Por muitos anos, tivemos a oportunidade de acompanhar as principais desenvolvedoras de produtos, de hardware e de softwares investindo pesado em novidades para melhorar a experiência de uso com os computadores. Na tentativa de torná-los mais amigáveis, rápidos e versáteis, as empresas lançaram uma série de utilidades que facilitaram nossa vida.
Hoje, temos PCs com processadores quad-core, placas gráficas com dois chips, muita memória, sistemas recheados de recursos, uma enormidade de periféricos (webcam, joysticks e outros) e softwares inteligentes. Todavia, considerando o uso-padrão do PC, o que de fato mudou dos tempos do Windows 95 para cá?
(Fonte da imagem: Divulgação/Intel)
Se você analisar, ainda usamos o mouse e o teclado como principais controladores. Tudo bem, mais recentemente, começamos a receber notebooks com tela sensível ao toque. Contudo, no que depender da Intel e da AMD, em breve, vamos utilizar o PC de forma intuitiva e sem grandes esforços. Neste artigo, vamos falar sobre um novo conceito: a computação perceptiva.
Um novo conceito não tão novo
Ano passado, a Intel anunciou que estava trabalhando em uma nova tecnologia que deveria melhorar a percepção das máquinas. Para simplificar bem as coisas, podemos dizer que essa novidade poderá interpretar movimentos, reconhecer rostos e compreender comandos de voz para facilitar a realização de tarefas básicas no computador.
Falando assim, até parece que estamos falando de um Kinect para computador. Pois é. De fato, a nova “computação perceptiva” da Intel não passa de uma adaptação do que a Microsoft inventou previamente para o Xbox 360. Mas se é uma adaptação, o que de fato muda?
Primeiro, devemos salientar que o hardware não é tão diferente. Segundo a notícia do Digital Trends, para aproveitar os novos recursos, é preciso usar um periférico externo. A nova tecnologia funciona com base em uma webcam especial (capaz de rastrear o movimento dos olhos). Esse periférico pode funcionar com uma única porta USB e custa menos do que o Kinect.
Conforme as primeiras demonstrações da Intel, nos computadores, a computação perceptiva seria uma tecnologia revolucionária para interagir durante a jogatina. Com ela, não seria mais necessário mouse, teclado e joystick, pois suas mãos seriam os novos controles.
(Fonte da imagem: Reprodução/Intel)
Outro diferencial da computação perceptiva consiste na capacidade avançada de detectar faces, podendo inclusive capturar o movimento dos olhos. Em teoria, você poderia jogar “Onde está o Wally?” usando apenas a visão e a fala, sendo que o PC se encarregaria de processar o movimento dos seus olhos e realizaria ações através dos comandos de voz.
A AMD também aposta na computação perceptiva
Assim como a Intel está apostando em um novo modo de utilização dos computadores, a AMD também quer entrar na onda. Conforme as informações reveladas durante a CES 2013, a tecnologia da AMD pode aparecer em breve em diversos notebooks, facilitando a navegação no sistema, em páginas da web e até mesmo na realização do login.
Ao visualizar o vídeo divulgado no evento, podemos verificar em quais situações a computação perceptiva seria útil. Diferente da Intel, a AMD começa apostando em um sistema de login baseado na face do utilizador e na navegação em aplicativos com o movimento das mãos (sendo possível inclusive usar gestos para colocar a TV em comunicação com o PC).
O principal diferencial da AMD, no entanto, consiste na possibilidade de usar a computação perceptiva com a câmera que já vem embutida nos notebooks. Essa característica colocaria a fabricante um pouco à frente da Intel, visto que seria possível utilizar novos recursos sem precisar adquirir um dispositivo específico para as funcionalidades.
Por ora, a AMD não comentou nada sobre jogos com sua nova tecnologia, mas, considerando que o hardware tem capacidades avançadas de percepção, não duvidamos que os notebooks com chips da fabricante possam trabalhar com joguinhos baseados nos movimentos das mãos e dos olhos.
Muito mais do que simples jogos
Falando tudo isso, parece que estamos realmente falando de um Kinect para computadores, mas a Intel promete que muito mais está por vir. Segundo o texto da VentureBeat, a novidade pode ser útil em chats com vídeo (facilitando a exibição de slides, a adição de conteúdo e o compartilhamento de informações).
Além disso, podemos ver utilidade na área da segurança. Com a computação perceptiva, a Intel garante que muitas pessoas vão evitar problemas, visto que elas não precisarão mais utilizar a velha senha “123456” (combinação comum em muitas contas de email).
Conforme a notícia da Forbes, a nova tecnologia permitiria efetuar o login com seu rosto, oferecendo algo semelhante ao que vemos em alguns aparelhos Android. A diferença consistiria na velocidade maior de processamento e na capacidade de detectar mais detalhes da face, evitando que uma fotografia pudesse ser utilizada no desbloqueio.
O site da Intel ainda tem alguns vídeos que podem sugerir outras aplicações. A navegação em aplicativos tridimensionais com o uso dos movimentos das mãos poderia facilitar a exploração do conteúdo e oferecer interatividade na área dos estudos.
É interessante notar que a computação perceptiva não deve ser restrita apenas aos PCs, porém também poderá ser integrada a diversos gadgets e outros tipos de computadores. Confira algumas aplicações sugeridas pelo site Forbes:
- Pela entonação da sua voz, seu computador doméstico pode determinar quando você está entediado e limitar o volume da música;
- Detectando desespero, um computador no seu carro poderia automaticamente realizar uma chamada para o número de emergência;
- Se o seu PC verifica que alguém estranho está usando o sistema, ele automaticamente captura uma imagem da pessoa e envia uma foto para seu email;
- O reconhecimento de voz poderia ser quase perfeito com a combinação de voz e a leitura labial de um software.
Talvez em um futuro muito distante...
Filmes como “Homem de Ferro”, “Minority Report” e tantos outros já nos convenceram de que essa novidade faz parte do nosso futuro. No entanto, apesar de parecer revolucionária, a computação perceptiva talvez não seja tão prática e aplicável em um primeiro momento.
Basta pensarmos no tremendo alarde que foi feito em torno do Kinect, um escândalo que não levou a nada além de alguns poucos jogos que não demonstram perfeição. Hoje, o periférico da Microsoft virou referência por oferecer grande facilidade nos jogos de dança, mas mesmo os aplicativos para PCs baseados nesse acessório não demonstraram grande utilidade.
Por fim, devemos salientar que as tecnologias da AMD e Intel desenvolvidas de forma paralela são saudáveis para aumentar a competividade, mas tais sistemas de desenvolvimento podem ser prejudiciais para o consumidor. Com duas formas de pensar diferente, teremos jogos, aplicativos e recursos que serão exclusivos de uma ou outra plataforma.
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