São Paulo apresentou resultados de velocidade quase cinco vezes maior e de latência quase duas vezes menor do que o Pará.
Com relação à velocidade, o estudo revelou redução nas disparidades entre as regiões, especialmente com o crescimento dos números aferidos no Norte e Nordeste, que tiveram o pior desempenho em 2013. Entre 2014 e 2016, as diferenças regiões caíram — no Nordeste, por exemplo, era de -44% em 2014 e passou para -3% em 2016.
No que se refere à latência, que é o tempo de trânsito das informações em uma conexão, houve redução em todo o território tupiniquim, o que indica uma boa melhora. Em 2013, o índice no Norte era quase cinco vezes maior que o do Sudeste e, ao final do período analisado, baixou para 3,6 vezes maior.
Crescimento de conexões móveis nas classes mais pobres
O relatório da Cetic avalia as web de empresas, domicílios, instituições educacionais, órgãos governamentais, centros de saúde e provedores, aponta para o crescimento das conexões móveis nos domicílios das classes C e, especialmente D e E, entre 2013 e 2016. "Os dados e indicadores analisados nesta publicação, sob uma perspectiva da demanda e oferta, apontam que as políticas públicas devem buscar superar desigualdades”, comenta Alexandre Barbosa.
A comparação entre instituições de diferentes setores com conexões de banda larga via cabo ou fibra óptica mostra que, no setor público, os órgãos estaduais e federais se destacam, com acesso quase universal (96%). Isso muda em prefeituras (69%), empresas brasileiras (64%) e estabelecimentos de saúde (63%). Já nas escolas em áreas urbanas, menos da metade possuía conexões (41%).
Já em relação à velocidade da principal conexão utilizada, 40% das empresas declararam ter conexões acima de 10 Mbps em 2015, proporção que foi de somente 26% entre estabelecimentos de saúde e de apenas de 11% entre escolas. O crescimento de conexões acima de 10 Mbps mostrou-se desigual entre 2013 e 2015: entre as escolas, subiu de 8% para 11%, um crescimento relativo de 37%; na saúde, cresceu 136%, passando de 11% para 26%; já entre as empresas, o crescimento foi de 66% (de 24% para 40%).