Conhecido como um dos YouTubers mais famosos do Brasil, Eduardo “BRKsEDU” Benvenuti recentemente aceitou uma difícil missão dentro do mundo dos video games. Eleito como o capitão da seleção nacional na Copa do Mundo de Overwatch, o brasileiro, que atualmente vive no Canadá, passou por uma longa seção de treinamento e representou o país na competição oficial da Blizzard no início desta semana.
O resultado, no entanto, não foi muito feliz: a seleção brasileira terminou com três derrotas na fase de grupos contra os times da Suécia, da Espanha e do Canadá. Com isso, o país foi eliminado do torneio, mas o evento continua na próxima sexta-feira (4) diretamente da BlizzCon 2016, nos Estados Unidos.
Para contar um pouco mais sobre essa experiência, o TecMundo Games conversou rapidamente com o próprio BRKsEDU para saber como foi a preparação, as emoções do evento e quais erros ele considerou como cruciais para a desclassificação. Mesmo sob uma chuva de críticas de muitos jogadores e fãs de eSport, o YouTuber mostrou que se preparou muito para representar o país — e que vai continuar dando suporte para o Overwatch crescer cada vez mais nas competições pelo Brasil.
YouTuber foi selecionado para ser o capitão da seleção brasileira na Copa do Mundo de Overwatch
TecMundo Games: O que você achou mais difícil nas partidas contra os demais países?
Eduardo “BRKsEDU” Benvenuti: Confesso que tanto eu quanto os demais do time não achamos os adversários tão difíceis quanto imaginávamos, ao menos não em relação a skills individuais. O diferencial dos times contra os quais jogamos era a comunicação, coesão e conhecimento tático. No nosso caso, o que deu errado foi nossa falta de coesão e a falta de um shot-caller experiente.
Nota: "shot-caller" é o jogador que faz as chamadas de ação (calls) para o time acompanhar. Geralmente é o capitão ou o competidor mais experiente que percebe as brechas na seleção adversária e avisa o que a equipe precisa fazer para vencer.
TecMundo Games: Como era a comunicação entre a equipe durante os confrontos?
BRKsEDU: Comunicação foi nosso ponto fraco, na minha opinião. Não é culpa individual de ninguém do time, mas faltou comunicação mais constante e também calls mais precisas. Muitas coisas que acusaram de serem erros individuais, em especial em relação ao uso de habilidades, na verdade eram erros de time por calls falhas ou tardias.
Comunicação foi nosso ponto fraco, na minha opinião.
TecMundo Games: Qual foi o momento mais incrível e o momento mais tenso para você durante a participação na Copa do Mundo?
BRKsEDU: O momento mais incrível para mim na Copa foi o Team Kill que demos na Suécia em Anubis. O momento mais tenso foi a quase captura do segundo ponto de Anubis contra a Suécia, no qual por questão de milissegundos não conseguimos sucesso.
TecMundo Games: Você jogou com o Lúcio, que é um dos personagens mais escolhidos pela sua eficiência nas partidas. E você também jogou de forma segura e consistente com ele! Como foi a preparação para assumir essa função de suporte em uma equipe? Que instruções os companheiros da sua equipe te passaram para realizar bem essa posição?
BRKsEDU: O Lúcio é um dos heróis mais utilizados no Overwatch pois seu speed boost é praticamente essencial em todas as composições de time. Além disso, a aura de cura não faz milagre, porém ajuda a todos, e ele tem grande potencial de sobrevivência por ser pequeno e ter a habilidade do wall-ride.
Optamos por eu jogar de Lúcio por ser um personagem que eu já dominava. Minha preparação envolveu jogar bastante de Lúcio, mas, principalmente, estudar o personagem através de VOD's (replays) de profissionais. Em equipe, nós decidimos como e quando eu deveria ultar e que posicionamento eu deveria tomar durante as partidas.
TecMundo Games: Você sentiu alguma pressão por ser escolhido em primeiro lugar na votação?
BRKsEDU: Sinceramente, minha pressão era mais de eu conseguir ajudar a comunidade e me aproximar mais dos profissionais do que de realizar uma perfomance em alto nível. Então, na hora de jogar, eu me senti bastante à vontade.
TecMundo Games: Você também teve um "gostinho" de como é ser um competidor no mundo dos eSports. Que dificuldades você percebeu para alguém que vive nessa posição?
BRKsEDU: A parte mais ingrata de ter jogado com profissionais foi ver eu e meus colegas sendo julgados individualmente por erros cometidos em equipe. Por exemplo, tanto eu quanto o Insanityz fomos criticados por ults nossas nas quais erramos, porém foram erros que cometemos em equipe, seja com calls atrasadas ou com estratégias erradas que adotamos em grupo.
Em relação ao gameplay em si, a maior dificuldade é a adaptação ao clima muito mais intenso e rápido de jogo. Um engage (ataque) de jogo normal leva certas vezes mais de 20 segundos, porém em ambiente profissional muitas vezes dura menos de 5 segundos, e há bem menos espaço para erros.
A comunidade de profissionais me recebeu extremamente bem. Vamos continuar em contato para levantar o cenário.
TecMundo Games: O cenário profissional de Overwatch está crescendo aos poucos no Brasil, mas ainda não temos ligas tão grandes como em Counter-Strike ou League of Legends. Você acha que isso impactou de alguma forma na Copa do Mundo?
BRKsEDU: Na verdade, o único motivo pelo qual a Copa do Mundo está sendo realizada é o fato do Overwatch ainda não ter sua liga própria. Isso certamente vai mudar. A Copa cumpriu seu papel de ser um evento de celebração e divulgação do jogo. Há mais por vir, porém no cenário competitivo / profissional, não mais em celebração.
Vale notar que cada território tem suas necessidades e limitações, não há como comparar um país como a Coréia do Sul, com economia desenvolvida e cenário de eSports estabelecido, com o Brasil e o Chile.
Copa do Mundo de Overwatch vai até o próximo sábado, mas o Brasil já está desclassificado
TecMundo Games: Depois de tudo, que lições ficaram para você?
BRKsEDU: Do meu lado, eu aprendi que os jogadores competitivos de Overwatch no Brasil são fantásticos. A comunidade de profissionais me recebeu extremamente bem. Vamos continuar em contato para levantar o cenário.
Reparei também que há muita ignorância entre jogadores que se consideram competitivos, mas que não fazem parte de fato do cenário. E que estes acabam trazendo um comportamento tóxico, que prejudica a comunidade.
No momento, precisamos eliminar o comportamento tóxico e a ignorância dessa pequena parcela que prejudica o cenário. Depois, continuar trabalhando junto dos profissionais para que eles possam evoluir e trazer visibilidade e exposição para os times para que eles se tornem financeiramente sustentáveis, através de patrocinadores e premiações.
A Copa cumpriu seu papel de ser um evento de celebração e divulgação do jogo.
TecMundo Games: Aqui vai uma pergunta final bônus... Quem você acha que vai levar essa Copa do Mundo?
BRKsEDU: Não tenho dúvidas de que a Coréia do Sul ganha. Sabemos disso desde antes do primeiro jogo da Copa... Eles simplesmente foram incríveis durante o período de treinamento.
O brasileiro Lúcio é um dos personagens mais escolhidos dentro do game pela sua mobilidade e eficiência, oferecendo cura e velocidade para todos os aliados
A Copa do Mundo de Overwatch volta nesta sexta-feira (4), durante a conferência mundial da BlizzCon 2016. Além desse jogo, a Blizzard realiza as finais mundiais de Heroes of the Storm, Hearthstone: Heroes of Warcraft, StarCraft II: Legacy of the Void e World of Warcraft: Legion durante o evento. Você confere aqui todas as novidades que podem aparecer na BlizzCon 2016.
Especial eSports: Entenda tudo sobre o mundo dos video games competitivos na matéria completa do TecMundo Games!
Via TecMundo Games.