(Fonte da imagem: Reprodução/HTC)
Quase todas as semanas, publicamos notícias diversas sobre novos smartphones e planos da HTC para dominar o mercado global de portáteis.
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Muitas pessoas até estranham essas postagens, visto que a fabricante não tem representação em território tupiniquim — há somente suporte para os consumidores que adquiriram gadgets em épocas passadas.
A verdade é que a empresa encerrou seus negócios no Brasil em meados de 2012, mas pouca gente ficou sabendo da história. Aliás, uma parcela muito menor de pessoas nem sequer sabia que a HTC tinha presença por aqui.
Pensando em esclarecer os fatos e até explicar por que você dificilmente terá um HTC One ou outro smartphone da fabricante, hoje vamos comentar sobre os motivos da saída repentina de nosso país (que é um dos maiores consumidores do segmento) e como a empresa está atualmente no setor mobile.
Culpa da concorrência?
De acordo com uma notícia do site AndroidPIT, a fabricante taiwanesa teria se ausentado do Brasil devido aos números inesperados na venda de seus principais gadgets. O representante que concedeu essa informação ao site não havia informado detalhes sobre a quantidade de produtos vendidos, mas parece que o mercado brasileiro não estava dando lucro.
(Fonte da imagem: Reprodução/HTC)
Na época em que a HTC tomou tal decisão, o mercado brasileiro era dominado pelos gadgets da Samsung (a linha Galaxy de baixo custo já estava no topo das vendas) e da Nokia (com seus aparelhos mais básicos que sempre venderam muito bem por aqui).
Essa competição esmagadora — que ainda incluía LG, Motorola, Apple e outras companhias menores — impediu que os planos da fabricante dessem certo e a forçou a tomar uma decisão difícil.
Vale notar que, tirando a Maçã, todas as concorrentes ofereciam aparelhos similares com o mesmo sistema operacional. Assim, devido às pequenas (e quase inexistentes) ações de marketing, os produtos da HTC nunca ficaram famosos e tiveram chances contra os concorrentes. O resultado foi justamente uma saída forçada do país.
Desinteresse do consumidor
É claro que toda medida desesperada não tem apenas um único motivo. Outra possibilidade que levou a HTC a tal atitude foi a pequena variedade de produtos, algo que faz muita diferença em um país como o nosso que tem o mercado bem fragmentado.
Nos anos anteriores, a empresa tinha planos para produtos mais modestos, que poderiam ser a solução para mantê-la no Brasil. Todavia, em 2012, a fabricante anunciou que não pretendia mais focar nos gadgets de baixo custo.
Em momento algum o representante da HTC afirmou que essa seria uma das razões para a saída repentina, mas fica evidente que em um país onde Galaxy Y e celulares similares vendem mais do que água potável essa justificativa seria simplesmente óbvia.
(Fonte da imagem: Divulgação/HTC)
Contando apenas com produtos top de linha em seu acervo, a empresa de Taiwan não teria muita chance por aqui, pois as vendas seriam fracas, tanto pela baixa procura (a venda de produtos top de linha no Brasil não tem número representativos como na Europa e em outros mercados) quanto pela concorrência acirrada (Galaxy S, iPhone e companhia não deixariam a empresa ter espaço).
Você que está lendo este texto talvez até tenha interesse em um aparelho mais robusto da HTC, mas é preciso considerar que uma companhia não pode trabalhar com minorias, ainda mais que ela visa, acima de tudo, o lucro. Dessa forma, os consumidores realmente interessados acabaram tendo que importar e adquirir os produtos em lojas não oficiais.
E no futuro?
De acordo com a notícia que publicamos em fevereiro, a situação da HTC não é das melhores. Apesar de estar tirando sarro da concorrência, a empresa segue tendo prejuízos a cada trimestre que passa.
Atualmente, os gadgets da fabricante representam apenas 6% do mercado (equilibrado com alguns concorrentes, mas longe da Samsung, Motorola e Lenovo). O último relatório da companhia mostra que ela vendeu apenas US$ 1,15 bilhão (o que é menos da metade do que vendeu no mesmo período no ano passado).
(Fonte da imagem: Reprodução/The Wall Street Journal)
Mesmo estando no prejuízo, recentemente, a empresa fez uma campanha com Robert Downey Jr. que custou quase 1 bilhão de dólares. Deu para entender? O que ela lucrou em três meses de venda, ela resolveu investir em propaganda com o Tony Stark da vida real. Para os consumidores, fica difícil entender as tomadas de decisões da empresa.
O mais engraçado é que os próprios executivos da HTC confessam que não tiveram atenção ao mercado e erraram ao deixar os gadgets de baixo e médio desempenho de lado — ou seja, a ideia de sair do Brasil não foi muito boa.
Considerando essa situação que está ficando desesperadora, não é de se duvidar que a fabricante mude de ideia e volte ao nosso país (veja que isto é apenas um palpite, não uma informação oficial). Para nossa alegria, as últimas notícias relatam que a empresa investirá mais em smartphones de baixo custo em 2014.