Se antes o Adblock Plus era uma ferramenta essencial para quem queria navegar pela web sem ser incomodado por anúncios em excesso ou intrusivos e era tido como um grande inimigo para as empresas cuja renda dependia de banners e outras propagandas, agora ele pode estar prestes a “mudar de lado”. Isso porque, a partir de agora, a extensão para navegadores deve se associar a parceiros comerciais para começar a exibir sua própria seleção de anúncios aos internautas – levando uma porcentagem dos ganhos no processo, é claro.
A ideia é que, em vez de limpar completamente os sites de imagens e vídeos indesejados, o ABP passe a substituí-los por ads considerados mais aceitáveis para o público. Como funcionaria isso exatamente? De acordo com um comunicado da Eeyo – a empresa responsável pelo desenvolvimento do plugin –, a ferramenta vai detectar automaticamente anúncios considerados feios ou grandes demais e trocar todos eles por produções menos agressivas dentro do acervo da companhia.
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Segundo Ben Williams, diretor de comunicação e operações do Adblock Plus, essa é uma maneira de lidar com a situação e de gerar monetização dentro das próprias regras da categoria. Afinal, desde pelo menos 2011, a extensão trabalha com um sistema que libera anúncios previamente aprovados mesmo se o internauta tiver selecionado o bloqueio completo de conteúdo publicitário em seu browser. O mecanismo permite que as marcas continuem a explorar o setor se estiverem adequadas aos formatos “aceitáveis” do ABP.
O problema é que, mesmo tendo a faca e o queijo na mão e podendo fazer esses tipos de exigências para cima dos anunciantes, a própria companhia reconheceu que todo o processo era burocrático demais e dificultava possíveis novos negócios. Agora, com essa espécie de marketplace para anúncios, a brincadeira deve ficar consideravelmente mais fácil para portais e parceiros, já que basta inserir algumas poucas linhas de código nos sites para que a exibição de anúncios recomendados funcione adequadamente.
Quase ninguém está feliz com esse primeiro passo
Com essa nova estratégia, a ideia é que as publishers fiquem com 80% da receita dos anúncios, enquanto o restante é dividido entre uma série de partes envolvidas na distribuição das peças – incluindo o ABP, que fica com 6% desses ganhos. Apesar de parecer ser um bom negócio para quem, antes, não recebia nada com produções que eram completamente bloqueadas pelo plugin, o cenário ainda é desfavorável para muitas empresas.
Em primeiro lugar, os banners que se encaixam nas restrições da desenvolvedora geram muito menos dinheiro que as peças tradicionais – mais chamativas ou colocadas em zonas quentes das páginas. Além disso, muitas das companhias ainda se sentem como se estivessem pagando uma taxa para superar uma barreira artificial criada para dificultar seu trabalho, algo que ficaria bem próximo do nosso conceito de “criar problemas para depois vender soluções”.
Muitas das companhias ainda se sentem como se estivessem pagando uma taxa para superar uma barreira artificial criada para dificultar seu trabalho
Para Williams, no entanto, esse tipo de situação aconteceria com ou sem a participação da empresa no mercado, e, portanto, a atual proposta é vista como a mais satisfatória para driblar o bloqueio em massa realizado até o momento. O Beta desse sistema começou nesta terça-feira (13), e o lançamento oficial do marketplace deve ser feito até o final do ano – depois de reuniões e concessões entre as partes envolvidas no segmento. E aí, você aprova a presença de anúncios mais amenos nos sites ou fica incomodado com esse tipo de acordo?
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