Como já dissemos em outros artigos, escolher a placa-mãe para o seu computador é sempre uma tarefa complicada, mesmo que você tenha um certo conhecimento sobre hardware. Isso porque muitos modelos são parecidos, e é preciso procurar nos mínimos detalhes as diferenças.
A Gigabyte é uma marca bem tradicional e fornece para o mercado componentes que geralmente apresentam uma ótima relação custo x benefício. Dessa vez, a empresa está trazendo um modelo desenvolvido para o mercado gamer com uma vantagem bem interessante: essa é a primeira placa-mãe gamer fabricada no Brasil.
Uma das vantagens disso é o valor: como há incentivo para a produção local, produtos montados aqui possuem um preço mais acessível. A linha Gaming oferece recursos especiais para máquinas de jogos, como um chip de rede com mais qualidade, sistema de som mais poderoso etc. O selo G1 foi lançado pela empresa em 2010 para identificar os componentes focados em recursos desenvolvidos especialmente para os jogadores.
Nós testamos essa placa e vamos mostrar o que ela pode fazer.
Especificações
Design
A Gigabyte H97M-Gaming 3 vem no formato Mini-ATX. Isso significa que ela é relativamente pequena e com menos slots de expansão. Ao todo são dois slots PCI Express x16, sendo que um deles trabalha com velocidade máxima de 4x. Ela também possui dois slots PCI Express x1, dedicados à conexão de hardware específico.
Essa placa funciona com o CrossFireX da AMD, mas não com o SLI (por causa do chipset H97). A única desvantagem é que, como essa MB não foi exatamente projetada para o uso de mais de uma placa de vídeo, pode ser difícil adicionar a segunda GPU, principalmente por causa dos conectores da placa-mãe que ficam muito próximos do segundo slot PCI Express X16.
Visualmente falando, essa placa é bem simples, mas nem por isso deixa de apresentar elementos elegantes. Um exemplo são os dissipadores de calor da região do processador. Construídos em alumínio e na cor vermelha, eles contrastam bem com o restante da placa. Ainda, se olharmos de perto podemos ver as aletas do dissipador formando a sigla “G1”, o principal selo gamer da Gigabyte.
Assim como outros modelos dessa marca, essa placa também possui os componentes de áudio separados fisicamente do restante, com o objetivo de evitar interferências. Essa trilha é iluminada com LEDs vermelhos, e isso dá um visual bem legal para o conjunto.
Essa placa não é a mais indicada para overclocks, já que possui menos fases de alimentação para a CPU que outros modelos da empresa, como as placas da linha “Overclocking”, por exemplo. Além disso, essa é uma limitação imposta pelo chipset H97, que fornece menos ferramentas que o seu irmão mais próximo, o Z97.
Para completar, esse modelo também leva o selo “Ultra Durable”, que garante maior durabilidade à placa-mãe devido aos componentes de maior qualidade e outros recursos, como o soquete do processador que possui pinos construídos com cinco vezes mais ouro para garantir a longevidade do sistema.
Recursos especiais para jogadores
Por se tratar de uma placa-mãe destinada ao público gamer, esse modelo vem com uma série de características específicas para esse mercado. Um dos exemplos é o chip de rede Killer E2200. Produzido pela Qualcomm, esse controlador gigabit oferece conexões mais estáveis (com menor latência) durante a jogatina online, e, para quem joga, isso pode fazer toda a diferença.
O som também é um aspecto de muita importância para os jogadores, seja para garantir a imersão durante as partidas ou para que os lutadores possam identificar os inimigos com mais facilidade no mapa.
Para isso, a Gigabyte construiu um sistema com duas características importantes: o hardware e o software. A parte de hardware é construída de forma independente do restante da placa. Isso é importante, pois componentes eletrônicos tendem a causar interferências uns nos outros, podendo acarretar perda de qualidade no sistema de som.
Além de o circuito ser separado dos demais componentes da placa, os canais de áudio também são independentes. Cada um deles passa por uma camada diferente da PCB com o objetivo de eliminar o crosstalk (diafonia) do som.
Para tornar a experiência ainda mais satisfatória, a Gigabyte incluiu suporte ao sistema de som Sound Blaster X-Fi MB3, um conjunto de programas que ajudam no processamento de áudio, aplicando recursos e tecnologias importantes para garantir a qualidade da experiência sonora.
A trilha iluminada separa os componentes de áudio do restante.
Chipset Intel H97
O Chipset H97 é bem parecido com o seu irmão mais próximo, o Z97. A principal diferença entre eles é que o Z97 facilita a vida na hora dos overclocks por permitir que o multiplicador seja ajustado independentemente. Já no H97, a única forma de fazer overclock é ajustando diretamente a frequência, o que pode ter efeitos negativos sobre memória e vídeo integrado, por exemplo.
A segunda diferença principal é que o H97 não consegue “dividir” as linhas PCI Express como o Z97. Isso impossibilita sistemas com SLI, mas não atrapalha o CrossFireX, já que a tecnologia da AMD funciona de forma diferente.
De resto, os dois chipsets são similares: seis portas SATA 6 Gbps, 14 portas USB (sendo 6 compatíveis com o protocolo 3.0) e suporte ao Sata Express e M.2. Além disso, o H97 também já é compatível com a quinta geração de processadores Intel Core, que ainda não chegaram ao mercado.
Gigabyte App Center
O App Center é uma central de aplicativos desenvolvida para garantir o controle total sobre a placa-mãe, assim como já vimos na análise da Gigabyte Z97-D3H. O software é uma espécie de hub que concentra uma série de aplicativos diferentes, cada um com uma função específica.
Um dos apps que acompanham o sistema é o LiveUpdate, um software que busca por atualizações dos programas e de drivers instalados no sistema. Como ele centraliza os recursos, fica fácil manter tudo atualizado.
O EasyTune é o software de gerenciamento completo dessa placa-mãe. Ele possibilita o controle total de todas as funções mais importantes, inclusive overclocks. Nesse ponto, a Gigabyte incluiu diversas opções interessantes que visam descomplicar a vida de quem quer ganhar um pouco mais de desempenho, mas não tem conhecimento suficiente para realizar modificações mais ousadas.
O Smart QuickBoost oferece diversas opções de overclock, cada uma direcionada a um perfil específico. Ao todo são quatro opções principais: light, médio, extremo e de baixo consumo energético. As opções podem ser configuradas de modo automático ou manual, através do botão “advanced”.
Vale lembrar que algumas opções de overclock estão desativadas no sistema devido ao chipset utilizado na placa-mãe.
Já o Auto Tunning é um modo automático que faz uma análise de todo o hardware da máquina antes de realizar uma série de ajustes também automáticos para encontrar o melhor desempenho possível para o seu PC.
Outro item incluído no AppCenter é o Smart Fan (ou simplesmente ventilador inteligente, em tradução livre). O nome é autoexplicativo: aqui você pode definir o estilo de funcionamento dos coolers. Essa configuração agora fica dentro do item “System Information Viewer”, que também mostra o status do sistema como temperaturas, tensões e outros ajustes.
As opções não são muito diferentes do tradicional: modo silencioso, padrão e extremo. O diferencial fica por conta da possibilidade de calibragem automática que regula o giro de acordo com a necessidade do sistema. Para completar, temos o modo avançado, que disponibiliza um ajuste totalmente personalizado do cooler.
O AppCenter também apresenta o @BIOS, um aplicativo que tem por objetivo principal atualizar a BIOS da placa-mãe. As opções são bastante completas, possibilitando que você faça o download a partir de algum servidor da Gigabyte ou atualize a partir de um arquivo previamente baixado.
Já o Cloud Station é um sistema que oferece o acesso remoto ao PC através de um tablet ou smartphone, permitindo que você tenha total controle da máquina e possa até mesmo compartilhar arquivos pela rede.
Para os jogadores, a Gigabyte incluiu o Game Controller, um aplicativo que tem por objetivo a configuração de hotkeys, macros e a sensibilidade do mouse nos jogos. Você pode definir uma tecla “Sniper”, que diminui a velocidade do ponteiro do mouse quando pressionada, por exemplo.
Esse aplicativo é interessante, mas apenas se você não tiver um mouse e um teclado gamer, pois esses periféricos geralmente já acompanham aplicativos de configuração próprios para essas finalidades.
BIOS
O BIOS UEFI empregado pela Gigabyte é bastante completo e amigável. A tela inicial permite a seleção de idioma, o que inclui, é claro, o português. Depois disso, temos acesso aos menus de configuração em telas bastante intuitivas.
Quem também não sabe como se virar em uma tela assim não precisa se preocupar, já que quase todos os itens trazem uma caixa de texto com uma explicação na tela quando estamos no modo “Smart Tweak”.
Os itens são separados por abas, e as laterais fornecem informações sobre o sistema, como o status de funcionamento dos dispositivos instalados. O modelo mais tradicional de BIOS (Classic) também está disponível para os mais conservadores. Você pode fazer essa alteração no momento em que desejar.
Testes de desempenho
Nós fizemos alguns testes com essa placa-mãe. O objetivo é ver como ela se comporta durante a realização de atividades específicas, como jogos, benchmarks, transferência de dados, entre outros. Alguns critérios devem ser respeitados durante os testes: a placa não deve travar, esquentar muito ou deixar de executar alguma função desejada.
Máquina utilizada nos testes
- CPU: Intel Core i7-4790K @ 4 GHz;
- Memória: 16 GB RAM dual-channel G. Skill Sniper DDR3 @1.600 MHz;
- Placa de vídeo: NVIDIA GeForce GTX 780 Ti;
- SSD: Kingston HyperX 3K 480 GB;
- SSD: Samsung 840 PRO Series 256 GB;
- HD: 3 TB Seagate ST3000M001;
- Fonte: Corsair AX1500i.
Vídeo/GPU
O principal item que dita o desempenho de uma máquina nos jogos é a placa de vídeo. Porém, a placa-mãe precisa ser capaz de suportar a transferência de dados entre os componentes e promover a perfeita harmonia entre eles. Deste modo, escolhemos testar diversos títulos diferentes, cada um com um motor gráfico e exigências distintas.
Sintéticos
Os benchmarks sintéticos realizam uma série de testes predeterminados em um script. A ideia é forçar o hardware até os seus limites máximos para ver o poder total dos componentes. O 3DMark realiza testes gráficos, já o PCMark é focado em testes mistos, que simulam desde o uso mais tradicional de um computador, com navegação na internet, até a reprodução de filmes e outras tarefas.
CPU
Assim como nos games, é preciso testar o processamento dos dados dos aplicativos. Para ver se a placa dá conta do recado, trabalhamos com testes de processamento de vídeo, encriptação de dados e capacidade de o sistema lidar com processos multithread.
Transferência de dados
O chipset é apenas um dos itens que determina a qualidade da transferência de dados entre os sistemas de armazenamento. Além dele, uma série de componentes presentes na motherboard deve garantir que os arquivos sejam lidos/gravados sem problemas.
Memória
A placa-mãe precisa garantir que a memória funcione de forma adequada no sistema. É ela quem gerencia o fornecimento de energia e a atividade dos módulos, além de permitir que eles utilizem perfis de alto desempenho (XMP). O MaxxMEM² é um aplicativo de testes que mede a velocidade da memória em 4 categorias diferentes: cópia, leitura, escrita e latência. O PC Wizard faz testes similares, mas utiliza uma abordagem diferente e, no final, define um valor em pontos para o sistema. Com isso é possível comparar a máquina com outros equipamentos.
LAN
As placas-mãe são responsáveis por garantir a conexão de rede, seja com a internet ou com outras máquinas. Para saber quais são os limites da interface de rede, utilizamos o Lan Speed Test Lite, um aplicativo que foi criado para medir as taxas de transferência através da interface de rede. O programa cria um arquivo de tamanho determinado e o transfere pela rede até outra máquina para encontrar essas informações.
Consumo energético
O teste de consumo é feito medindo o quanto a placa-mãe está “puxando” da rede elétrica. Para isso, utilizamos um wattímetro entre o cabo de energia e a tomada. Para estressar a placa, rodamos um aplicativo de stress que faz o processador e a placa de vídeo trabalharem no limite de sua capacidade. O segundo teste é feito com o sistema em repouso, com todos os aplicativos fechados e o computador ligado no sistema operacional, sem realizar nenhuma tarefa.
Vale a pena?
Sem sombra de dúvidas, ver que a Gigabyte está investindo na fabricação de placas-mãe gamer em solo brasileiro mostra que a empresa está focada em oferecer mais possibilidades a preços mais competitivos aqui dentro. Essa categoria, até então, era 100% importada.
A H97M-Gaming 3 é relativamente simples, mas nem por isso deixa de apresentar destaques como o sistema de som e rede, que mostraram bons resultados nos testes.
O chipset H97 não aceita configurações SLI nem permite overclocks com tanta facilidade, por isso ela é mais indicada para quem tem a intenção de trabalhar com apenas uma placa de vídeo na máquina e pretende economizar na placa-mãe. Caso a sua vontade seja ter mais de uma placa de vídeo, talvez seja melhor investir um pouco mais e buscar uma placa com o Z97.
Em termos de desempenho bruto, esse modelo não apresenta grandes diferenças em relação a placas com o Z97, como pudemos conferir nos testes. Isso faz desse modelo uma ótima alternativa a quem busca uma placa com selo gamer, mas não tem a intenção de gastar muito.
A suíte de aplicativos da placa tem pontos bem positivos, como o Game Controller e as ferramentas de monitoramento. O Cloud Station também é interessante para quem gosta de ter mais controle sobre sua máquina. Já o EasyTune perdeu alguns de seus atrativos nessa placa-mãe devido às limitações do H97.
Segundo a Gigabyte, o modelo brasileiro poderá ser encontrado nas lojas a partir de fevereiro. O preço sugerido para a versão importada, até o momento, é de algo em torno de R$ 550, mas esse valor deve cair quando a versão nacional chegar ao mercado.
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