O físico, cientista da computação e professor Tim Berners-Lee é um sujeito histórico. Se hoje você acessa o TecMundo e tantos outros serviços por meio da web, dê graças a ele, o grande responsável pela criação da World Wide Web (WWW) — ou, em bom português, rede mundial de computadores.
Apesar de sempre otimista, Berners-Lee vem se mostrando preocupado com o futuro de sua criação. “Eu continuo otimista, mas um otimista parado no topo de uma colina com uma tempestade horrível estourando na minha cara, pendurado em uma cerca”, afirma o cientista em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Temos que cerrar os dentes, nos segurar na cerca e não tomar por certo que a web nos levará a coisas maravilhosas.”
E a automação dos anúncios na internet, um sistema criado para prender a atenção das pessoas da maneira mais automática possível, mesmo que isso implique na proliferação de notícias falsas, é uma das ameaças ao futuro da rede na opinião de seu criador.
“O sistema está caindo”, crava. “A forma como as receitas de publicidade funcionam com caça-cliques não está cumprindo o objetivo de ajudar a humanidade a promover a verdade e a democracia. Então, eu estou preocupado”. Não é a primeira vez que o “pai” da web demonstra essa preocupação: em março deste ano ele já havia sugerido algumas alternativas para combater os “exércitos de bots” compartilhando notícias falsas.
Tim Berners-Lee foi o criador da Web.
As ameaças à neutralidade da rede são outro ponto tocado por Berners-Lee em sua entrevista. Ele vê como retrocesso a possibilidade de que as leis que garantem a neutralidade criadas durante a gestão de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos sejam revogadas. Ele está em Washington, capital dos EUA, para convencer congressistas a não suspenderem a legislação que obriga as operadoras de internet a não privilegiarem um serviço em detrimento de outros.
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Obra da humanidade
Para o criador da web, assim como foram os problemas, as soluções também podem ser criadas por nós. “Estamos tão acostumados a esses sistemas manipulados que as pessoas acreditam simplesmente que é assim que a internet funciona. Nós precisamos pensar sobre como ela poderia ser”, defende.
“Um dos problemas das mudanças climáticas é as pessoas perceberem que isso é antropogênico — criado pelas pessoas. É o mesmo com os problemas das redes sociais: eles são criados pelas pessoas. Se não estão servindo à humanidade, eles podem e devem ser mudados”, conclui Berners-Lee.
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