Você já parou para se perguntar como o seu GPS sabe quais ruas você precisa seguir para chegar até o seu destino? Como os mapas sabem que você pode virar em uma rua ou fazer o contorno em determinado lugar e não em outro?
Apesar de ter os melhores aparelhos, os mapas da Garmin não são muito bons. Qual é a diferença entre o software e o hardware? (Fonte da imagem: Reprodução/Garmin)
Como muitos equipamentos do cotidiano, nós nos acostumamos com o GPS e nem paramos mais para pensar como é que ele sabe tanto, mesmo sendo apenas uma máquina. Para que você entenda um pouco mais sobre este assunto, separamos algumas curiosidades sobre a montagem e a distribuição dos mapas que você usa no seu aparelho.
Como funciona um mapa de GPS
Antes de mostrar como os mapas são feitos, você precisa entender que existem vários modelos de aparelhos e cada um deles contém o seu mapa próprio ou usa um serviço licenciado. Por isso, é importante comprar um bom equipamento, de uma marca confiável, já que eles costumam ter dados muito melhores e são atualizados com mais frequência.
Escolha o seu GPS pela qualidade do mapa ou pela possibilidade de colocar um mapa melhor. (Fonte da imagem: Reprodução)
Sim, é preciso atualizar periodicamente o seu GPS! A malha viária de uma cidade ou país muda com bastante frequência — para você ter uma ideia, aproximadamente 20% do volume de ruas e estradas do país sofre algum tipo de alteração durante um ano — e é preciso que o seu aparelho esteja sempre com a última versão instalada.
Isso acontece porque, na maior parte dos casos, o seu aparelho de GPS é apenas um navegador. Ou seja, os mapas instalados não são atualizados em tempo real, e o equipamento funciona apenas com dados previamente inseridos.
GPS x Navegador
Quando se fala em GPS, as pessoas quase sempre pensam em um aparelho retangular com uma telinha que mostra a rota, muitas vezes guiando o motorista em voz alta. Durante este artigo nós também vamos chamar esse gadget de GPS, porém tecnicamente o termo correto é navegador.
Aparelhos com propósitos — e preços — muito diferentes. (Fonte da imagem: Reprodução/Garmin)
A diferença entre os dois, além do formato, é o uso. GPS é um aparelho que permite dizer exatamente o ponto geográfico em que alguém se encontra no mundo, com uma precisão incrível. Ele possui bússola e outras ferramentas e é mais usado por aventureiros e praticantes do geocaching, por exemplo, podendo chegar a custar mais de R$ 2 mil, dependendo da marca.
Já o navegador permite, com um mapa atualizado instalado, guiar o utilizador de um ponto até outro. Esses navegadores usados nos carros possuem uma precisão bem menor do que o GPS de mão, mas isso não chega a ser um problema para o propósito que ele é usado. Um bom navegador pode custar entre 500 e 1000 reais, aproximadamente, dependendo do modelo e da marca.
Como são feitos os mapas para GPS
Agora que você já sabe um pouco sobre o funcionamento de um GPS, é hora de entender como os mapas são criados e funcionam tão bem, já que praticamente toda a diferença entre um navegador bom e um ruim está ai. É claro que o hardware faz diferença, mas não adianta muito um bom equipamento e um software ruim ou um mapa incompleto.
Existem várias maneiras de se criar um mapa para GPS e cada empresa usa um método, porém em geral o processo é manual — pelo menos em partes — e feito por pessoas reais, que andam pelas ruas mapeando as cidades.
O Projeto Tracksource é totalmente colaborativo e voluntário. (Fonte da imagem: Reprodução/Projeto Tracksource)
E quem são essas pessoas? Um interessante projeto de mapeamento desse tipo é o Tracksource, o grupo que cria e atualiza mapas de todo o Brasil. São centenas de pessoas, desde desenvolvedores até programadores, que usam o seu tempo livre para fazer isso, disponibilizando gratuitamente os mapas que são gerados.
Trabalho colaborativo
O projeto Tracksource é um grupo 100% colaborativo e voluntário, isto é, ninguém ganha nada para ajudar a desenvolver os mapas e programas usados. Esse projeto começou em 2002 para resolver um problema sério: na época, os mapas que vinham nos aparelhos eram muito simples e ruins.
Atualmente existem centenas de pessoas trabalhando de graça para desenvolver os mapas do projeto Tracksource de diversas formas: desenvolvedores municipais e estaduais, que viajam, colhem e editam os dados; os compiladores que organizam as informações de forma nacional; os programadores que desenvolvem as ferramentas necessárias e os coordenadores — que muitas vezes são desenvolvedores e compiladores também.
Conforme já foi mencionado, o método de trabalho para se fazer o mapeamento muda um pouco de acordo com o desenvolvedor, porém o princípio é o mesmo. Nós conversamos com um desenvolvedor municipal do projeto Tracksource e trouxemos com exclusividade detalhes do processo que é utilizado para criar o maior mapa de GPS do país.
Identificação e coleta
Cada cidade possui um desenvolvedor, que pode ser encarregado de mais do que um município, inclusive. Essa pessoa é a responsável por atualizar e completar o máximo possível o mapa daquela região, identificando mudanças em ruas e pontos importantes e colocando essas alterações no mapa final.
Isso é feito em várias etapas e varia de acordo com a pessoa, mas geralmente os desenvolvedores usam o seu tempo livre para viajar pela região, andar pela cidade, encontrar estradas de terra nas redondezas e reunir tudo isso usando um GPS para traçar as rotas.
Rota traçada usando um GPS e transferida para o software de edição. (Fonte da imagem: Reprodução/GPS TrackMaker)
Nessa coleta de dados, ele cria — muitas vezes com a ajuda de uma antena externa — um arquivo que contém exatamente a rota feita pelo carro. Nesse mesmo momento é preciso também anotar os pontos de interesse (POIs) do local, para inserir depois como informação no mapa. Esses pontos são farmácias, praças, igrejas, comércios principais, postos de saúde e hospitais, postos policiais, pedágios, semáforos, radares etc.
Edição e compilação
Depois que os dados foram coletados, é hora de colocar tudo isso no mapa. Essa etapa conta com a ajuda de um software externo e de ferramentas criadas por programadores parceiros do projeto. Dessa forma, não apenas as pessoas que colhem os dados são importantes, mas cada um ajuda em uma área.
Os desenvolvedores usam as "tracks" (as rotas que foram traçadas usando o GPS) como uma referência na hora da montagem, usando ferramentas como o Google Earth, o Google Street View e até mapas em CAD fornecidos pelas prefeituras para que seja possível redesenhar as rotas manualmente e preparar o mapa para a compilação.
A edição é feita manualmente pelo desenvolvedor. (Fonte da imagem: Reprodução/Projeto Tracksource)
A edição é minuciosa e deve incluir todos os POIs corretamente, de acordo com um padrão, para que, quando você procurar uma farmácia ou outro estabelecimento no seu GPS, ele saiba exatamente para onde guiar o seu carro.
Depois de editado, o desenvolvedor manda as informações para um compilador, uma pessoa que é responsável por juntar todos os mapas de uma região, observando as fronteiras para que não haja descontinuidades no mapa, entre outros problemas.
Isso é feito praticamente todos os dias por um compilador estadual, de acordo com os mapas enviados pelos desenvolvedores. Uma vez por mês essas regiões são unidas nacionalmente para que o mapa final seja disponibilizado para os usuários.
Durante todo o processo, várias validações são feitas para garantir o melhor mapa para o usuário final. A cada mês, uma atualização é disponibilizada no site do projeto Tracksource e pode ser baixada e utilizada gratuitamente em navegadores Garmin e celulares e tablets com o aplicativo Navitel.
Rota mais rápida x rota mais curta
Você pode não saber, mas os bons mapas possuem informação da qualidade da via, por exemplo, uma rua de terra possui uma marcação própria, assim como as ruas pequenas, as principais e as avenidas. Isso é usado para calcular a rota mais rápida para o seu carro.
Por isso, é recomendado deixar o seu GPS configurado para achar a rota mais rápida, e não a mais curta. Na segunda opção, ele ignora os dados sobre a qualidade das vias e você pode acabar gastando muito mais tempo no trajeto, passando por ruas lentas, bairros perigosos etc. A rota mais rápida busca avenidas principais e ruas preferenciais, agilizando o deslocamento.
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