Erro 404: personagens que já eram hipsters antes de ser moda [ilustração]

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Eles estão em toda parte... Estão caminhando com sandálias nova-iorquinas, pedalando bicicletas restauradas que encontraram na garagem do avô, vivendo a dualidade entre ser vegetariano e fingir uma idolatria pelo bacon e até mesmo curtindo um show de post-pop-sub-death-techno-eletro-indie-forró-rock em alguma casa de shows com cheiro de mofo — mofo de garrafa, porque na verdade a construção é novinha.

Poderíamos estar falando de qualquer hipster, mas estamos falando de alguns hipsters específicos: os hipsters que fugiram da fama dos quadrinhos e jogos de video games. Está curioso para saber quais foram os motivos que fizeram eles desistirem da vida de autógrafos e missões perigosas? E o que eles estão fazendo agora? As respostas para tudo isso estão aqui mesmo neste artigo.

Batman: o notívago

Ele se cansou de ser um empresário multibilionário depois de realizar uma consulta espiritual com um dos maiores gurus que Gotham City já conheceu. Passou cinco anos viajando pelo mundo a bordo de um bat-iate e, enfim, voltou para os Estados Unidos com as energias renovadas. Tendo descoberto a própria essência em uma saga que parecia interminável, Batman agora é um poeta.

Inspirado pela literatura dos escritores beatnik, Batman divide suas noites entre recitais de poesia em clubes secretos e combate ao crime. Ou melhor: combater o que ele acha que é crime. Há relatos de que o antigo super-herói ficou um pouco maluco e hoje em dia só persegue pessoas que não seguem as mesmas tendências que ele — incluindo o uso de sandálias de bambu e os cachecóis até no calor.

O problema é que ele também anda perseguindo algumas pessoas que seguem a mesma moda que ele — fazendo questionamentos, chamando de “modinha” e dizendo que só quem gostava “antes de ser cool” é que pode fazer isso. Semana passada ele partiu em uma nova viagem e postou no Facebook: “Partindo para o desapego! Chega de pertencer ao que nos pertence! #abaixomaterialismo”.

Link: ele odeia repórteres

“Você atrapalhou o meu café dinamarquês com açúcar orgânico das Filipinas para me chamar de Zelda?” Foi assim que começou — e terminou — a última entrevista que Link deu para um canal de televisão, cerca de cinco anos atrás. Desde então ele nunca mais foi visto pela grande mídia e tudo o que sabemos dele chega até nós por meio de telegramas e cartas datilografadas enviados por alguns de seus amigos mais próximos.

Segundo algumas dessas fontes, hoje Link passa boa parte de seu tempo sentado na floresta e compondo músicas em sua ocarina. Ele não pretende mais batalhar contra inimigos — a não ser jornalistas e pessoas que colocam adoçante no café expresso, o que é um crime que deveria resultar em dez anos de reclusão na Colônia Penal Hipster da Rua Augusta, em São Paulo.

Zelda Link poderia ser resumido em poucas palavras: café, ocarina, reclusão, poesia medieval e tatuagens de Tri-Force. Mas como todo hipster, ele não gosta de ser resumido e prefere dizer que é “uma manifestação plural de todas as experiências físicas e metafísicas às quais foi submetido enquanto corpo existente na estrutura terrestre do que chamamos de presente obtuso”.

Pois é, a gente também não entendeu!

Blanka: o ruivo “irlandês”

No “Quem sou Eu” do Orkut, ele se define como “um homem natural e verdadeiro, que caiu de um avião sobre uma região de florestas quando ainda era criança! Criado por animais selvagens, aprendi desde cedo o valor e a importância de um grande bigode na estrutura social à qual somos subjugados!”. Ou seja, ele é mais um hipster que pensa que é filósofo.

Blanka gosta de ser misterioso. Poucos sabem se ele é norte-americano, brasileiro ou boliviano, mas ele gosta de dizer que veio da Irlanda — é assim que justifica os cabelos ruivos, mesmo com todo mundo sabendo que ele pinta as madeixas com água de salsicha. Blanka é um homem bom, mas às vezes incomoda os outros com sua constante necessidade de atenção.

Ah, não podemos nos esquecer de dizer que ele é um autêntico vegano. Depois de ser criado com animais, ele descobriu que é possível viver sem carne e sem qualquer outro alimento de origem animal. Há algumas pessoas que dizem que isso explica a cor verde na pele dele. Os choques, afirmam os médicos, surgem apenas quando alguém pergunta para ele sobre as proteínas.

Kratos: o ciclista da guerra

Você vai para o trabalho de ônibus ou de carro? Não importa a sua resposta, ela está errada para Kratos, o ciclista da guerra — “a guerra que é o trânsito caótico possuído por espíritos malignos que dominam os motoristas”, segundo o próprio. Se você estiver perto de um ciclista, não faça com que ele seja fechado ou derrubado! Há grandes chances de ele ser o Kratos, e aí “o seu retrovisor não será perdoado!”.

Na semana passada ele aproveitou o tempo bom para cruzar toda a Grécia em sua bicicleta de roda fixa. Como não podia ser diferente, ele abusou dos poderes musculares para bater todos os recordes do Strava e agora ele é o KOM (Rei da Montanha) de todo o Olimpo. Na verdade, o aplicativo acabou de ser atualizado e o atribuiu o GOM (Deus da Montanha) para ser mais digno ao poder das pedaladas do Kratos.

Nas horas vagas, ele toca baixo em uma banda de dance-eletro-funk-rock-metal-goth-post-punk que se prepara para tocar em um festival internacional no ano que vem. A banda é tão hipster que ainda nem possui nome divulgado e já vendeu 20 mil camisetas com a capa do primeiro disco. A maioria dos fãs achou que era uma nova marca de roupas, igual àquela famosa marca Ramones.

Wolverine: o mutante

Nós poderíamos citar o corte de cabelo, as costeletas, as garras, o tapa-olho, os ossos recobertos do adamantium, o fato de ele ser mutante e o mau-humor crônico, mas nós também podemos apenas dizer que ele é um homem “recluso” e isso já é o bastante para convencer qualquer pessoa de que Wolverine é mesmo um hipster. Mas isso não é tudo, que fique claro.

Ele foi convidado para a comunidade “Hipsters de verdade [Só VIPs]” quando pediu demissão dos X-Men alegando que o grupo estava “muito modinha” e que “qualquer mutantezinho” podia fazer parte da equipe. Wolverine chegou a passar alguns meses combatendo inimigos, mas achou melhor se dedicar à carreira de Chef de Cozinha — o que não durou muito, pois ele é um hipster do bacon e colocava bacon em tudo.

Agora, Wolverine decidiu usar as economias que conseguiu guardar para montar um Food Truck. Assim, ele pode ser um hipster mais hipster que os outros hipsters, pois além de se vestir como um caminhoneiro, ele pode também agir como um. Você pode encontrá-lo por aí, pois o Food Truck dele nunca fica mais de um dia na mesma cidade — talvez porque o bacon seja responsável pela morte de muitos jovens, mas ele prefere não dizer.

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Atenção: este artigo faz parte do quadro "Erro 404", publicado semanalmente no Baixaki e TecMundo com o objetivo de trazer um texto divertido aos leitores do site. Algumas das informações publicadas aqui são fictícias, ou seja, não correspondem à realidade.

Ilustrações por: André Tachibana

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