A loja online brasileira da Amazon começou a vender eletrônicos e games na última quarta-feira (18) depois de uma semana de rumores acerca do assunto. A gigante do varejo norte-americano, entretanto, chegou por aqui de forma modesta: ainda há pouca variedade de produtos, os preços não são lá grande coisa, e tudo está sendo vendido por meio de marketplace, quando outras lojas vendem seus produtos dentro de um site maior.
Por conta disso, o TecMundo resolveu dar uma olhada em como está a nova operação da empresa por aqui e avaliar se essa nova loja virtual tem mesmo potencial para transformar o mercado online brasileiro. Por enquanto, entretanto, parece que não há tanto motivo para empolgação.
Como é essa loja?
Além dos já conhecidos livros, a Amazon abriu mais quatro seções em sua loja online: celulares e telefonia; eletrônicos, TV e áudio; informática e acessórios; e games e consoles. Ainda há pouca diversidade na comparação com outras lojas online especializadas nesses segmentos, mas é possível encontrar os principais produtos de grandes marcas como Motorola e Samsung para o ramo dos celulares, por exemplo.
O problema é que os preços ainda não são lá essas coisas. Praticamente todos os produtos que nós pesquisamos na loja de eletrônicos da Amazon estavam mais baratos em outras lojas online nacionais. Ou seja, ainda não é um bom negócio comprar por lá, com a exceção de um ou outro produto.
Mas isso deve estar acontecendo porque a Amazon ainda tem poucos vendedores em sua marketplace. Por isso, ainda não existe concorrência interna por espaço na página inicial da loja. Quando mais vendedores entrarem, eles começarão a competir pelo melhor preço para conseguir mais destaque e, assim, vender mais.
Mas a Amazon já está um passo à frente de algumas lojas online nacionais. É possível encontrar uma pequena seleção de produtos da Xiaomi e da Nintendo na seção de eletrônicos, mesmo essas duas marcas não mantendo operações próprias no Brasil. Caso esse tipo de coisa se torne mais comum, a Amazon pode passar a ser reconhecida como uma referência para compra de produtos importados de marcas famosas.
É possível encontrar uma pequena seleção de produtos da Xiaomi e da Nintendo na seção de eletrônicos
Claro que é possível encontrar tudo isso no Mercado Livre, por exemplo, mas esse marketplace não oferece as mesmas garantias que a Amazon, sendo que um cliente que recebeu um produto com defeito ou errado tem que lidar diretamente com o vendedor. Caso o situação não seja resolvida, aí é que o Mercado Livre em si entra em ação. Isso gera um pouco de receio e também impossibilita que o cliente tenha um atendimento coeso em qualquer situação.
Internacionalmente, a Amazon também é reconhecida pela comunidade de compradores que fazem avaliações bastante detalhadas sobre os produtos que compraram, e as descrições das mercadorias nas páginas da loja é bem mais específica e clara do que o que vemos na concorrência.
Cadê os descontos?
Por enquanto, desconto real na seção de eletrônicos da Amazon no Brasil é algo praticamente inexistente. Os preços estão todos bem na média do mercado, mas é possível entender a situação. Os vendedores acabaram de começar a comercializar seus itens por lá e ainda não parecem dispostos a oferecer preços mais agressivos.
A Amazon, por sua vez, está tentando agradá-los. A empresa vai cobrar uma comissão de venda menor do que a concorrência, 10% contra 12% ou 15%, o que pode ajudar na hora de trabalhar melhor os preços. Contudo, as lojas da B2W e outras marketplace logo devem igualar essa oferta. Quando isso acontecer, a Amazon terá que trazer para o Brasil o seu poderio de marketing e também começar a fazer promoções de alguma maneira.
Com a Black Friday se aproximando, as primeiras ofertas devem começar a aparecer
A gente espera que, com a Black Friday se aproximando, as primeiras ofertas comecem a aparecer. Isso porque lojas menores — porém relativamente conhecidas — como a KaBuM e a WebFones já estão vendendo na Amazon e normalmente fazem boas promoções nessa época do ano.
Caso a Amazon consiga cooptar mais parceiros desse tipo, como Cissa Magazine, é possível que a empresa realmente faça a diferença no mercado nacional. Fora isso, a eventual chegada do Amazon Prime por aqui também tem potencial para deixar as concorrentes de lado, já que isso inclui não apenas frete grátis, mas também o Amazon Vídeo e outros produtos da empresa. Depois disso, só falta a Alexa estrear em solo nacional para a família ficar completa.
Rivais
As concorrentes estão agindo como se a Amazon fosse de fato uma gigantesca ameaça a seus negócios. A B2W, dona de marcas como Submarino e Americanas.com, vem tomando suas precauções e lançou nessa semana o Americanas Prime para fazer par com o já conhecido Submarino Prime. Ambos os serviços são versões nacionais do “Amazon Prime” que a norte-americana possui nos EUA. Nas lojas da B2W, você paga uma anuidade e têm o direito de receber suas compras com frete grátis em todo o Sul e Sudeste do Brasil. A Amazon brasileira ainda não tem um serviço como esse por aqui.
Quando os consumidores adquirem as mercadorias, o empacotamento e o despacho são feitos pelo Mercado Livre, agilizando assim o processo de entrega
O Mercado Livre, por sua vez, já vem se preparando para a chegada da Amazon no segmento de eletrônicos e outros produtos há um bom tempo. A empresa está investindo em um centro de distribuição próprio no qual vai concentrar todos os produtos de seus principais vendedores e processar toda a logística para eles. Em outras palavras, os vendedores só precisarão comprar seus produtos com os fornecedores e enviar direto para o armazém do Mercado Livre.
Quando os consumidores adquirem as mercadorias, o empacotamento e o despacho são feitos pelo ML, agilizando assim o processo de entrega. É mais ou menos assim que a Amazon funciona fora do Brasil, e existe a possibilidade de, futuramente, ela começar a fazer isso por aqui também.
Mas desde que chegou ao Brasil, Amazon vem trabalhando com muita cautela. Inicialmente, ela só vendia livros digitais. Muitos meses depois, começou a vender seus próprios Kindles. Passou-se mais tempo, e os livros físicos chegaram. Agora, a empresa abriu seu marketplace para eletrônicos e games. Todo esse movimento levou mais ou menos cinco anos para se concretizar.
Isso quer dizer que, ao menos no Brasil, a Amazon parece estar com uma estratégia de crescer aos poucos e ir chegando a outros segmentos do comércio virtual lentamente. Quem sabe leve mais cinco anos para que a empresa comece a concentrar o estoque de seus vendedores localmente ou ainda passar a vender itens diretamente ao consumidor final.
Seja como for, as gigantes brasileiras do comércio virtual estão se mexendo para não desaparecerem em um futuro próximo.
Mas nos diga o que você achou da loja de eletrônicos da empresa no Brasil. Acredita que a Amazon é confiável? Não curtiu os preços? Já comprou alguma coisa? Conte sua experiência na seção de comentários.
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