Anunciado durante a Computex 2016, o processador Intel Core i7-6950X chegou para mostrar que a fabricante permanece em busca de avanços significativos, tanto para dar continuidade ao seu pioneirismo quanto para entregar soluções mais eficientes ao consumidor.
O Intel Core i7-6950X roubou a atenção com números impressionantes, principalmente se levarmos em conta que estamos tratando de um chip voltado para o mercado de desktops – que trabalha com as arquiteturas x86.
Pertencente à família Broadwell-E, o modelo top de linha da série Extreme é fabricado com litografia de 14 nanômetros, vem com dez núcleos (o que significa que ele pode executar 20 threads simultaneamente) que rodam na frequência de 3 GHz e tem TDP de apenas 140 watts, o que indica o baixo consumo do componente.
Quem acompanha o mercado de processadores talvez não se impressione pelos números, uma vez que a Intel já tinha chips similares da linha Xeon. Todavia, levando em conta os dispositivos para o consumidor final, o Core i7-6950X chega como uma grande promessa, já compatível com algumas novas tecnologias que visam turbinar o desempenho.
O novo top de linha da Intel é focado principalmente em tarefas que usam múltiplos núcleos, mas será que ele é o modelo mais recomendado para as suas tarefas? Nós passamos alguns dias usando o produto com vários aplicativos, fazendo testes com jogos e os principais benchmarks. Confira agora nosso veredito.
Especificações
Conhecendo o Intel Core i7-6950X
O processador Intel Core i7-6950X é um dos quatro integrantes da família Broadwell-E. Ele é compatível com as placas X99 já existentes (que podem ser atualizadas via BIOS para ter suporte) e funciona adequadamente com as novas placas que trazem o socket LGA2011-V3.
Uma das novidades do Broadwell-E é a tecnologia Intel Turbo Max 3.0. Assim como as versões prévias, essa funcionalidade garante ganhos de performance através da alteração da frequência de forma automática. O diferencial da versão 3.0 é que agora é possível realizar ajustes finos em cada núcleo, garantindo melhorias para cada aplicativo.
Vamos supor que um determinado software seja programado para aproveitar somente quatro ou seis núcleos. Em vez de o processador aumentar a frequência de todos os núcleos, a tecnologia Intel Turbo Max 3.0 permite alterar o clock apenas dos núcleos que estão em uso.
Normalmente, o Intel Core i7-6950X roda a 3,0 GHz, sendo capaz de chegar a 3,5 GHz em tarefas do tipo single-core, ou seja, aplicativos projetados para um único thread. Com o Turbo Max 3.0 ativado, o chip pode chegar a 4,0 GHz em algumas situações, apresentando ganhos expressivos em apps multi-thread.
Outra vantagem deste processador é sua capacidade de trabalhar com quantidades absurdas de memória RAM. Projetado para atividades profissionais, este modelo pode aproveitar até 128 GB de memória do tipo DDR4.
Ele suporta memórias que rodam a até 2,4 GHz e configuráveis para quatro canais. Todas essas características são benéficas para softwares que alocam muitos dados e necessitam de respostas rápidas dos módulos de memória.
Testes de desempenho
Nós realizamos alguns testes com o processador Intel Core i7-6950X para conferir o desempenho do chip em diferentes aplicativos. O objetivo principal aqui é ver como este modelo se comporta durante a realização de atividades específicas, como aplicações gráficas, benchmarks (que simulam tarefas do dia a dia), transferência de dados, entre outros.
Paralelamente, executamos os mesmos testes em outros processadores, a fim de verificar o ganho de um produto da linha Extreme em comparação com componentes mais comuns (e economicamente viáveis). Para isso, usamos o Intel Core i7-6700K, o AMD FX 8370 e o AMD FX 8350.
Máquina utilizada nos testes
- Sistema: Windows 10
- CPU: Intel Core i7-6950X @ 3,00 GHz
- Memória: 16 GB RAM Corsair DDR4 2.800 MHz
- Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTX 980
- SSD: Intel 540s Series 480 GB
- Fonte: Corsair RM1000
- Cooler: PCYES Zero K Z5
Os sistemas concorrentes (com Skylake e chips AMD) tinham diferentes placas-mãe — já que usam outros sockets. Os modelos da AMD ainda foram equipados com memórias do tipo DDR3, uma vez que não são compatíveis com o padrão DDR4. Placa de vídeo e SSD (bem como sistema operacional) foram idênticos em todos os testes.
PassMark
O PassMark Performance Test executa testes em todos os componentes do computador, medindo as capacidades da memória, do disco rígido, do processador, da placa de vídeo e, claro, da comunicação entre todos esses componentes com a placa-mãe. O resultado geral é uma média da pontuação de todos os itens do computador.
Para este teste, não executamos as verificações nos chips da AMD. A diferença entre o dispositivo da série Skylake e o componente da família Broadwell-E não foi tão gritante, sendo que só percebemos algumas vantagens em cenários de multi-threading. Nos casos de single thread, o Intel Core i7-6700K geralmente leva vantagem.
PCMark
O PCMark é focado em testes mistos, que simulam desde o uso mais tradicional de um computador, como navegação na internet, até a reprodução de filmes e outras tarefas. Nós utilizamos as verificações Home Conventional e Creative Conventional para averiguar a performance das máquinas.
O teste Home é mais focado em tarefas do dia a dia, como navegação na web e execução de aplicativos de escritório. O resultado foi bem decepcionante no chip i7-6950X, mas rodamos o teste três vezes e obtivemos performances muito similares.
Na análise Creative, no entanto, o componente top de linha da Intel quase empata com o i7-6700K, mas ainda fica atrás por alguns pontos. Tais resultados apenas comprovam que o componente da série Broadwell-E não é necessariamente o melhor em todas as tarefas, ainda mais porque muitos apps não estão otimizados para tantos núcleos.
CrystalDiskMark
O CrystalDiskMark é perfeito para conferir o trabalho de comunicação realizado entre um dispositivo de armazenamento, a placa-mãe e os demais componentes. O programa faz testes de leitura e escrita, o que ajuda a ter uma ideia da capacidade da placa-mãe em trabalhar com HDs e SSDs.
A diferença aqui não necessariamente se deve à atuação do processador, mas pode ser uma vantagem proveniente do chipset e do controlador de discos da placa-mãe. Considerando que as placas são diferentes, não podemos garantir que a troca de um i7-6700K para um i7-6950X seja tão impactante. Contudo, ver essa melhoria é animador para quem pretende usar o poder bruto de chip e vai transferir muitos dados.
Cinebench
O Cinebench é um teste de benchmark que verifica as capacidades do computador na renderização de gráficos tridimensionais (usando a tecnologia OpenGL), bem como o poder de processamento do chip principal da máquina para a renderização de imagens.
O foco desta análise era verificar especificamente o potencial da CPU, por isso não rodamos o teste de OpenGL. Os resultados da CPU foram muito surpreendentes, comprovando que softwares otimizados podem ter uma vantagem significativa com o Intel Core i7-6950X.
O chip top da Intel foi muito ágil para processar várias partes da imagem em separado, completando o trabalho na metade do tempo. Obviamente, esta vantagem é refletida na pontuação total do benchmark, que garante mais de 100% de ganho em comparação com o Intel Core i7-6700K.
3DMark
O 3DMark é um dos benchmarks mais conhecidos na parte gráfica e tenta medir a capacidade da máquina para o trabalho com jogos bem recentes. São testes com diferentes tecnologias que indicam como o computador pode se sair em várias situações, incluindo casos de extremo estresse como a demonstração FireStrike Extreme e Time Spy (que já usa o DirectX 12).
Os resultados revelam que a máquina equipada com o Intel Core i7-6950X consegue melhores pontuações em todos os testes, mas isso não significa que o componente em questão vai garantir melhor performance em qualquer jogo.
As pontuações elevadas apenas refletem que este processador apresenta vantagens no trabalho com elementos de físicas e dá um suporte levemente superior em alguns cenários. No geral, conforme podemos conferir no benchmark FireStrike Extreme, o Intel Skylake i7-6700K quase empata e dá todo o suporte necessário para a placa de vídeo.
RealBench
Este benchmark da ASUS efetua uma série de testes práticos, simulando como a máquina se comporta no dia a dia. O RealBench analisa o poder do computador na hora da edição de imagens, codificação de vídeos, trabalho com OpenCL e execução de múltiplas tarefas. O resultado geral indica a capacidade da máquina em pontos.
Considerando o foco prático deste benchmark, principalmente no que diz respeito a situações que usam múltiplos núcleos (e ativam efetivamente os 20 threads da CPU), podemos perceber que o Intel Core i7-6950X deixa o chip Skylake bem para trás. O resultado não é tão expressivo, sendo que a diferença de 16% foi obtida graças a superioridade em casos específicos.
Kraken
Já faz algum tempo que o benchmark da Mozilla é usado como ferramenta de verificação para carregamento de componentes da web. O Kraken roda várias atividades em sequência, averiguando o tempo de processamento para cada script. Ao fim dos testes, a página apresenta a demora (em milissegundos) que a CPU apresentou para terminar todas as tarefas.
Como você pode verificar no gráfico acima, o chip Intel Core i7-6950X não é necessariamente o mais preparado para tarefas tão simples. Os resultados apresentados são interessantes, mas ele demora 300 milissegundos a mais do que o i7-6700K para finalizar o processamento.
Octane
Este benchmark da Google roda uma série de scripts que simulam atividades comuns em páginas da web. O teste Octane usa bastante o processador, já que este componente é o principal responsável por renderizar páginas da web. Os resultados são em pontos, que indicam a capacidade da CPU.
Assim como já havíamos percebido ao executar o Kraken, o Octane (que simula atividades da web e scripts em Java) não apresenta tantos benefícios para componentes com núcleos adicionais. O benefício se dá mais pela capacidade single thread do chip, característica mais bem aproveitada pelo Skylake.
Temperatura
Para concluir nossa análise, mostramos abaixo as temperaturas que presenciamos durante todos esses testes. As verificações foram realizadas com o auxílio do programa RealTemp, que registra os valores em tempo real, bem como armazena informações sobre patamares mínimos e máximos.
O arrefecimento do processador ficou por conta do cooler PCYES Zero K Z5, que, como você pode conferir no gráfico, deu conta tranquilamente do recado. A temperatura máxima foi registrada durante os testes que usaram todos os núcleos da CPU, mas não vimos valores acima de 52 graus Celsius. Os valores para o dia a dia são bem satisfatórios.
Ressaltamos que esses números podem ser diferentes com outros coolers e atividades do dia a dia, pois os benchmarks rodam por pouco tempo. Vale salientar que nossos testes foram realizados em uma bancada, o que pode impactar as medições. A temperatura ambiente foi regulada com o uso de ar-condicionado, com valores que ficaram entre 20 e 23 graus Celsius.
Vale a pena?
O Intel Core i7-6950X não é um processador para qualquer um, sendo pouco recomendado para jogadores ou usuários que pretendem trabalhar com apps comuns. As novas tecnologias da Intel, bem como a vantagem dos múltiplos núcleos não significam que ele vai entregar melhorias aparentes para cenários de jogos ou de softwares simplificados.
Conforme nossos testes, em geral, o novo chip da série Extreme não é capaz de superar o Intel Core i7-6700K em tarefas do tipo single-thread, ou seja, aquelas que são projetadas para usar um único núcleo do processador. Devido ao clock limitado e à falta de otimização dos aplicativos, o top de linha da Intel acaba não sendo o mais recomendado para esses casos.
As vantagens do i7-6950X, todavia, são absurdas em tarefas que aproveitam a característica multi-thread do chip. Se você trabalha com edição de imagens, modelagem 3D, renderização de vídeo, pesquisas científicas e outras tarefas similares, então o novo Broadwell-E certamente pode dar uma turbinada em seus resultados.
Em alguns casos, a característica multi-thread deste processador pode sim dobrar os resultados de chips comuns como os da série Skylake, algo que vem a calhar para profissionais que precisam poupar segundos em tarefas diárias. Ainda que as vantagens nem sempre sejam monstruosas, ganhos mínimos podem impactar consideravelmente projetos que levam meses para serem finalizados.
Considerando tudo isso e também levando em conta o propósito deste processador, é óbvio que não podemos indicá-lo para jogos ou tarefas comuns. Ele não foi projetado para substituir o Skylake e não é o mais adequado para quem vai jogar — nem mesmo para entusiastas.
Finalmente, temos a questão do preço. O Intel Core i7-6950X custa US$ 1.750 (R$ 5.542) nos Estados Unidos, o que já indica que ele realmente não é para qualquer consumidor. Aqui no Brasil, os preços ficam próximos dos 9 mil reais, então não adianta nem sonhar em colocar na sua máquina de jogos, pois ele traz configurações para profissionais.
Levando em conta o foco deste produto e sua superioridade em relação a qualquer outro modelo do mercado, é claro que vale a pena o investimento, afinal, como já salientamos, usuários que necessitam dessa CPU vão se beneficiar bastante dos milissegundos poupados em cada tarefa. O preço não deve ser problema para empresas e consumidores endinheirados.
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