A interatividade não é nenhuma novidade dos últimos anos — até como foi possível ver no artigo “Novas tecnologias: Jogos Interativos”. Desde os primeiros consoles, como o Nintendo 8 Bits, vemos acessórios “bizarros” como luvas de movimentos.
Vários anos depois, há o que mais se aproxima ao Project Natal: o lançamento da câmera EyeToy, do PlayStation 2, que captura a imagem do jogador e cria uma interação entre ela e o jogador. Surge também o Nintendo Wii, console que revoluciona com jogos que envolvem movimentações. Hoje não são difíceis as várias “tentativas” com realidade aumentada, o que proporciona uma experiência diferente.
Mas, o anúncio do Project Natal, na E3 (Electronic Entertainment Expo) de 2009, surpreendeu a todos com tamanha revolução no modo de jogar. O conceito “Você é o controle” deixou todos pasmos com a novidade e empolgados para experimentar o novo acessório. (Veja mais no artigo "Microsoft revoluciona a forma de se jogar videogame".)
Você é o controle?
O conceito inovador do Project Natal é o fato de não precisarmos mais de nenhum joystick para jogar. Ou seja, para dirigir um carro, você apenas estende as suas mãos e faz os movimentos de um volante. Para lutar, faz a típica posição de luta e começa a golpear os seus inimigos.
Há quem acredite que o sistema seja duvidoso, pois o reconhecimento feito é do seu corpo, sem nenhum tipo de adaptador, localizador, controle ou algo do gênero. Entretanto, o Project Natal já convidou pessoas da mídia (que inclui jornalistas e atores famosos) para testar seu novo sistema inovador e foi comprovado: ele funciona, quase que perfeitamente. Você pode se jogar no chão e fazer o movimento do volante e ainda assim funciona.
Também há outro tipo de críticas, como o fato de ser cansativo usar o seu corpo como controle o tempo todo. A maioria das pessoas que não gostou do Nintendo Wii afirmou que não gosta de ficar se preocupando em se mexer enquanto joga: só querem sentar no sofá e apertar os botões, pois acham muito menos complicado. Até Spielberg afirmou que tinha medo de que os consoles ficassem “complicados demais” para as pessoas conseguirem jogar.
Ok, o Natal é bem inovador. Mas como ele é?
O Nintendo Wii tem o hardware muito semelhante ao console anterior da empresa, o GameCube. Entretanto, foi necessário desenvolver diversas adaptações para que a interatividade fosse possível, de maneira que a Nintendo achou melhor lançar um console totalmente novo.
Essa é uma das diferenças entre o Nintendo Wii e o Project Natal. A novidade da Microsoft será lançada como um acessório para o Xbox 360, não sendo necessário que os jogadores comprem um novo console para desfrutar da nova experiência. O acessório tem cerca de 20 centímetros e é ligado diretamente no console.
Por dentro do Natal
O sistema do Project Natal conta com diversos sensores, que rastreiam o corpo como um todo e permitem capturar o jogador, incluindo a sua cabeça, mãos, pés e tronco. A partir da captura, o sistema envia para o console esses dados e cria a interação em tempo real da sua imagem com o console. Assim, quando você chutar uma bola, seu personagem executa a ação.
O Project Natal combina diversos fatores. A sua câmera RGB (1) (padrão de cores para vermelho, verde e azul) é de altíssima qualidade e permite o reconhecimento facial perfeito da pessoa que para em frente ao console.
Também há um sensor de profundidade (2), que permite ao acessório enxergar a sala inteira em três dimensões, em qualquer condição de iluminação. É diferente de outros acessórios semelhantes, que só permitiam duas dimensões, já que não havia a sensação de profundidade como ocorre agora.
O microfone embutido no acessório (3) permite não só a captação de sons e vozes que estão próximas, mas também a percepção do que é apenas um barulho externo, para isolá-lo do funcionamento. Dessa forma, barulhos ao fundo não atrapalham o andamento do Natal. O microfone também é capaz de detectar várias pessoas diferentes em uma sala (só não se sabe se a precisão é perfeita, já que é comum, por exemplo, irmãos com vozes parecidas).
Para que tudo isso funcione da maneira mais correta possível, o Project Natal traz o seu próprio processador e software (4), isolados do console. Dessa forma, ele é capaz de fazer a detecção de 48 pontos de articulação de nosso corpo (5) — um número absolutamente incrível.
Conexão com a Xbox LIVE
Bem, como já ficou bastante claro, o Natal reconhece todos os seus movimentos e voz. E a Microsoft fez com que isso se estendesse também à Xbox LIVE. Como os donos do console já sabem, a LIVE permite que você crie um avatar seu e interaja com outros usuários. E, agora, para fazer login, você só precisa pisar na frente do console e pedir para ele.
Toda a interface desse serviço agora será suscetível aos seus movimentos. Você pode explorar títulos como filmes e jogos apenas dando “tapas no ar” com as suas mãos. Mas, uma das novidades que realmente impressionou foi a possibilidade de conversar com os seus amigos usando videoconferência. Você só precisa pedir para o console ligar para alguém e a conversa começa.
Softwares já compatíveis com o Project Natal
É claro que diversos softwares já foram e estão sendo desenvolvidos para o Natal. Em demonstrações nós pudemos ver a interação com Milo, um garoto que parece perceber se você está feliz ou triste. É mais fantástico ainda quando a moça que está experimentando parece entregar uma folha de papel com um desenho para o garoto e isso realmente funciona. Ela também o ajuda em uma tarefa, indo até o lago e mexendo na água como se fosse real.
Outra aplicação que foi bastante testada durante os convites de imprensa do Natal, foi o Ricochet, que funciona de maneira muito semelhante aos jogos Breakout (aquele em que a bolinha deve bater nos tijolos). Para poder jogar Ricochet, era necessário usar o corpo inteiro para bater na bola.
Também há o Paint Party, que basicamente é uma gigantesca parede, e você deve controlar um personagem que arremessa tinta. Basta dizer a cor que você quer e arremessar o seu braço para que as pinturas sejam feitas. E, por último, também foi testada uma demonstração de Burnout Paradise, que revela o uso dos braços e pernas em um volante e pedais invisíveis.
Já foi anunciado que kits de desenvolvimento (os chamados SDK) foram enviados para uma série de empresas. Dessa forma, podemos esperar uma série de jogos que utilizem o Project Natal assim que ele for lançado.
Conclusão
O Project Natal é tão inovador quanto o Nintendo Wii foi em sua época de lançamento. Era inacreditável a quantidade de possibilidades. E, como o novo acessório da Microsoft ainda não foi lançado, não há como dizer que ele é inclusive melhor em funcionalidades (ou seja, sem considerar os gráficos superiores do Xbox). Há afirmações de que a detecção de mais de 40 pontos do corpo é perfeita e não falha de forma alguma, mas ainda não podemos ter essa certeza.
Até o comercial apresentado na E3 mostrou uma série de recursos, mas afirmando no canto da tela que eram apenas “conceitos visuais”. Até que ponto podemos encarar como verdade todos eles? As controvérsias ainda vão um pouco mais longe, chegando ao que mais pode influenciar as vendas do Natal: o seu preço.
Segundo conhecedores do mercado, a câmera de sensibilidade usada no novo acessório pode ultrapassar os 500 ou 600 dólares (de custo). Se você pensar que há margens de lucro envolvidas e os altos impostos sobre eletrônicos no Brasil, fica até difícil imaginar quanto pode custar um acessório destes aqui em nosso país. Isso com certeza seria sentido pela empresa, assim como a Sony teve problemas logo que lançou o PlayStation 3.
É claro que a empresa dificilmente voltaria atrás em suas afirmações, e provavelmente não lançaria um novo console somente para o Project Natal (um sucessor do Xbox 360) — mas nunca se pode descartar possibilidades. Se as pessoas precisarem desembolsar dinheiro por um novo console, mais o novo acessório, as coisas podem ficar “um pouco” caras.
Ainda não há uma data confirmada para o lançamento, somente previsões que incluem o ano de 2010. Somente nos resta esperar novas informações sobre o Natal e, logo adiante, seu lançamento. Afinal, quem melhor para julgar se a tão prometida inovação está falando a verdade, do que nós próprios?
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