De acordo com um estudo publicado pelo Facebook ontem, os usuários da rede social não estão completamente isolados em uma “bolha ideológica” como já foi especulado no passado. A pesquisa foi liderada por Eytan Bakshy e analisou dados de pouco mais de 10 milhões de usuários norte-americanos entre julho de 2014 e janeiro de 2015. Todas as pessoas pesquisadas foram mantidas no anonimato.
Em 2011, um palestrante do TED chamado Eli Pariser comentou que viver em uma dessas bolhas ideológicas pode ser prejudicial. Ele explicou que sempre tentou conhecer os argumentos de seus amigos conservadores, sendo ele um liberal, mas de uma hora para outra, as postagens ideológicas dessas pessoas desapareceram do seu feed de notícias. Isso praticamente teria o blindado de toda opinião contrária à sua.
E no Brasil?
Tanto o estudo quanto a declaração de Pariser são referentes ao que acontece nos EUA. Ainda assim, é possível perceber algo semelhante acontecendo no Facebook dos brasileiros. Nas últimas eleições presidenciais, por exemplo, as pessoas achavam que seus candidatos se dariam muito melhor no resultado final das urnas por apenas avaliar quanta gente falava sobre eles no Facebook.
O próprio Facebook admitiu em seu estudo que a grande maioria do que aprece no feed de notícia das pessoas já está alinhado com o que elas gostam. Dessa forma, opiniões contrárias às delas ou para as quais elas não dão bola simplesmente vão deixando de aparecer com o tempo. Essa situação é basicamente a bolha ideológica da qual fala Pariser.
Ainda assim, os dados da rede social comprovaram que isso não acontece de forma tão intensa assim. Em geral, pouco mais de um quarto (29,5%) de todas as postagens que aparecem no feed de notícias dos usuários não está de acordo com a ideologia deles. Isso porque cerca de 23% dos amigos das pessoas pesquisadas tem opiniões contrárias em vários níveis.
O estudo diz que, mesmo esse conteúdo contrário aparecendo para os usuários, eles raramente clicam nisso. Ou seja, a culpa do isolamento na bolha ideológica não é só do Facebook, mas também dos próprios usuários.
Em 2012, a rede social fez uma pesquisa semelhante em relação ao tema e descobriu que, mesmo o algoritmo do feed de notícias selecionando muitas postagens das pessoas mais próximas de você para mostrar, a maior parte do conteúdo vinha sempre de amigos mais distantes.
Você pode conferir o artigo científico em inglês deste estudo publicado na Science aqui. O blog do Facebook também publicou um resumo da pesquisa.