A HTC não está mais no mercado brasileiro, tendo terminado suas operações por aqui há quase dois anos. A empresa passa por algumas dificuldades financeiras e, por isso, precisou se concentrar somente nos seus mercados mais lucrativos. Infelizmente, isso faz com que o HTC One M8, a segunda geração do top de linha da taiwanesa, não seja vendido em nosso país.
Mesmo assim, é possível importá-lo de algumas regiões e até mesmo encontrar modelos que são compatíveis com o 4G brasileiro. Portanto, vale a pena conferir este que é um dos melhores aparelhos da atual geração de smartphones top de linha.
Design
Como o One M8 é uma atualização do modelo anterior da marca, o One M7, é possível perceber já de cara uma série de elementos similares no design dos dois dispositivos, incluindo a construção em metal, a tela grande e os alto-falantes posicionados na parte frontal do aparelho.
A construção em metal consegue passar uma sensação muito agradável de solidez. O aparelho é bem rígido, não tem partes “ocas” e o acabamento é impecável, inclusive nas partes em que há vários encontros de materiais diferentes, como na cobertura dos alto-falantes, que possui limites com o vidro da tela e com a caraça metálica.
No que toca a estética, o HTC One M8 pode ser considerado bonito, apesar de dividir opiniões quanto à parte frontal, que possui muitas divisões de materiais. Temos o vidro da tela, a moldura preta, a cobertura de policarbonato dos alto-falantes e um pouco de metal nas bordas. Apesar disso, no geral, ele é bem balanceado e não tem nada de muito esquisito. Há três cores disponíveis no mercado internacional, mas a que testamos é a prata tradicional. Além desse, há um tom de chumbo que tende para o marrom e outro modelo dourado.
Na parte traseira, ele possui duas aberturas para as câmeras, o logo da marca e algumas bordas brancas de junção da carcaça. Essa parte é muito agradável ao toque, sendo um metal um tanto áspero e fosco, que não escorrega facilmente das mãos.
Material da parte traseira deixa pegada agradável e segura
Tela
Esse quesito é um dos mais interessantes do top de linha da HTC. A tela LCD de 5’’ possui resolução Full HD e uma densidade de pixels que supera bastante o limite perceptível ao olho humano. São 441 ppi, quando você consegue distinguir naturalmente cerca de 300 ppi. Por isso, você não consegue ver nenhum elemento pixelizado ou qualquer defeito em bordas de elementos da interface.
O trabalho que a HTC fez ao balancear as cores dessa tela resultou em sucesso. Em nossos testes, não conseguimos notar cores muito quentes ou muito frias em momento algum. Apesar disso, com a luminosidade baixa, a tela fica com tons um pouco mais “aguados”, algo aceitável para displays LCD. Na condição oposta, com muita luz, a tela mostra um desempenho excelente.
O tamanho do display é bem agradável para assistir a vídeos e jogar games mais complexos. Contudo, como o tamanho da carcaça do aparelho não ajuda, é difícil manejar o dispositivo em tarefas cotidianas com uma mão só, principalmente na hora de bloquear e desbloquear a tela.
Tela é espaçosa e bem precisa nas cores e na reprodução de formas
Interface
Diferente da maioria das fabricantes que escolhem personalizar a interface do Android, a HTC consegue fazer isso com maestria na HTC Sense 6.0. A personalização que a empresa coloca em cima do sistema operacional não modifica drasticamente a estrutura do Android, mas dá uma identidade visual interessante para os dispositivos da marca. Além do mais, não há exageros em ícones ou nos efeitos de transição, e tudo é bem neutro e agradável aos olhos. Isso garante uma fluidez que desafia até mesmo a interface original que a Google concebeu para o sistema.
Ainda assim, existem algumas diferenças fundamentais. A gaveta de aplicativos do HTC One M8 rola suas páginas com movimentos verticais na tela, quando a imensa maioria dos aparelhos Android faz exatamente o oposto. Isso cria um pouco de confusão, já que as telas iniciais da interface rolam as páginas na horizontal, como o padrão do sistema. Por isso, não é difícil fazer confusão com essas diferenças num primeiro momento.
A última tela à esquerda também é um elemento diferente do que você costuma ver no Android puro. Em vez de abrir o Google Now ao arrastar a última tela da esquerda para a direita, você acessa um hub de conteúdos sociais, que importa postagens do seu Facebook, Google+ e outros. Apesar de não ser tão útil quanto os apps das próprias redes sociais, esse hub tem um visual agradável e uma fluidez interessante.
Vale destacar ainda que a interface consome pouca memória do aparelho. Em nossos testes, sem nenhum app em segundo plano, o One M8 conseguia operar consumindo algo entre 750 e 880 MB de um total de 2 GB de RAM. Esse número é muito bom, principalmente se levarmos em conta outros top de linha de 2014, que raramente deixam mais de 1 GB de RAM sobrando para o usuário nessas condições.
Aparelho desempenha tarefas simples, como leitura de notícias, e complexas, como jogos, sem titubear
Desempenho
Em nossos testes, utilizamos o HTC One M8 em uma série de situações, inclusive de alto nível stress e também de uso casual. Podemos dizer que ele se saiu muito bem em praticamente todas essas circunstâncias e não titubeou ao rodar games pesados, como Batmam: Arkham Origins. Mesmo assim, conseguimos perceber um pouco de calor na traseira do aparelho, que fica mais em evidência por conta da carcaça de metal.
As especificações, sem sombra de dúvidas, estão entre as melhores que você pode conseguir em aparelhos deste ano, sem contar os que ainda estão para ser lançados e não têm detalhes oficiais revelados.
Para título de comparação, ao usar o One M8 e o Galaxy S5 lado a lado, é possível perceber que o dispositivo da HTC tem um desempenho muito melhor na sua interface e até em tarefas comuns, como na alternância entre apps abertos e muitas outras situações. Isso avaliando apenas a percepção do usuário ao manejar o dispositivo. No fim das contas, podemos dizer que ele é bastante ágil.
Benchmarks
Para a realização desta análise, submetemos o HTC One M8 a cinco aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 4, Basemark X, GFX Bench (T-Rex HD Off Screen e T-Rex HD On Screen) e Vellamo Mobile Benchmark (HTML 5 e Metal).
3D Mark (Ice Storm Unlimited)
O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
AnTuTu Benchmark 4
Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 4 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Basemark X
O Basemark X tem como foco principal mensurar a qualidade gráfica dos dispositivos. Baseado na engine Unity 4, o app aplica testes de alta densidade, mostrando qual dos aparelhos se sai melhor na execução de jogos. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
GFX Bench
O GFX Bench é voltado para mensurar a qualidade gráfica. Isso inclui itens como estabilidade de desempenho, qualidade de renderização e consumo de energia. Os resultados são revelados em média de frames por segundo (fps). Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Vellamo Mobile Benchmark
O Vellamo Mobile Benchmark aplica dois testes ao aparelho: HTML5 e Metal. No primeiro deles é avaliado o desempenho do celular no acesso direto à internet via browser. Já no teste Metal, o número final indica a performance do processador. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.
Bateria
A bateria One M8 é outro de seus pontos fortes. Ela conta com uma capacidade bastante similar ao que vemos em outros aparelhos top de linha das concorrentes, mas o seu desempenho está bem acima da média. Em nossos testes, levamos o HTC One M8 para uma viagem de dois dias.
Nessa experiência, o usamos para ouvir música na estrada, jogar ocasionalmente alguns games simples como Timberman e principalmente fazer fotografias e vídeos (mais de 100 capturas). Fora isso, mantivemos a rede de dados o tempo todo ligada e também navegamos na web pelo WiFi. Ou seja, o dispositivo foi mais exigido do que ele seria no dia a dia. Mesmo assim, a bateria do HTC estava com algo em torno de 15% na hora de voltar para casa.
Mais fino, mas com bateria melhor
Em um teste mais metódico, ele conseguiu ficar executando um vídeo 1080p por streaming por quase cinco horas direto, com WiFi ligado e luminosidade no máximo. Quando sua carga finalmente terminou, aparelho estava um tanto quente, quase como se tivéssemos passado por período de jogatina intenso.
Apesar do calor, essa é uma marca respeitável. Assim, é seguro dizer que este aparelho não vai deixar você na mão quando o assunto é bateria, principalmente quando ele receber o Android L, que deve possuir melhoramentos significativos para economizar energia.
Câmeras
Diferente da maioria dos smartphones do mercado, este aparelho possui um sistema de câmeras bastante peculiar. Ele possui dois sensores na parte traseira que funcionam como uma câmera principal e mais uma câmera na frente para selfies de 5 MP. O sistema traseiro possui 4 ultrapixels, uma tecnologia que equivale a mais ou menos 16 MP de câmeras tradicionais.
Esses ultrapixels são a solução da HTC para fazer fotos no escuro. Em nossos testes, é notável a diferença entre o HTC e outros aparelhos com câmeras comuns ao fazer fotos com pouca luz. Essa tecnologia utilizada no sistema de câmeras traseiro consegue permitir a entrada de mais luz nos sensores porque os pixels são maiores que o normal.
Os resultados são bem interessantes, e fotografar pessoas em baladas, festas noturnas ou mesmo em bares é uma tarefa bem agradável com o HTC One M8.
À luz do dia, entretanto, a coisa se inverte. Não parece haver alguma forma de impedir que muita luz entre no dispositivo quando o sol está forte. Algumas de nossas fotos ficaram com elementos estourados, com aquela cor de superexposição ao sol, mesmo com o sol tímido do inverno paranaense.
Fora isso, a interface da câmera é interessante e bem tradicional. Há um botão para fotografar no fundo da tela e menus laterais para você fazer algumas configurações e até mesmo aplicar filtros nas imagens antes de fotografar. Impressiona ainda a rapidez da captura. Você clica e a foto está pronta, quase instantaneamente.
Podemos falar ainda das fotos em 360°, que são simples de fazer, porém trabalhosas, já que é necessário fazer várias capturas. Apesar disso, o processo é bem automatizado e você deve apenas girar em torno de si mesmo e o celular faz o resto do trabalho. Os resultados são imagens muito boas, provavelmente entre as melhores 360° que você poderá ver feitas com um celular.
Áudio
Nesse departamento, o HTC One M8 não decepciona, mesmo com um legado imenso para carregar inaugurado pelo modelo anterior. A versão M7 do One tinha a parte de áudio feita em parceria com a Beats, tanto que os fones de ouvido eram da marca e havia uma estampa indicando isso na traseira do dispositivo.
O M8 não possui mais esse áudio Beats, mas isso não quer dizer que essa dimensão do smartphone foi prejudicada. Pelo contrário. O novo aparelho teve uma melhora sutil em seus alto-falantes, que ficaram um pouco maiores. O fato de eles estarem posicionados sempre de frente para o usuário gera uma experiência muito agradável, difícil de ser replicada em outros aparelhos top de linha disponíveis por aí.
Contudo, os fones de ouvido do One M8 não são tão bons quanto os do M7. Os dois acessórios são intra-auriculares, uma condição que não ajuda muito na qualidade do som. Mesmo assim, os fones da Beats conseguiam ser um pouco melhores que os da HTC vendidos com o One M8.
Importação
Como já mencionamos no início, este smartphone não pode ser adquirido por meios tradicionais no Brasil. Claro que é possível encontrá-lo em sites como o Mercado Livre, por exemplo, mas a maneira mais confiável é pedir para alguém trazê-lo do exterior para você ou ir até lá buscar. Ainda assim, é necessário ficar bem atento com a questão da compatibilidade das redes 3G e 4G.
Um HTC One comprado nos EUA, por exemplo, pode não ter a frequência do LTE do Brasil e, na pior das hipóteses, nem mesmo a do 3G. Ainda assim, o modelo que testamos, adquirido em Taiwan, possuía praticamente todas as frequências utilizadas mundo afora, inclusive a brasileira. Contudo, para ter certeza, confira com sua operadora qual a faixa de frequência utilizada por ela e, quando for fazer a compra do HTC One M8 no exterior, confira na parte de trás da caixa se essa frequência está presente nas especificações.
Assim como a primeira geração do One, o novo modelo também não é vendido aqui
Fora isso, não é preciso ficar preocupado com a possibilidade de a Anatel bloquear o IMEI do seu smartphone importado. Como a HTC já operou no Brasil e é uma marca confiável, mesmo sem homologação por aqui, o dispositivo funciona sem problemas.
É interessante ainda lembrar que a interface do smartphone não conta com o português brasileiro, somente o de Portugal. Fora isso, os modelos de tomada do carregador também podem ser um incômodo, dependendo do país de origem do aparelho.
Vale a pena?
Responder essa pergunta é bem difícil, principalmente por se tratar de um smartphone que não é vendido oficialmente no Brasil. Trazê-lo para cá gera custos adicionais que não podemos calcular e há também pequenos probleminhas que podem acontecer no que diz respeito à compatibilidade de rede e idioma. Mesmo assim, se você estiver de malas prontas para a América do Norte, Europa ou para regiões da Ásia banhadas pelo Oceano Pacifico, vale sim a pena comprar o dispositivo se gostou das suas particularidades.
Ele não deve nada aos seus concorrentes e, em alguns quesitos, até supera aparelhos elogiados internacionalmente, como o GS5. A personalização da interface do Android é branda e não deve trazer problemas, se assemelhando até ao que vemos na linha Nexus da Google e Moto da Motorola.
A bateria do One M8 dura muito, o seu sistema de som é ótimo, a tela é muito espaçosa e gera boas imagens, seu design e desempenho estão entre os melhores da sua geração e ele aparenta ser bem durável. Por outro lado, seu sistema de câmeras traseiro, apesar de ser inovador, pode não ser tão bom para fotos durante um dia com muito sol. Podem ainda haver complicações quanto à importação, mas isso é algo que pode ser contornado.
Por fim, seu preço oficial nos EUA, por exemplo, é bem similar ao de seus concorrentes desbloqueados e sem contratos com operadoras. Mundialmente, está sendo vendido por valores entre US$ 600 e US$ 700 (R$ 1.377 e R$ 1.600) sem impostos. Assim, se você tem os meios de importar o HTC One M8 para o Brasil e está precisando de um smartphone novo, este dispositivo é uma ótima escolha, principalmente se levarmos em conta sua durabilidade, qualidade de hardware e software e também seus diferenciais.
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