Quando você fotografa alguma coisa em sua câmera digital, você sabe o que acontece lá dentro para que a luz atravessando a lente se transforme na foto que você depois vai subir para algum álbum na internet? Esse processo de captura da imagem é a primeira parte do entendimento do que é o formato de imagem RAW (o nome vem do termo inglês para cru, e você já vai entender porque).
Quem chegou a fotografar com filme talvez tenha mais facilidade para entender o que é exatamente esse formato de arquivo, mas isso não impede que a geração digital também alcance essa compreensão.
O “negativo da fotografia digital”
Não é a melhor comparação a ser feita, mas provavelmente ajuda a entender um pouco melhor essa história de formato RAW. O que acontece na câmera digital no exato momento da exposição é um processo físico envolvendo sensores fotossensíveis, que ao receberem luz irão gerar energia elétrica. Tanto os sensores CCD (coupled-charge device – dispositivo de carga acoplada) quanto CMOS (complementary metal oxide semiconductor - semicondutor de óxido metálico complementar) funcionam dessa mesma forma.
Cada um dos milhões de pixels que compõem o sensor recebe – quando o botão é pressionado – uma quantidade de luz e a partir disso, gera um sinal que será enviado a um processador. Em frações de segundo, este processador interpreta os sinais enviados por cada pixel, e cria um mapa de todos os pontos. Esse mapa é a imagem obtida pelo sensor. Na maioria das câmeras, durante a interpretação dos dados enviados pelos pixels, o processador da câmera já aplica também diversos filtros e efeitos no mapa, gerando uma foto previamente tratada. Quando isso ocorre, o arquivo criado é normalmente salvo em formato JPEG.
Mas, e o RAW, onde está?
Uma coisa importante a ser entendida é que o processador da câmera não é muito poderoso – e provavelmente ainda vai levar um bom tempo até que chegue perto da capacidade de um chip de um computador completo, por exemplo. Assim sendo, os efeitos, os filtros e até mesmo a interpretação dos dados do sensor geram pequenas falhas na imagem final, diminuindo sua qualidade.
Agora respondendo de forma simples à pergunta do título, na metade do caminho. Reveja o gráfico ali em cima, e pense no passo onde começa a queda de qualidade da imagem. Já que o RAW fornece imagens de qualidade muito superior, é de se esperar que tudo o que acontece na câmera e comprometa a fotografia final seja eliminado deste arquivo, certo?
Pois é exatamente isso que o formato RAW faz. Como foi dito anteriormente, o processador da câmera é o responsável por aplicar uma série de tratamentos aos dados do sensor, e esses efeitos comprometem a foto final, certo? Para evitar esse comprometimento, basta evitar que a imagem seja processada, não é mesmo?
Ou seja, ao invés de uma imagem JPEG que foi criada no processador da câmera, o arquivo RAW é um banco de dados enorme, contendo toda a informação captada pelos milhões de pixels do sensor da câmera, sem nenhuma alteração. Com isso, você pode aplicar todo o tratamento descrito ali em cima no seu computador, que é muito mais potente que o processador da câmera.
CR2, NEF e outros
Cada fabricante de câmera fotográfica usa um sensor diferente, certo? Assim, cada sensor monta as informações de sua captura de uma forma diferente e, portanto, cada fabricante tem um formato RAW diferente em seus equipamentos.
E o tal DNG?
Aqui existe uma confusão. O DNG (digital negative – negativo digital) não é um formato de arquivo de verdade, e sim um encapsulamento. A Adobe criou esse padrão para facilitar o reconhecimento de formatos RAW antigos em aplicativos recém-lançados, desde que o arquivo anterior tenha sido convertido para o padrão DNG.
Para que serve?
O formato RAW permite que o fotógrafo, ao processar a imagem no seu computador, realize vários ajustes manuais no arquivo, ao contrário do JPEG feito na câmera, que é inteiro baseado em ajustes automáticos. Com isso, o controle do fotógrafo sobre o resultado final da fotografia é muito maior, garantindo o melhor resultado possível para cada captura.
Claro que não é todo mundo que precisa fotografar em RAW. As imagens JPEG das câmeras atuais têm uma qualidade muito boa, e os acertos automáticos costumam dar bons resultados. Fotografar em RAW é indicado para quem precisa tratar suas fotos mais profundamente.
Assim como o amador antigamente levava seu filme para revelar em laboratório comercial, hoje ele deixa a câmera processar sua imagem. Já o profissional que pretende controlar todas as etapas do seu trabalho, este usa o RAW como antes se usava a sala-escura.
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