Imagine se você pudesse comprar um smartphone pela internet e, em vez de aguardar a sua chegada, pudesse simplesmente apertar um botão e imprimi-lo na sua impressora caseira. Parece loucura se pensarmos na tecnologia que existe hoje, mas a ideia está muito mais perto de se tornar realidade do que você pode imaginar.
Qualquer dispositivo eletrônico tem em seu interior placas de circuito, componentes e diversos fios. A montagem de um produto não é uma tarefa simplória, mas pode se tornar tediosa. O processo de trabalho intensivo, na maioria das vezes, é feito por mão de obra barata, subcontratada em países asiáticos.
A novidade é que, cada vez mais, a impressão eletrônica em três dimensões está avançando. Isso torna possível incorporar circuitos e componentes entre os produtos possíveis de serem impressos, o que pode revolucionar a maneira como os eletrônicos são feitos hoje.
Cada vez mais aperfeiçoado
A impressão de eletrônicos não é algo exatamente novo. Processos de serigrafia e litografia em jato de tinta têm sido utilizados para a fabricação de placas de circuito e componentes. Com os avanços da tecnologia, é cada vez maior o número de superfícies que podem receber esse tipo de impressão.
(Fonte da imagem: Divulgação/Universidade Tecnológica de Viena)
Eletrônicos impressos requerem tintas especiais com propriedades elétricas, que podem atuar como condutores, semicondutores e resistores. Tintas como essas estão cada vez mais versáteis, com é o caso de um produto criado pela Xerox. A empresa desenvolveu uma tinta de prata que pode ser usada para imprimir circuitos eletrônicos flexíveis diretamente em materiais como plásticos ou tecidos.
A prata é um melhor condutor de eletricidade do que o cobre, mas a sua produção é mais cara e as dificuldades de impressão são maiores, uma vez que seu ponto de fusão é de 962 °C. No entanto, produzindo prata em partículas de apenas 5 nanômetros, a Xerox conseguiu desenvolver uma tinta cujo ponto de fusão é de 140 °C, o que permite utilizar processos de jato de tinta e outros relativamente mais baratos.
Como aplicar os recursos
O Xerox Research Center, em Palo Alto, na Califórnia, está pesquisando mais maneiras de se utilizar as novas tintas. O novo recurso poderá ser aplicado em telas flexíveis, sensores e antenas de radiofrequência. Com o surgimento desse tipo de aditivo, começa a se tornar possível a impressão de componentes diretamente no produto em si.
(Fonte da imagem: Divulgação/Essencial Dynamics)
As possibilidades se ampliam também para outras indústrias. A Optomec, empresa com sede no Novo México, nos Estados Unidos, desenvolveu uma tecnologia similar que permite imprimir componentes diretamente em óculos de realidade aumentada e que podem servir como equipamento militar para o exército norte-americano.
A impressão é feita em jato de aerossol e consiste na atomização de materiais em nanopartículas de impressão, localizadas em gotículas microscópicas. O sistema pode imprimir características eletrônicas menores do que 0,01 milímetro de largura a partir de uma grande variedade de materiais. “Em vez de montar um item com vários componentes separados, as novas impressoras 3D permitem a impressão de um produto inteiro em uma única máquina”, explica Dave Ramahi, executivo-chefe da Optomec.
Como resultado desse desenvolvimento, a indústria espera em longo prazo ter a possibilidade de construir produtos de forma mais barata e rápida. Outra consequência direta seria a criação de aparelhos mais finos e flexíveis, algo que, como já foi visto em feiras como a CES 2012 e Computex 2012, parece ser uma tendência para os próximos anos.
Fonte: Economist
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