Apps de relacionamento já são lugar comum para os solteiros brasileiros. As chances de você ou algum amigo/a sem compromisso usarem Tinder, Match, Grindr, ParPerfeito ou alguma outra plataforma de encontros é muito grande. Isso porque, de acordo com o Marcos Morares, presidente do Grupo Match para a América Latina, a quantidade de pessoas que possuem um ou mais apps desse gênero em seus smartphones é gigante. “O Brasil é com certeza um dos cinco maiores mercados do mundo em número de usuários”, explicou Moraes.
O executivo ainda explicou em entrevista ao TecMundo que, por aqui, a quantidade de mulheres que utilizam as plataformas online de relacionamento do seu grupo sempre chega muito perto do número de homens. “Em alguns outros países, principalmente os da América Latina, é mais difícil as mulheres entrarem em aplicativos e sites de relacionado. Elas têm mais receio. No Brasil, essa situação é bem mais aberta”, revelou o executivo.
A divisão entre homens e mulheres é muito próxima de 50% a 50%
Ele ainda explicou que, em um dos apps do grupo Match, o ParPerfeito, a divisão entre homens e mulheres é muito próxima de 50% a 50%. Contudo, é interessante notar que, na hora do cadastro, a quantidade de homens é quase sempre maior, mas, quando o assunto é usuários ativos — aqueles que realmente abrem os apps diariamente ou mensalmente — não há muita diferença nessa questão de gênero. “As mulheres usam mais, são mais engajadas. Elas assinam mais e estão mais dispostas a pagar pelo serviço”, informou.
Ao todo, o grupo Match (em todos os seus apps) consegue cerca de cinco milhões de usuários novos ao ano no Brasil. A maioria dos serviços dessa empresa são pagos ou contam com alguns recursos pagos, mas o mercado nacional acaba não gerando tantos assinantes como nos EUA, por exemplo. Por lá, os apps conseguem converter cerca de 5 vezes mais usuários gratuitos em assinantes.
Ainda tem muito a cultura no Brasil de que a internet é gratuita. As pessoas ainda rejeitam muito a coisa é paga na internet
“Pagamento online no Brasil ainda é uma dificuldade, tanto por nível de renda, acesso a meios de pagamento como cartão de crédito, quanto por confiança nos sistemas de pagamento e na internet como um todo”, disse Moraes. Ele acredita que isso deve se tratar de um processo de transição e, em algum momento, esse tipo de mercado estará mais aberto para serviços pagos na web. “Acredito que ainda é muito referente ao nível de maturidade do mercado. Ainda tem muito a cultura no Brasil de que a internet é gratuita. As pessoas ainda rejeitam muito a coisa é paga na internet”, completou.
Outro fato curioso ainda a respeito dessa questão do pago versus gratuito é que, segundo Moraes, grande parte dos comentários negativos sobre os apps do Match na Google Play e na App Store reclamam do fato de as ferramentas serem pagas ou cobrarem por alguns recursos.
Nicho
Os principais produtos mais conhecidos da empresa no Brasil são o ParPerfeito e o Tinder, mas a empresa oferece várias outras marcas mais segmentadas para atingir grupos de nicho. Existem ferramentas como o “Divino Amor”, desenvolvido para a comunidade evangélica, que inclusive permite filtrar pessoas pela igreja frequentada.
A empresa ainda possui o OurTime, dedicado a pessoas mais velhas, com 50 anos ou mais. Esse app em específico chegou ao Brasil há cerca de um ano e já representa algo em torno de 20% da receita do grupo no país. Em número de usuários, a plataforma ultrapassou recentemente o Divino Amor, tornando-se assim o segundo app mais usado da empresa. “O pessoal mais velho é claramente mais engajado com o produto. Eles entendem melhor o conceito e esse pessoal também tem mais acesso a meios de pagamento como cartão de crédito e normalmente tem mais renda”, explicou Moraes.
Mobile
Em 2011, o ParPerfeito fez uma propaganda na TV acreditando que poderia incrementar sua base de usuários consideravelmente. Contudo, o resultado foi bem aquém do desejado, tanto que a empresa resolveu não investir mais em publicidade na TV. Contudo, a disseminação dos smartphones não era tão grande na época como é hoje, e o conceito da “segunda tela” ainda não era muito conhecido nem explorado pelo marketing.
Esperar que a pessoa veja o anúncio na TV, levante, abra o computador, espere carregar, entre no site e tal é uma coisa bem mais difícil
Hoje, 70% dos acessos às plataformas do Match são feitos por meio de dispositivos mobile, e, com uma nova tentativa de anúncio na TV, o ParPerfeito conseguiu um resultado muito melhor. Moraes atribui essa situação ao fato de as pessoas hoje estarem assistindo TV enquanto usam o celular. “A gente percebeu um pico de acessos, e eles vinham única e exclusivamente dos apps e sites mobile. Aí a gente concluiu: o mundo mudou de 2011 para cá”, destacou o executivo. “Esperar que a pessoa veja o anúncio na TV, levante, abra o computador, espere carregar, entre no site e tal é uma coisa bem mais difícil, por isso não tem resultado no desktop”, esclareceu.
Junto com esse crescimento mobile, veio o Tinder, um dos sucessos mais recentes da companhia. Essa plataforma foi desenvolvida para estar primeiro nos dispositivos mobile. Segundo Moraes, o grande crescimento dessa ferramenta inclusive puxou todos os outros apps “concorrentes” junto, tornando o segmento como um todo algo mais popular.
Ainda assim, muita gente desiste dessas plataformas em seis ou oito meses. Entre os assinantes brasileiros dos apps da Match, 2 mil pessoas por mês afirmam estarem cancelando por terem encontrado uma pessoa para um relacionamento sério.
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