Se você achava que Stephen Hawking e o bilionário russo Yuri Milner iam parar em seu projeto de 100 milhões de dólares para encontrar extraterrestres, é melhor pensar de novo. Em um anúncio oficial, a dupla afirmou ter mais um plano incrivelmente ambicioso: lançar uma nave capaz de alcançar Alpha Centauri – nosso Sistema Solar vizinho localizado a “apenas” 4 anos-luz de distância –, ainda dentro de nosso tempo de vida.
Parece loucura? Nem tanto, na verdade.
A novidade foi revelada durante uma conferência feita pelo grupo Breakthrough Starshot, cujo quadro de executivos inclui figurões como Mark Zuckerberg, além de Milner e Hawking. Durante uma apresentação feita ontem (12), a companhia lançou a iniciativa Project Starshot, que tem como objetivo construir uma “nanonave” ultraleve, movida por uma vela especial, capaz de atingir velocidades maiores do que qualquer outro veículo já feito.
E quão absurdas seriam as velocidades alcançadas por essa minúscula sonda? De acordo com a empresa, ela será capaz de chegar a até 160 milhões de quilômetros por hora. Isso equivale a 20% da velocidade da luz, o que, por sua vez, significa que a viagem até Alpha Centauri levaria aproximadamente 20 anos.
Sim, ainda é um longo tempo de espera. Mas isso nem se compara ao que teríamos de aguardar em uma viagem feita com uma espaçonave atual, que é mais de mil vezes mais lenta.
O sistema de Alpha Centauri pode ser o mais próximo de nós, mas ainda está a uma distância inacreditavelmente grande para nossas tecnologias, que mal alcançam o fim de nosso próprio Sistema Solar
Nem de longe uma coisa de ficção científica
O mais impressionante disso tudo é que criar algo assim não é algo completamente impensável. Segundo Milner, boa parte da tecnologia necessária já existe; o resto, por sua vez, não está muito distante de ser alcançado.
A vela da nave, por exemplo, é uma lightsail – uma vela que usa o “sopro” da luz para se deslocar. Esse conceito pode parecer algo completamente alienígena, mas é na verdade a mesma tecnologia presente em naves ativas no espaço.
Para ser impulsionada, a sonda contará com a ajuda de um conjunto poderoso de lasers instalados na Terra, capazes de gerar 100 Gigawatts de força. Pense que isso é tanta energia quanto aquela usada no lançamento de um ônibus espacial, mas sendo exercida em um objeto incrivelmente menor.
Quando pronta para operar, a nanonave deve ter uma aparência semelhante a essa
Apesar de ser pequena o suficiente para caber na palma da mão, a nave vai contar com um conjunto de tecnologias essenciais para a exploração desse sistema. Entre eles, teremos câmeras, equipamentos de navegação e comunicação, propulsores de fótons e, é claro, uma fonte de energia para carregar tudo isso.
Um projeto ambicioso, ainda assim
Não pense, contudo, que esse é um plano completamente perfeito. Além das tecnologias que ainda precisam ser desenvolvidas para a criação da nanosonda, é praticamente impossível prever com perfeição uma viagem tão longa – quem dirá então criar um caminho sem riscos de que a sonda seja “abatida” no meio do trajeto.
“O espaço entre aqui e Alpha Centauri não é vazio”, disse o físico Freeman Dyson durante o evento. “Há milhares de objetos entre eles”, continuou ele, citando o maior risco da viagem.
Tão complicado quanto isso, vale notar, é conseguir criar um sistema de comunicação que possa transmitir informações para nós de distâncias tão absurdas (e preferencialmente sem termos que esperar anos para cada nova mensagem).
A Terra é um lugar maravilhoso, mas ela pode não durar para sempre. Cedo ou tarde, nós teremos que nos voltar para as estrelas
Para Stephen Hawking, no entanto, essa viagem não é uma questão simplesmente de explorar o espaço, mas de nos levar um passo à frente de levar a humanidade para além do nosso planeta. “A Terra é um lugar maravilhoso, mas ela pode não durar para sempre. Cedo ou tarde, nós teremos que nos voltar para as estrelas. A Brekthrough Starshot é um primeiro passo bastante animador nessa jornada”, declarou.
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