Não importa o tipo de tela do seu televisor. Muito provavelmente quando você foi até a loja para comprá-lo um dos itens que você deve ter levado em consideração na hora da comprar foi a qualidade de imagem exibida pelo produto.
Porém, ao chegar em casa, você se vê diante de configurações-padrão, longe das exibidas na loja. Os manuais de instrução, embora tragam muitas informações sobre como proceder para alterar cada um dos itens, raramente explicam o que cada um significa.
Sem saber qual caminho seguir, muitos usuários optam por manter as configurações propostas pelo fabricante, sem levar em conta as condições de luminosidade do seu ambiente nem tampouco o tipo de imagem que está sendo exibido na tela.
Para você que não se contenta com pouco e quer extrair o máximo de qualidade do seu televisor, preparamos um guia explicativo com o significado dos principais itens que podem ser configurados, bem como quais as principais diferenças entre eles para que você tenha a melhor imagem possível com qualquer aparelho.
Calibragem: o que é?
Não se assuste com o termo. Por mais estranho que pareça, calibrar o seu aparelho de TV nada mais é do que fazer uma série de ajustes de forma a exibir a melhor imagem possível, independente da fonte de origem dela.
Dessa forma, vale a pena proceder à calibragem tanto para quem assiste a imagens em alta definição, como as oriundas de um Blu-ray, quanto para quem assiste à programação da TV aberta, uma fonte cuja resolução é menor.
A calibragem do aparelho deve levar em consideração não apenas opções e funções disponíveis no televisor. É preciso analisar a luminosidade do ambiente em que o aparelho está localizado bem como as fontes de luz e reflexo que incidem sobre ele, como janelas abertas ou luminárias.
Os itens mais comuns a serem analisados em uma calibragem são os ajustes de brilho, contraste e nitidez. Porém, você pode ir muito além deles. Os aparelhos mais modernos hoje em dia trazem uma série de opções customizáveis para que as cores que você vê na tela sejam as mais fiéis possíveis à fonte de origem.
Por que preciso fazer isso em minha TV?
Imagine um personagem conhecido do cinema, como o Homem de Ferro. Quais são as cores de sua armadura? Vermelho e amarelo, certo? Vá a uma loja de eletrônicos e compare duas ou mais imagens iguais em TVs diferentes. Repare que cada uma delas apresenta um tom de vermelho e de amarelo diferentes.
Isso acontece porque a maioria dos produtos expostos nas lojas estão preparados para exibir as configurações-padrão de fábrica. Some a isso o fato que nesses locais, em geral, a quantidade de luz que incide sobre os aparelhos é bem maior do que em sua casa.
Algumas lojas possuem espaços personalizados para exibir um determinado produto. Isso não está lá por acaso. Nesses locais a luminosidade é controlada e as configurações de cor da tela também são modificadas, de modo a proporcionar ao visitante a maior fidelidade possível.
E é justamente esse o propósito da calibragem. Apresentar ao espectador uma paleta de cores fiel à concepção de sua imagem de origem. Embora muitos acreditem que arrumar a imagem de uma TV signifique deixá-la o mais fiel possível ao seu gosto, não é esse o propósito da calibragem.
Além de você mesmo configurar manualmente o seu aparelho, vale lembrar que existem equipamentos e softwares específicos com essa função. Todos em geral têm um bom custo-benefício, uma vez que são caros para serem utilizados apenas uma vez a cada três meses.
A importância da calibragem é tanta que algumas empresas de TV por assinatura chegam a oferecer esse serviço para os seus clientes. A Sky, por exemplo, disponibiliza para os assinantes paulistas um serviço de calibragem de vídeo.
Pagando uma pequena taxa, o assinante recebe em sua casa a visita de um técnico especializado que ajusta, com instrumentos específicos, a imagem do aparelho de TV de acordo com as características do ambiente. Os padrões seguidos pelos técnicos são os mesmos adotados pela Society of Motion Pictures and Television Engineers, responsável pela regulamentação de um padrão de qualidade internacional.
Ajustes no ambiente
Antes de iniciar as modificações nas configurações de cores do seu aparelho de TV, o primeiro passo é conhecer o ambiente onde o produto está instalado. Repare, em primeiro lugar, nas condições de iluminação de sua sala enquanto você está assistindo à TV.
Você costuma assistir a TV com as luzes apagadas ou acesas? Se sim, saiba que esta é mesmo a melhor condição para desfrutar da qualidade máxima de imagem possível. A luz do ambiente atenua o contraste de cores que você percebe.
Da mesma forma, a escuridão total, diferente do cinema, pode ser prejudicial à sua visão, pois você força mais a sua vista. A melhor saída é manter uma luz difusa acesa no ambiente, localizada em algum ponto não conflitante com a tela – atrás e distante.
Outro item a ser levado em consideração é a distância mínima em relação ao aparelho. Ela varia de acordo com o tamanho de sua tela. Não há uma regra específica, mas vale fazer o seguinte cálculo: pegue a medida da diagonal de sua tela, em centímetros, e multiplique por três.
O resultado é uma distância aproximada. Um exemplo: uma TV de 42 polegadas tem diagonal de tela de 105,6 cm. Multiplicando por três chegamos ao número de 3,16 metros. Há outra forma de fazer esse cálculo que você pode conferir no artigo “Eu quero uma televisão grande, mas que tamanho devo comprar?”.
Entendendo os itens de configuração
Vamos conhecer agora um pouco do significado de cada um dos itens que você vai configurar e entender como a variação de cada um deles afeta a imagem visualizada no aparelho de TV. Essas configurações podem ser aplicadas em telas de qualquer tipo, desde as antigas CRT até as modernas LCD com tecnologia LED.
Brilho
As configurações de brilho determinam a intensidade da cor preta na tela do televisor. O ideal nesse quesito é buscar o equilíbrio. Quanto maior o for o brilho, menor a percepção dos tons de preto pelo usuário. A tela ganhará um aspecto cinza caso ele esteja muito alto.
Se o brilho estiver baixo a tela ficará mais escura e, a partir de certo ponto, você passará a não diferenciar contrastes de cores entre tons claros e escuros. Vale ressaltar que as configurações de cores variam de um aparelho para outro.
Assim, um ajuste de 50% em uma TV LED não é igual àquele de 50% em uma TV LCD. As variações são pequenas, mas são significativas a ponto de fazer com que a melhor opção seja mesmo ajustar “no olho” o melhor nível de contraste.
Contraste
A função do contraste é similar à do brilho, mas com a diferença que é responsável pelos tons de branco. Da mesma forma, nesse quesito você deve procurar o equilíbrio na configuração. Ao deixar o contraste muito alto a sensação que você terá é a de uma imagem borrada.
A configuração do contraste é tão importante que, mal configurado, ele pode causar desalinhamentos na geometria dos objetos e, em casos raros, problemas permanentes na configuração de cores do aparelho.
A mesma regra de variação entre os tipos de tela também se aplica nesse quesito. Se um contraste alto deixa as imagens borradas, um contraste baixo as mostra com quase nenhuma definição. O ponto ideal ficará entre 40% e 60%.
Cores
Brilho e contraste são as duas configurações mais importantes. A partir das variações delas todos os outros elementos sofrem alterações. Por isso certifique-se de ter encontrado o ponto ideal em ambos os quesitos antes de alterar outros itens.
O ajuste de cor refere-se à saturação. Quanto maior a intensidade, mais carregadas serão as nuances exibidas. Imagens com pouca saturação se assemelham a tons de cinza, dando a impressão de estarem lavadas.
Nesse quesito, mais uma vez, procure um meio termo em que as imagens não fiquem sobrecarregadas nem apagadas. Vale lembrar que este item não deve ser confundido com a temperatura de cor, algo que abordaremos logo adiante.
Matiz
O matiz é um controle adicional para televisores que utilizam o padrão NTSC. No Brasil, utilizamos o sistema de cores PAL, lançado posteriormente ao NTSC. Os sistemas PAL e SECAM dispensam a existência desse controle, uma vez que essa correção é feita de forma automática.
Um matiz desconfigurada tende a apresentar imagens em tons verdes ou violetas. Caso você perceba algum problema dessa ordem é nessa configuração que você deve mexer. No entanto, por padrão ela não deve sofrer alterações na configuração.
Nitidez
Os valores de nitidez também são um elemento presente no sistema de cores NTSC. Quando ela está muito intensa o efeito percebido será uma espécie de halo em torno das imagens. Quando regulado em baixa intensidade o efeito é a impressão de elementos “recortados”, deslocados do cenário de fundo.
Em geral esse controle não necessita de regulagem e o modo pré-definido de fábrica é cabível para os mais diversos perfis de cor. Porém, caso queira alterá-lo, mais uma vez vale o bom senso e a busca pelo equilíbrio na configuração.
Temperatura de cor
Este item é mais recente e está presente em alguns aparelhos de TV mais novos. Sua influência é significativa, uma vez que afeta toda a paleta de cores. Seu funcionamento se dá a partir dos tons de branco que podem ser mais ou menos intensos.
A utilização dela varia de acordo com o seu ambiente. Um local muito iluminado, por exemplo, requer uma temperatura de cor diferente (quente). Já num ambiente com pouca iluminação as cores frias são percebidas com melhor intensidade.
Presets e configurações-padrão
Os aparelhos de televisão mais recentes, cada vez mais, buscam facilitar a vida do usuário em termos de configuração de cores. Assim, é comum encontrarmos modelos que trazem diversos modos de cores, específicos para cada finalidade ou origem de imagem.
Modos como cinema, esporte, game, TV ou normal são apenas alguns dos presets disponíveis. Todos visam adaptar o estilo da imagem exibida a um espectro visual mais fiel e realista se comparado à fonte de origem.
Embora o senso comum diga que a melhor imagem é aquela que se adapta perfeitamente à visão do usuário ou, em outras palavras, mais agrada à visão do espectador, nem sempre ela se constitui na versão correta ou fiel à proposta de quem criou a imagem em questão.
Os presets automáticos disponibilizados pelos fabricantes são apenas um referencial de combinações possíveis, que ressaltam em determinados momentos as principais características de uma imagem em questão.
Um exemplo: num modo cinema, o mais importante na imagem é o seu contraste. Repare que ele é bastante acentuado ao selecionar esse modo em qualquer aparelho. Já num jogo de video game, as cores assumem um papel fundamental, por isso a nitidez nesse modo é ressaltada.
Calibrando a TV com Star Wars e Indiana Jones
É isso mesmo que você leu. Os filmes da saga Star Wars, de George Lucas, podem ajudá-lo a calibrar a sua TV. O segredo não está nos poderes jedi ou na força do mestre Yoda. O diferencial fica por conta do THX Optimizer, uma opção de ajuste de cores disponível nos DVDs da série Star Wars.
A THX é uma das empresas mais conceituadas no segmento e além de disponibilizar tecnologias para o ajuste de cores é uma das referências em termos de certificação de qualidade. Além disso, existe um par de óculos disponível que auxilia em todo o processo de calibragem.
Se você está disposto a investir na qualidade de imagem de sua televisão, vale a pena conhecer o site da empresa. Nele estão disponíveis mais informações sobre o produto, além das certificações de qualidade para imagem e som.
Por que não existe uma fórmula perfeita?
Embora existam referências e sugestões a seguir para configurar o seu aparelho, infelizmente não há uma maneira perfeita de se fazer isso apenas a olho nu. Empresas especializadas e estúdios de gravação profissional utilizam ferramentas complementares para garantir a exatidão de cores, como os colorímetros.
A maior razão para não existir uma configuração perfeita fica por conta da variação de luminosidade do seu ambiente. A menos que ele tenha luminosidade 100% controlada, não há como manter um valor constante de intensidade de luz ao longo do dia.
Por isso, uma configuração que aparentemente pode estar boa em um determinado pode lhe parecer desagradável horas depois, graças à mudança da luminosidade externa e suas consequentes alterações no reflexo interno ao longo do dia.
A melhor maneira de minimizar essas distorções é instalar o seu aparelho de televisão no mais adaptado ambiente possível. Sabe aquelas empresas que montam projetos para você ter um home theater em casa, com a disposição perfeita de som? O processo e os cuidados com a imagem devem ser exatamente os mesmos.
Vale a pena investir em calibragem?
A resposta para essa pergunta depende da maneira como você encara o entretenimento ou seu ambiente para assistir televisão. Se você conta com um aparelho de televisão Full HD de, pelo menos 32 polegadas, localizado em um ambiente planejado e com poucas variações de luminosidade, vale a pena conhecer um pouco mais sobre essas tecnologias.
Ter um aparelho calibrado em um ambiente propício para o entretenimento resultará em uma diferença considerável em termos de qualidade de imagem - caso você possa contar com um aparelho de calibragem ou mesmo esteja disposto a receber uma visita de um técnico no assunto.
Entretanto, se você é do tipo que tem a televisão como uma companhia, deixando-a ligada enquanto faz as suas tarefas habituais do dia a dia e tendo pouco tempo para se sentar diante dela, na distância correta e com as luzes apagadas, a aquisição de um aparelho será de pouca serventia.
O que vale a pena, independente da qualidade do seu aparelho, é sim, manusear os controles de imagem e perceber o quanto eles podem modificar o visual de uma mesma tela, apenas com a correção de cores. O resultado será uma imagem muito mais agradável e em que será possível distinguir com maior clareza as principais nuances de cores e o contraste entre elas.
Você sabia da importância de manter o seu televisor calibrado? Tem outras dúvidas ou sugestões sobre o assunto? Participe deixando o seu comentário no espaço abaixo.