BK Yoon, CEO da Samsung, subiu no palco de uma das salas de conferência do The Venetian, em Las Vegas, para liderar o keynote de abertura oficial da CES 2015. A pauta da apresentação foi a Internet das Coisas, ou Internet of Things (IoT) em inglês, e como esse conceito pode mudar nossas vidas das mais variadas formas.
Palestrando para um grande público, que formou filas gigantescas pelos corredores do resort, o executivo tentou mostrar como a conectividade entre diferentes dispositivos eletrônicos e objetos pode revolucionar a forma como nos relacionamos e até mudar os rumos da economia. Contudo, há algumas barreiras nesse caminho. Detalhes desse evento você confere a seguir.
O conceito
O conceito da Internet das Coisas não é exatamente uma novidade. Planejar que aparelhos distintos se comuniquem tem sido discutido desde os anos 80. Foi no final da década de 90 que essa linha de pensamento ganhou tal nomenclatura, e nos dois últimos anos que ela ganhou mais força e engajamento de algumas empresas – incluindo Intel, Dell, Samsung e Qualcomm.
Basicamente, a IoT prevê que absolutamente todos os objetos com os quais lidamos no dia a dia possuam sensores e chips que permitam a eles obter, processar, apresentar e compartilhar informações sobre quem os está utilizando. Como você deve imaginar, isso abre um leque de possibilidades interativas praticamente infinito.
Um exemplo dado por BK Yoon é o de uma cadeira conectada a sensores e microfones. Ao entrar no escritório, ela reconhece que você está com frio e imediatamente começa a aquecer o assento. Em seguida ela poderia se conectar ao PC para pesquisar e apresentar a previsão meteorológica para o restante do dia. Tudo isso sem que seja necessário pressionar qualquer botão. As funções estão lá o tempo todo trabalhando a seu favor.
Outra possibilidade seria um sistema de áudio que detecta que você entrou em casa escutando música pelo smartphone ou tablet. Retirando o fone do ouvido, essa plataforma transmite a faixa para ser executada diretamente da caixa de som da sala. E que tal uma adega que identifica os rótulos dos vinhos guardados, sabe qual garrafa foi retirada para ser consumida e automaticamente pesquisa qual estabelecimento nas redondezas oferece o mesmo ou um vinho similar?
Os benefícios
As exemplificações dadas pelo CEO da sul coreana são suficientes para entendermos que o elemento central do avanço tecnológico é a conectividade e que essa interação pode promover uma série de benefícios. Os mais claros são tornar as tarefas rotineiras mais eficientes e ágeis, fazendo com que tenhamos mais tempo para nós mesmos, como cuidar da nossa saúde ou de adotarmos alguns hobbies.
Em consequência disso, se tudo funciona melhor e mais rápido, o custo das nossas casas, escritórios e automóveis é reduzido. Assim, a Internet das Coisas pode melhorar a sua qualidade de vida e reduzir o consumo de recursos naturais. E foi nesse ponto que Jeremy Rifkin, representante da Foundation on Economic Trends convidado por Yoon para subir ao palco, ressaltou que a IoT começa a expandir sua atuação e influência para além do indivíduo.
Os defensores desse conceito acreditam que a Internet of Things pode ser um ativo de mudança da economia, já que as companhias e as pessoas buscariam novas fontes de energia, maneiras de se locomover e de conectar as coisas. Dessa maneira, formaríamos uma sociedade mais sustentável e “inteligente”.
Os desafios
Na teoria, tudo parece perfeito, funcional e bonito. Mas na prática existem diversos desafios e obstáculos a serem superados para que tudo isso se torne realidade. Ao que parece, BK Yoon sabe muito bem disso, a começar pela relação e interatividade entre os mais distintos aparelhos – algo que tecnicamente tem suas limitações.
Outro problema que pode levar um tempo para ser eliminado é a identificação correta das necessidades de cada um. As pessoas são diferentes, possuem gostos diferentes, têm objetivos diferentes. Conciliar e processar todas essas informações de maneira satisfatória não é algo tão simples.
Além disso, é essencial que o ecossistema que possibilita a comunicação entre os objetos seja “aberto”, para que todas as empresas possam manuseá-lo e implementá-lo em seus produtos. E, como sabemos, ainda mais envolvendo companhias de inúmeras indústrias, a atuação de forma colaborativa não é muito comum.
Por fim, os governos também precisam estar envolvidos para a regulamentação e a fiscalização desse sistema integrado e é fundamental trabalhar em mecanismos de segurança, já que dados pessoais e sigilosos estarão percorrendo diversos hardwares e softwares.
O que já está em desenvolvimento
As barreiras para a implementação e a consolidação da Internet das Coisas realmente não são poucas. Mas o CEO da Samsung assegurou que a companhia vai fazer a sua parte, implementando a interatividade completa entre 90% do seu portfólio até 2017 e de toda a linha nos próximos cinco anos – quando teremos cerca de 665 bilhões de produtos no mercado, sendo que 20 deles se conectarão à web a cada segundo.
E não é só isso: para Yoon, a IoT já começou. Para demonstrar isso, ao longo de sua apresentação, ele chamou vários representantes de companhias e instituições parceiras da sul-coreana – como Alex Hawkinson, da SmartThings, que revelou um novo modelo do SmartThings Hub capaz de integrar aparelhos das mais diversas plataformas, como Android, iOS e Windows.
Hosain Rahman, da Jawbone, disse que os dispositivos vestíveis estão no centro desse conceito, unindo beleza e funcionalidade para promover uma vida melhor e fazer com as pessoas conheçam e cuidem da sua saúde.
Outro convidado foi Elmar Frickenstein, vice-presidente da BMW, que demonstrou o Touch Command, uma interface para controlar diversas funções do carro (como iluminação, reprodução de música, ar-condicionado, altura do assento e muito mais), e o Higly Automated Driving – tecnologia de direção automatizada que permite ao carro sair sozinho da garagem e abrir a porta para o motorista com um simples comando de voz de um smartwatch.
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É claro que tudo isso ainda está longe de fazer parte da nossa rotina, mas a vontade de ter tantas facilidades e possibilidades é inegável. E, para você, quais tecnologias interativas seriam essenciais em nossas vidas?