Máquinas capazes de se comportar como pessoas são um sonho distante. É que o “errar humano” não pode ainda ser reproduzido. Mas um projeto desenvolvido por Daniel Shumway está prestes a inaugurar novos horizontes à Ciência. Sob o nome de Piglet, o programa de Inteligência Artificial (IA) é capaz não apenas de aprender a jogar qualquer jogo; até mesmo nosso modo particular de agir pode ser simulado.
A versão atual do projeto consegue controlar títulos desenvolvidos para os consoles Game Boy e Game Boy Color. Criado a partir da linguagem de programação Lua, a máquina interage com cenário e personagens com um único propósito: cumprir determinado objetivo. E atenção: conforme esclarece o próprio desenvolvedor, Piglet não entende o que é “vencer” ou “perder”. Então, afinal, como a recompensa é entendida pelo software?
Diversos comandos são disparados pelo programa – é como se todos os botões fossem apertados várias e várias vezes. A abordagem e a estratégia da IA é alterada sempre quando necessário. Por exemplo: se Piglet se depara contra uma parede e não consegue atravessá-la, o obstáculo será evitado ou uma forma alternativa de transposição será encontrada em uma partida futura.
O comportamento imprevisível da máquina tem a intenção de imitar a forma de jogar humana. É aí que a parte assustadora aparece: “alguns dos algoritmos são quebrados de propósito para que a ‘naturalidade’ aumente ao longo do tempo de jogo”, explica Shumway. Grosso modo, quer dizer que o software é programado também para “errar de propósito”, simulando o comportamento humano.
Próximos oponentes: máquinas
A explicação do programador pode ser conferida claramente em um vídeo de demonstração da versão anterior de Piglet. O programa WideEyes (vídeo abaixo) cria padrões constantemente levando em conta as variáveis tentativa e erro e quebra de códigos. O criador de Piglet resume a forma de funcionamento de sua invenção por meio da seguinte explicação.
“Imagine que você precisa jogar com os olhos vendados e que um de seus amigos fica responsável por lhe dizer o que acontece toda a vez em que um botão é pressionado. Sua única interface será, assim, a descrição feita por seu amigo. Se algo mudar no cenário, um alerta será feito por ele. E, apesar de soar de um jeito estranho, este tipo de ligação funciona surpreendentemente bem”, observa Shumway.
Estaríamos perto de ver máquinas assim como inimigas durante a jogatina? Acontece que este sistema, quando aprimorado, poderá colocar robôs atrás de teclados, mouses ou joysticks para enfrentar jogadores de carne e osso, não? O cinema já tratou de dar o recado: seria este o primeiro passo rumo ao dia do “Julgamento Final”? Elon Musk parece dizer que sim, uma vez que acredita na IA como a "maior ameaça à humanidade" (leia mais aqui).
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