Os fãs de eSports talvez concordem comigo: uma partida profissional de League of Legends pode ser extremamente chata de assistir. Rotações constantes entre os jogadores trazem minutos longos de movimentação puramente estratégica, sem ação alguma. Além disso, uma disputa pode ser decidida em questão de duas ou três jogadas já no início ou no meio do jogo. Com isso, a vantagem é tão grande que acompanhamos o desfecho muitas vezes para não perder alguma virada incrível.
Por outro lado, os games profissionais não tem obrigação de serem emocionantes o tempo todo. Os competidores estão lá para ganhar, não para entregar um espetáculo ao público. Mas, em um cenário onde a ação constante de Counter-Strike: Global Offensive domina cada vez mais a televisão, é bem provável que a jogabilidade lenta e cuidadosa de League of Legends e de Hearthstone: Heroes of Warcraft fiquem atrás de outros jogos menos complicados e mais fáceis de emocionar a plateia.
Desde que comecei a acompanhar os eSports — lá em 2007 — eu sempre considerei Counter-Strike como um dos games mais convidativos para grandes partidas e emocionantes viradas. Além disso, este é um dos jogos menos complicados para uma plateia leiga entender a ação na tela. Afinal, você não precisa ser um verdadeiro especialista em video games para saber que o time que está matando é quem está na vantagem. A estratégia, no entanto, é algo que se capta com o tempo acompanhando o game.
Counter-Strike: simples e fácil de entender
Essas são, inclusive, as mesmas características encontradas em títulos de luta como Street Fighter e Mortal Kombat. Você sabe quem está ganhando por uma simples barra de vida. Você também percebe que cada novo “round” é também uma nova oportunidade para uma virada incrível. Ou não lembra da grande virada de Daigo?
Até poucos dias atrás, eu considerava estes jogos como os mais divertidos e emocionantes para qualquer plateia de eSports. Depois de muitas sugestões, eu também acompanhei mais de perto outro game que me surpreendeu e muito nesses quesitos — a tal ponto de conseguir superar este meu ranking exposto anteriormente. E este jogo é Rocket League.
É até estranho como uma mistura entre futebol e corrida consegue ser tão divertida em todos os sentidos. Dentro do jogo, você pode realizar as jogadas mais loucas e imprevisíveis. Fora da partida, também se surpreende com um game rápido e com profissionais fazendo os gols e as defesas mais impressionantes — e tudo isso dentro de um limite de cinco minutos.
Rocket League é um jogo extremamente dinâmico e divertido — até para quem só está assistindo!
Além de tudo, este é um game extremamente fácil de entender. É como um jogo de futebol em que os jogadores voam sem parar (Shaolin Soccer?). A bola dita a ação e, no fim, é o placar quem define a liderança. Simples e sem complexidade para ninguém.
Rocket League surpreende cada vez mais os fãs de eSports. Ele mostra como um torcedor pode se emocionar sem entender estratégias complexas e dúzias de itens e habilidades — um dos exemplos claros de como os video games ainda são capazes de trazer diversão rápida e, da mesma forma, extremamente competitiva. É uma das recomendações que deixo aos fãs de jogos e games profissionais.
Mas vale a pena lembrar que, embora o sucesso da simplicidade seja evidente, League of Legends continuará como um dos títulos mais fortes dos video games competitivos. O MOBA ainda tem uma complexidade grande para o público, mas é a paixão da comunidade que movimenta e alimenta um game dentro do cenário profissional.
Afinal, o mesmo acontece com o futebol americano: poucos por aqui entendem suas regras, mas ele ainda é um sucesso estrondoso dentro do cenário norte-americano. E, convenhamos: eles sabem fazer um verdadeiro show dentro e fora do campo. Basta olhar um Super Bowl para comprovar isso. Por sorte, os games já seguem esse rumo — e nós, a plateia, agradecemos muito por isso.
O Match Point é um espaço no TecMundo e no TecMundo Games dedicado para discutir o eSport e os games competitivos toda sexta-feira, trazendo também estratégias, curiosidades, campeonatos e jogadas inesquecíveis dos mais diversos títulos. O colunista Maximilian Rox acompanha o cenário há mais de oito anos como jogador, redator, manager e entusiasta por toda essa trajetória.
League of Legends é um dos games mais complexos dentro dos eSports, mas ainda assim é um dos mais assistidos entre os fãs
Replay da semana
A recomendação de replay desta semana se manterá no Rocket League. Para mostrar que o cenário profissional do game é cheio de jogadas belas, separei algumas das partidas da Rocket League Championship Series (RLCS), o circuito profissional organizado pelo próprio estúdio Psyonix.
A partida em destaque, logo abaixo, mostra exatamente o ponto sugerido pela coluna: mesmo sendo o primeiro contato com o jogo, é possível entender perfeitamente a ação dos jogadores. As jogadas que se desenvolvem são emocionantes e inesperadas, contando com gols bonitos e defesas excepcionais pelos jogadores.
E sempre há a possibilidade de virada inesperada, mesmo em uma partida de menos de cinco minutos.
O replay em questão é da fase de grupos da última seletiva da RLCS norte-americana entre dois dos melhores times do cenário (Kings of Urban e Genesis). Caso queira acompanhar mais partidas profissionais de Rocket League, aqui vão mais algumas sugestões:
- Kings of Urban vs. Genesis (Seletiva da RLCS 2016) | Replays: partida 1 / partida 4 / partida 5
- Genesis vs. iBUYPOWER (Seletiva da RLCS 2016) | Replays: partida 1 / partida 2 / partida 3 / partida 4 / partida 5
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