A IBM pode não ser mais a gigante da informática que era há alguns anos, mas continua surpreendendo em áreas mais científicas. Nesta quinta-feira (9), a empresa anunciou o primeiro chip de 7 nanômetros (nm), um novo marco para a indústria que traça novos rumos para a fabricação de componentes internos de eletrônicos.
Ao todo, a IBM passou cinco anos e gastou cerca de US$ 3 bilhões (ou R$ 9,7 bilhões) para descobrir, colocar na prática e aprimorar o procedimento de fabricação para atender as demandas do mercado.
O resultado foi obtido a partir de testes em laboratório no SUNY College of Nanoscale Science and Engineering, que fica na State University of New York. Porém, isso não deixa de ser animador: o chip de 7 nm permitirá a fabricação de CPUs e GPUs menores e mais rápidas em um futuro próximo.
É muito avançado
O primeiro chip de 7 nm com transistores funcionais (saiba o que é um transistor clicando aqui) chega após sucessivos erros: era possível fabricar componentes desse tamanho antes, mas não sem perder em qualidade ou convencer o consumidor de que a redução de poucos nanômetros valia mesmo a pena.
Alguns céticos da indústria acreditavam que o método de fabricação de chips de 14 nm, que é o padrão comercial atual, seria o ápice da chamada Lei de Moore. Basicamente, a previsão feita por um engenheiro da Intel diz que a quantidade de transistores (e de processamento de informações) em um chip dobra a cada 18 meses, mantendo o mesmo custo e o espaço ocupado por esses componentes ou até reduzindo tais variáveis.
Porém, a IBM garantiu que a Lei de Moore valerá ao menos por mais uma geração. Eletrônicos melhores, dispositivos da "Internet das coisas" mais inteligentes e processamento mais intenso em áreas como a computação em nuvem são alguns dos avanços que essa descoberta pode trazer.
Fabricando o monstro
O wafer que serve como base para os novos chips usa uma combinação de silício com germânio, em vez de puro silício na fabricação. A vantagem? Com esse método, é possível dar vida a equipamentos como microprocessadores com até 20 bilhões de transistores, quase quatro vezes mais do número atingido pelas técnicas atuais. Achou muita coisa? É que os transistores resultantes são 1.400 vezes menores que um fio de cabelo.
A área ocupada é até 50% menor do que no método de 10 nm, o que significa que a IBM conseguiu "rechear" chips menores com muito mais componentes. O consumo de energia também é reduzido, mas tudo isso tem um custo: novas técnicas de fabricação devem ser necessárias para produção em larga escala.
Esse ainda é o primeiro chip de produção viável a utilizar uma nova técnica de fabricação, usando a fotolitografia a partir de raios ultravioleta extremos (EUV, na sigla original). Para você ter uma ideia do que acontece na impressão com esse método, o laser tem a espessura que pode ser medida em átomos.
Quando veremos?
Atualmente, a indústria ainda passa pela transição da geração anterior: os componentes de 14 nm ainda são o padrão encontrado nas máquinas, mas o método de 10 nm está bem próximo de ser aplicado. Por isso, não se anime tanto, pois chips comerciais com 7 nm não devem chegar antes de 2017 — sendo bastante otimistas.
A responsável pela manufatura será a GlobalFundries, que comprou a divisão de fabricação de chips da própria IBM em 2009. O contrato é de exclusividade e vale por uma década e a Samsung também está envolvida na parceria.
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